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Qual é a nossa próxima onda?

medina 1Já há algum tempo vimos o Gabriel Medina conquistar seu segundo título de campeão mundial de surfe. Ele comemorou segurando uma bandeira brasileira enquanto era levantado e saudado por seus fãs. Medina já havia vencido a competição em 2014, foi o primeiro brasileiro a conquistar o título, e nesses anos interinos, esteve sempre em ótima posição. Há pouco tempo, entre nossa 1ª, e esta 2ª versão deste artigo, vimos Guilherme Benchimol celebrar a abertura de capital da XP Inc. na Nasdaq em Nova York saudando os investidores com uma bandeira brasileira sobre seus ombros!

Em algumas das várias reportagens sobre essa conquista, do Medina, se reputa a ele um grande trunfo, a “regularidade”. Característica não muito presente em nossa cultura, mas de extrema relevância pois propicia grande segurança na conquista dos objetivos pretendidos. Temos certeza de que com Benchimol nas suas conquistas, tem sido da mesma forma, muita regularidade.xp-investimentos

E enquanto o Medina conquistava seu segundo título em 2018, nosso Brasil se preparava para uma nova onda de recuperação que já começou. Sob novo governo, o Brasil se prepara e busca uma nova onda de recuperação e crescimento econômico, após uma crise que muitos consideram sem precedentes. Essa fama de “crise sem precedentes” somente confirma nossa memória curta, pois antes dessa, a crise que tivemos prestes ao Plano Real também foi “sem precedentes”, e antes dela outras que já nos lembramos mais.

Em 2009, Fabio Giambiagi e Octavio de Barros organizaram um livro- coletânea, intitulado Brasil Pós-Crise, Agenda para Próxima Década. Diferentemente de Medina que conquistou seu segundo título após quatro anos, me parece que o Brasil tomou um tombo na 2ª onda no meio dessa década. Enquanto os Estados Unidos completam 10 anos após a crise de 2008/09 em um momento raro de riqueza e prosperidade, nós no Brasil estamos paupérrimos e buscando um recomeço.

Também há dez anos, a Fundação Dom Cabral lançava o livro “A Ascenção das Multinacionais Brasileiras” (em inglês: “The Rise of Brazilian Multinationals”), coordenado pelos editores Jase Ramsey e André Almeida. Com raras exceções, a maioria dessas empresas brasileiras pesos-pesados que seriam as candidatas a multinacionais, se viram envolvidas nesses 10 anos em fraudes e corrupções, públicas e privadas, de toda sorte e natureza.

Parece que não estamos preparados para as ondas de oportunidades que temos tido e sucumbimos no meio delas de forma visceral. Precisamos sair desse círculo vicioso e buscar um círculo virtuoso neste novo momento de oportunidade que se apresenta diante de nós. Precisamos pegar e nos manter no topo dessa nova onda que surge partindo para uma conquista real e verdadeira. Essa oportunidade está nas mãos de cada um dos brasileiros, empregados, empregadores, empreendedores, dirigentes de empresas, e todos nós. O governo e suas atitudes são muito relevantes, mas são um meio, não um fim em si mesmo. A conquista é e deve ser de cada um.

Em meio a essa década quase perdida desde 2008, as exceções de grandes empresas e empresários que vimos prosperar são poucas, mas louváveis e nos ensinam muito. Impossível não mencionar o grupo mundial ABInBev controlado e dirigido por brasileiros admirados e respeitados mundialmente e que há mais de uma década vinham sendo atacados pela mídia por seus métodos extremamente pragmáticos e objetivos. Ainda enquanto essa crise se formava e tomava o país, um empresário brasileiro também atingiu seu ápice demonstrando sua habilidade de pegar a onda certa não importando o clima em sua volta. Carlos Wizard Martins, consolidou e vendeu a rede de escolas Wizard em 2013 e hoje está de volta ao mercado com vários novos empreendimentos.

Gabriel Medina conquistou seu 2º título da mesma forma enfrentando ondas desafiadoras no mundo todo, em oposição a ficar somente pegando onda no litoral brasileiro. Como cita o artigo, Medina teve regularidade no seu desempenho e venceu, não importando como a onda viesse, e se podemos dizer que se há algo irregular na natureza, esse algo são as ondas do mar! Ter regularidade sobre a irregularidade das ondas, é disso que precisamos no Brasil.xp-investimentos 2

Precisamos que nessa nova onda de oportunidades os empresários e empreendedores brasileiros sejam cada vez mais regulares, cresçam e apareçam no cenário brasileiro e internacional, de forma a se tornarem exemplos admirados e que outros se inspirem e venham buscar o mesmo. Precisamos assumir a responsabilidade de sermos exemplos desse sucesso que o Brasil tanto deseja.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em fevereiro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Precisamos de mais gerentes

60 segundos (2)A cada dia observamos que a importância do papel do gerente aumenta, mas recentemente uma reportagem indicava que nos últimos 10 anos mais de um milhão de vagas de gerentes foram eliminadas. Eliminar a função [de gerente] nos parece um grande erro na gestão empresarial!

Afinal, o que significa a função ou cargo de gerente, ou função e cargo gerencial? Antes, porém, vale lembrar que função e cargo são distintos e se, bem empregados, teremos bons resultados.

Começando pelo cargo, entendemos como aquilo que é ou se tornou incumbência de alguém; um encargo; uma responsabilidade assumida em relação a alguém ou a alguma coisa; uma obrigação. Portanto, cargo está muito mais relacionado com a responsabilidade atribuída àquele que foi incumbido de certo cargo, responsabilizável e até culpável.

Já a função é a ação natural e própria de qualquer coisa [ou atividade]; exercício ou prática de algo, ocupação, ofício, trabalho; uso [ou propósito] a que alguma coisa se destina; o conjunto das ações e atividades atribuídas à, esperadas, ou exigidas de uma pessoa.

Na gestão empresarial precisamos ir além do cargo e da função, é necessário lembrar da importância do papel [que engloba tanto o cargo como a função] do gerente em uma organização. Basta lembrar que gerente é aquele que administra negócios ou serviços; é a função de uma pessoa que tem como responsabilidade a gerência, a gestão, o gerir algo na sua essência.

Notamos que a própria lei trabalhista usa sentenças que denotam a importância do gerente, inclusive considerando-o como cargo de confiança e com respeito ao propósito do gerente.

“assim considerados os exercentes de cargos de gestão”

Se não bastassem tantas evidências para a importância do papel do gerente em todas organizações, lembro-me de uma que, na minha opinião, supera todas as outras: o livro: “O Gerente Minuto”! e agora, “O Novo Gerente Minuto”!

60-segundos onlineEsta edição atualizada, com nova tradução, do best-seller “O Gerente Minuto”, lançado originalmente em 1981, revolucionou o conceito de liderança, que passou a ser associado à agilidade. O mundo mudou muito nas últimas três décadas desde a primeira versão, mas a importância do papel do gerente nas organizações somente aumentou. Hoje, as organizações precisam atuar com maior rapidez e menos recursos para acompanhar as constantes mutações na tecnologia e globalização, e o papel do gerente ainda é de maior importância. Este livro foi traduzido para mais de 35 línguas diferentes e teve mais de 10 milhões de cópias vendidas da primeira versão. Vamos ver até onde vai a segunda versão.

Expandindo um pouco o conceito da função de gerente, temos no novo Dicionário Aurélio o significado da palavra gestão “ato de gerir; gerência, administração”. Qualquer problema que é generalizado, persistente ou sem precedentes é improvável que seja resolvido isoladamente com inteligência artificial. Vamos sempre precisar de um gerente, para gerir, gerenciar ou administrar tais problemas.

O que os gerentes podem, realisticamente, esperar da inteligência artificial é que não seja uma pilha de análises e relatórios, baseados no passado e naquilo que inserimos na sua base anteriormente. Embora tenha havido avanços no processamento e análise de informações, os sistemas informatizados dão suporte à decisão e confirmam a sabedoria comum de que poucas funções de gerenciamento foram ou serão realmente automatizadas. Em vez disso, os aplicativos de inteligência artificial estão sendo desenvolvidos e usados para apoiar o gerente responsável por estabelecer e implementar decisões, em vez de substituí-lo. Em outras palavras, as pessoas em um número crescente de organizações estão usando o que muitas vezes são chamados de sistemas de IA (inteligência artificial) de apoio à decisão para melhorar sua efetividade gerencial.

Podemos notar a importância de uma função, de um papel ou de um cargo nas organizações intensamente discutida, lida e aprendida. Há muitos outros livros que buscam discutir essa função em todas suas facetas e os seus benefícios para as organizações – e ainda se vê notícias de que vagas de gerentes estão sendo eliminadas e foram eliminadas nos últimos 10 anos, maciçamente!

bussola e mapaSão os gerentes nas organizações que mais participam ativamente na gestão das atividades centrais [“core”] de uma empresa, que gerem essas atividades e pessoas no dia a dia, e que, conjuntamente, com suas equipes as executam. Até por essa razão [e muitas outras] os gerentes são considerados cargos de confiança, pois de forma geral são eles os responsáveis pela gestão dos relacionamentos de uma organização com as diversas partes interessadas, internas e externas.

A função gerencial nas organizações é de extrema importância e de muita responsabilidade e, como tal, deve ser tratada dessa forma por todos.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em abril de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A real globalização do mundo está nas pessoas

Globalizacao 1 debris-1974368_1920-copy-1170x508Já há décadas ouvimos, vemos e observamos a chamada globalização. Aparentemente, se evoluiu da internacionalização das corporações para as multinacionais e agora, mais recentemente, temos as chamadas companhias globais. Difícil é ficar dando definições e esclarecimentos para cada um desses carimbos que nós mesmos criamos, mas agora é certo que uma companhia global é muito mais que uma apenas internacional ou multinacional.

Talvez de uma forma simples e direta podemos notar que uma empresa internacional é aquela que vende seus produtos e, eventualmente, compra seus suprimentos internacionalmente para e de mercados além do seu país de origem. Já a empresa multinacional vai um passo além, tem bases estabelecidas em vários locais de outras nacionalidades e como o próprio título expressa, são multinacionais, multinacionalidades.

Por fim, a empresa global, não somente compra e vende ou opera em alguns países além do seu próprio país de origem. Uma empresa global tem sua natureza global prioritariamente pelo destino de seus produtos e serviços e independe da origem de seus suprimentos. Sua natureza global está naqueles que se suprem dessa empresa, de forma local, em todos os locais do mundo. Não preciso citar aqui alguns nomes, pois sei que cada um de nós já percebe e se lembra de vários nomes com essa natureza.

Globalizacao 2 geo-2Os editores Jase Ramsey e André Almeida no livro “The Rise of Brazilian Multinationals”, por meio dos colaboradores do livro, discutem longamente em um dos capítulos a importância cultural na internacionalização de uma empresa. Eles trazem a luz da discussão as teorias sobre esse tema e a interação da cultura com a gestão de uma empresa, seja ela internacional, multinacional ou global. O que vemos já há anos e mais recentemente com a real globalização mundial sustentada pela internet, é que uma empresa global precisa ter pessoas de todas as naturezas, locais, globais, e acima de tudo globalizadas.

São as pessoas que realmente serão capazes de propiciar a uma empresa as condições de serem globais. Os consumidores também serão dessas três naturezas. Teremos os consumidores locais que sequer querem saber a origem da empresa, o que lhes interessa é o produto de boa qualidade, bom preço, e que funcione bem. Já as pessoas globais estão mais alertas para a natureza do produto e pela possibilidade do seu uso e benefício além das fronteiras, pois os consumidores globais consomem localmente e usam globalmente.

Agora os consumidores globalizados, esses são os mais desafiadores e realmente testam a capacidade de uma empresa ser ou não global (e não meramente ser internacional ou multinacional). Esses consumidores globalizados são capazes de consumir (seja produto ou serviço) de forma global, conhecem diversas fontes, vários provedores do mesmo produto ou serviço e são capazes de comparar, testar, e então comprar globalmente. Uma empresa realmente global terá clientes e consumidores com essas características.

Globalzacao 3 conjuncoes_em_inglesEsse fenômeno já tem nome: “Third Culture Kids” ou TCK, cunhado por alguns doutores no assunto. Esses doutores, ao pesquisarem sobre as características dos filhos de militares, diplomatas, acadêmicos, profissionais da indústria privada e outros profissionais, que criam seus filhos em outras culturas, adotaram essa expressão.

Essa terceira cultura não é simplesmente uma junção de culturas a que essa pessoa foi exposta, mas como expõe a autora Lois Bushong, “é um estilo de vida distinto, compartilhado por pessoas que vivem entre culturas, pessoas que se alternam com facilidade entre sociedades e línguas, e tem sua identidade cultural forjada (modelada) nisso.

Companhias globais já têm em seu bojo profissionais com essas caraterísticas e, por isso, têm se tornado globais no fornecimento de produtos e serviços de forma a competir localmente com toda e qualquer empresa local, colocando em risco a tão vangloriada cultura local como alicerce para a sustentação de um negócio.

São os adultos jovens, os adolescentes e as crianças, como consumidores com essa terceira cultura que darão e já estão dando a sustentação dos negócios locais, que tem se modernizado e adotado modelos de negócios transculturais de produtos e serviços e, acima de tudo, de gestão.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em março de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

 

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A busca da autorrealização

Com a chegada e início de um novo ano, muito se discute sobre o que esperar dele. Mas por que ao invés de esperar, não buscamos algo, nesse ano novo que se inicia?a hora de agir

Uma busca constante do ser humano é pela autorrealização. Mesmo que todas as nossas necessidades estejam satisfeitas, podemos até muitas vezes (se não sempre) esperar que um novo descontentamento e agitação se desenvolva.

Como se diz: um músico deve fazer música, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, se cada um deles quiser ser finalmente feliz. Aquilo que um ser humano pode ser, ele deve ser.

Notemos que na teoria da motivação humana de Maslow, a autorrealização está no topo da pirâmide – o ser humano busca antes satisfazer outras quatro necessidades e numa certa ordem de prioridade: primeiro ele satisfaz suas necessidades fisiológicas, depois de segurança, então as necessidades sociais, que depois o leva para a necessidade de autoestima, e finalmente a busca da autorrealização.

Enquanto as três primeiras necessidades, fisiológica, de segurança e social, são aparentemente mais óbvias de se entender e satisfazer, quando caminhamos para as próximas duas, o entendimento e a própria satisfação dessas necessidades se complicam.

As consequências, os reflexos das três primeiras necessidades são mais voltados para o próprio ser humano individualmente, sem um reflexo percebido na sociedade caso não satisfeita. Mas a autoestima é uma necessidade, uma busca, tanto de natureza individual como coletiva, e com grande impacto na sociedade. A conquista ou não da autoestima tem um reflexo muito forte em retorno e com grande impacto em cada um de nós e em toda sociedade.

O trabalho que temos como nossa atividade principal, tem parte significativa na autoestima do ser humano, principalmente pelo seu efeito concreto de ser útil, de se ter valor para algo em prol de alguém ou alguma entidade. E a falta de oportunidade de trabalho para as pessoas afeta toda uma sociedade de forma significativa, inclusive e, principalmente, dificultando seu desenvolvimento e crescimento, tirando concretamente seu ânimo.

Apesar da dificuldade que se vê na busca de trabalho, há oportunidades profissionais associadas às necessidades básicas do ser humano a todo o tempo e em todo lugar. Basta vermos essas oportunidades de fazermos algo melhor nos inúmeros aborrecimentos que enfrentamos no nosso dia a dia: a fila nos bancos, o caixa eletrônico que não funciona e o sistema de internet que cai; os asteriscos espalhados nos contratos e anúncios de ofertas, e até nos cardápios de restaurantes de comida rápida; e tem ainda a entrega atrasada ou que não chega, a assistência técnica que não se encontra disponível ou não resolve nossa necessidade. Não faltam oportunidades de trabalho, talvez falte emprego, mas não falta trabalho a todo tempo.take control

E se o trabalho nos propicia autoestima, por meio dele certamente podemos buscar a autorrealização. Seguramente através dele encontramos de forma mais precisa nossa vocação, aquilo que temos de melhor para nos propiciar a autoestima e a autorrealização.

Então é melhor continuarmos nossa busca pela autoestima e autorrealização neste novo ano do que esperar pelo desconhecido; melhor não deixar a vida nos levar, não deixar ser ou acontecer (don´t let it be) de qualquer forma, mas sim fazer acontecer, buscar neste ano que se inicia ainda mais nossa autoestima e nossa autorrealização.

Quais são nossas ambições, nossos desejos e nossas reais possibilidades para este começo de ano? Estamos buscando poder e influência, retorno financeiro maior, projeção profissional e reconhecimento social, independência e autonomia, segurança e estabilidade. Sempre é bom lembrarmos que não há escolha perfeita.

Não importa nossa preferência para 2018, não devemos esperar por aquilo que o ano novo vai nos trazer, mas sim buscar por aquilo que queremos e que nos propicie autoestima e autorrealização.

E em nossa busca, devemos sempre nos lembrar que os seres humanos não são perfeitos, mesmo as pessoas auto realizadas. Não somos perfeitos, nenhum de nós.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em janeiro de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A busca da felicidade

O-que-é-essaq-tal-felicidade-Claudia-Holter-1O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras. Com este, e vários outros alertas por uma mudança de atitude, Roberto Shinyashiki lançou há mais de uma década o livro “Heróis de Verdade”. À época, a revista Istoé publicou uma entrevista com o autor feita por Camilo Vannuchi, que reputo após mais de 10 anos, ainda tão atual quanto à época da publicação. Reproduzo um extrato dessa entrevista, de forma atualizada para nossos dias, para nossa reflexão.

Em “Heróis de Verdade”, o escritor combate a supervalorização da aparência e diz que o que falta ao Brasil é competência. Shinyashiki defende ainda que há um jogo de aparência que toma conta das corporações e das famílias. Nos parece que, em parte, a crise atual que assola nossa economia tem em seu bojo algo dessa natureza – que na primeira década deste século supervalorizamos nossas expectativas de sucesso e nos faltou competência coletiva para que evitássemos os riscos. Riscos esses que se materializaram e agora causam tantos danos a nossa economia, nossas empresas, nossas famílias.

Para Roberto Shinyashiki nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, precisamos ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. O que se defende como importante é que o filho da pessoa que trabalha para um diretor possa sentir orgulho do pai/mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida e não para impressionar os outros. São pessoas
que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

O resultado da busca pela aparência tem sido um mundo vítima da depressão. Há países em que há mais suicídio do que homicídio. Parte da razão está na depressão das aparências, daquele que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro. Paranoia e depressão estão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e se esquece que a única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ter sido criança, quando criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os pais estão roubando a infância dos filhos.

O mundo corporativo tem se transformado, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o profissional com mais marketing pessoal do que a melhor competência.

Shinyashiki defende que há perguntas sem sentido que são feitas tais como: “qual é seu defeito?” Muitos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal. É exatamente o que o entrevistador quer escutar. Por que será que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar e até em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.

A maioria dos modelos de gestão premia pessoas mal preparadas e criam pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento, de fato. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Não adianta assumir uma função para a qual não se está preparado.

Continuamos valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? Quem vai salvar o time? Quem vai salvar o casamento? Um herói não vai salvar nada! Temos de parar de procurar super-heróis. O super-herói não segura a onda de todos que se consideram um fracassado. Não somos super-heróis um dia nem super-fracassados no outro dia. Acertamos e erramos todos os dias, temos alegria e tristeza todos os dias. Não há nada de errado nisso.

em-busca-da-felicidade-e1451778487993Há mais de 10 anos, Roberto Shinyashiki já dizia que a crise é positiva se as pessoas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é de cada uma delas. Aceitar nossas angústias e inseguranças faz a vida fluir mais facilmente.

Como então as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência? Roberto Shinyashiki nos orienta que o primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas: a primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada, e a terceira é buscar segurança.

Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus, mas que a sociedade tem definido que é certo. São quatro as loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se cada pessoa não tivesse significado individual. A segunda loucura é que cada um tem de estar feliz todos os dias. A terceira é que se tem que comprar tudo o que puder. Por fim, a quarta loucura é ter de fazer as coisas do jeito certo. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.

Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em dezembro de 2017 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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As lições de Hollywood

Nosso dia a dia no mundo dos negócios inclui uma série de conceitos que são amplamente discutidos e promovidos pelos mais variados e renomados palestrantes. Vemos continuamente alguém promover atitudes e comportamentos que certamente vão nos propiciar sucesso em algo que fazemos. Muitos desses hábitos [compostos por atitudes e comportamentos] estão intimamente ligados a nós mesmos e não notamos o que de fato está acontecendo no nosso dia a dia.

Que tal, então, tirarmos proveito de algumas cenas dos filmes de Hollywood para fixarmos melhor alguns hábitos que devemos perseguir no nosso dia a dia? Que tal assistirmos aos filmes com um olhar além do entretenimento e tirarmos grande proveito disso, enquanto nos divertimos?

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Selecionei a seguir três filmes que contém cenas muito interessantes para fixarmos alguns desses conceitos. E, consequentemente nos lembrarmos desses conceitos no nosso dia a dia e podermos concretamente praticá-los. Identifiquei três conceitos que valem a pena reforçarmos: cumprirmos o horário combinado, cumprirmos o cronograma combinado e agradecermos à equipe que nos apoiou.

Cumprir o horário combinado: no filme “A Sentinela” com Michael Douglas e Kiefer Sutherland, em dado momento o agente representado por Sutherland recebe em sua sala, com hora marcada, a agente representada pela atriz Eva Longoria e o diálogo segue:

David Breckinridge [Kiefer Sutherland]: Você está atrasada.

Jill Marin [Eva Longoria]: É um minuto passado [do horário].

David Breckinridge: Sim. E isso te faz [estar] atrasada.

Vale reforçar aqui a frase final do agente David Breckinridge onde ele afirma que sim, um minuto de atraso não deixa de ser um atraso. Quantas e quantas vezes buscamos desculpas para esse atraso, que apesar de ter a aparência de irrelevante, não altera a realidade, pois um minuto de atraso já é atraso.

Cumprir o cronograma combinado: no filme “Star Wars: Episódio VI – O retorno de Jedi”, Darth Vader vai fazer uma inspeção da construção da segunda estrela da morte, e o diálogo em parte segue:

Moff Jerjerrod: Senhor Vader. Este é um prazer inesperado. Somos honrados pela sua presença.

Darth Vader: Você pode dispensar as gentilezas, Comandante. Estou aqui para colocá-lo de volta no cronograma.

Jerjerrod: Garanto-vos, Senhor Vader, que os meus homens estão trabalhando o mais depressa possível.

Vader: Talvez eu possa encontrar novas maneiras de motivá-los.

Jerjerrod: Eu lhe digo que a estação estará operacional conforme planejado.

Vader: O Imperador não compartilha sua avaliação otimista da situação.

Jerjerrod: Mas ele pede o impossível! Preciso de mais homens!

Vader: Então talvez você possa dizer a ele quando ele chegar.

Jerjerrod [alarmado]: O Imperador está vindo aqui?

Vader: Isso é correto, Comandante, e ele está muito descontente com sua aparente falta de progresso.

Jerjerrod: Vamos dobrar nossos esforços.

Vader: Espero que sim, Comandante, por sua causa. O Imperador não é tão indulgente quanto eu.

Vemos no início da conversa que o propósito da visita não era apenas cortesia, mas sim para colocá-los de volta no cronograma. Todo projeto deve ter um cronograma e esse cronograma deve ser cumprido. O melhor será sempre recebermos nossos superiores e clientes para uma visita de cortesia e podermos afirmar que estamos dentro do nosso cronograma.

Agradecer: no filme “Os Mercenários 3”, logo no início, a primeira ação mostra Barney (Sylvester Stallone) e sua turma de mercenários resgatarem Doc (Wesley Snipes), um dos integrantes originais do grupo, que estava preso há oito anos. Logo em seguida, eles devem partir para cumprir uma missão, entretanto, conforme esse primeiro momento se completa, em duas ocasiões há uma circunstância de agradecimento, com um diálogo bem sucinto. O primeiro logo após retornarem a base provisória com o helicóptero de resgate:

Barney para Doc: Ei, você quer agradecer ao pessoal?

Doc para Barney: O pessoal? Onde está nosso pessoal?

E Doc disfarçadamente sai do assunto.

E após decolarem de avião da base provisória, já no avião, novamente:

Barney para Doc: Você agradeceu ao pessoal, que te ajudou? Diga alguma coisa.

Doc para o pessoal: Ouçam! Já se passou um longo tempo desde que eu tive uma razão para dizer obrigado … então eu só quero … vocês sabem … obrigado!

Um filme sem nenhuma pretensão visível nos traz de forma tão simples, a importância de agradecermos por algo que nos fizeram, por mais difícil que pareça.

Então temos aí três hábitos [compostos por atitudes e comportamentos], de grande valor no nosso dia a dia, tanto profissional como pessoal, de cumprir o horário combinado, cumprir o cronograma combinado e agradecer pelo trabalho feito.

 

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Profissões em alta nos últimos 500 anos

Muito se tem falado, escrito e ensinado neste século sobre carreiras. Afinal, uma grande parte de nossa vida será vivida trabalhando, então, que seja em algo bom e proveitoso. Muito se tem feito também para orientar os jovens a escolherem bem sua formação, sua profissão e terem uma carreira profissional de sucesso.

Enquanto sucesso pode ter significado diferente para cada um de nós, trabalhar tem significado muito semelhante a todos. Já tem sido discutido e ensinado pelos psicólogos que o trabalho tem parte significativa na autoestima do ser humano, principalmente pelo seu efeito concreto de ser útil, de se ter valor para algo em prol de alguém ou alguma coisa. Notadamente, se ouve que pessoas que viveram muito, trabalharam até seus últimos dias de vida e, certamente, isso lhes deu mais vida e maior realização.

No livro de Walter Isaacson sobre a vida de Einstein, conta-se que até suas últimas horas de vida ele ainda estava desenvolvendo suas teorias. Foram encontradas folhas de estudo caídas no chão ao lado se sua cama no hospital logo após ele falecer.

flat,800x800,075,fContinuamente estamos ouvindo sobre grandes mudanças no mundo, que tudo vai mudar nos próximos anos e que muitas profissões deixarão de existir. Porém, tenho muita dificuldade em aceitar integralmente essas afirmações. A maioria das profissões permanece a mesma há muitos anos e são seculares, o que varia são as características e as especialidades delas, que se desencadeiam em atividades diferentes dentro de um mesmo ramo profissional.

A medicina, por exemplo. Não faltam relatos históricos de médicos há muitos séculos. Um deles inclusive escreveu um evangelho relatando a vida de Jesus, o médico Lucas, há mais de 2.000 anos atrás. Há também o livro “O Físico”, de Noah Gordon, que conta a história de um homem para quem o bem-estar da humanidade vem em primeiro lugar. O livro, erroneamente traduzido, uma vez que o título original “The Physician” se traduziria para “O Médico”, se tornou muito famoso. Este livro é mais um indicativo dessa fascinante profissão que já existe há séculos e que não vai acabar tão cedo, pois enquanto existirem pessoas, existirão médicos.

A engenharia. Há muitas evidências de que a origem dessa profissão se mistura com a história das civilizações, como disse o engenheiro Nízio José Cabral em plenária no CREA, fazendo valer a frase célebre entre os profissionais da área: “A história da civilização é a história da engenharia”. As evidências incluem principalmente as edificações antigas e que subsistem até os dias de hoje, e as grandiosidades da engenharia moderna que inclusive levaram o homem à lua. A importância dos engenheiros foi longamente exposta por uma reportagem há alguns anos intitulada “A falta que bons engenheiros fazem”, na revista Exame. Uma ótima base para nossa reflexão sobre mais uma profissão secular e que produz tanto impacto positivo em nossas vidas.

A advocacia. Quem não se lembra do filme de muito sucesso chamado “Advogado do Diabo”, sobre uma profissão que encontramos em todo lugar? Quem também não se lembra de Scott Turow, advogado e escritor de vários livros com versões traduzidas e vendidas em milhões de cópias, e que inclusive teve vários dos seus livros reproduzidos em filmes? Quem nunca teve nenhum contato com um advogado, certamente ainda terá. Toda vez que sentimos nossos direitos abusados, buscamos sempre um advogado para defendê-los. A formação de um advogado inclui saber profundamente as leis e os usos e costumes de um povo, para que possam exercer sua profissão da melhor forma. Tem-se na Grécia e no Império Romano as raízes do Direito e as origens da advocacia. Não me parece haver dúvidas da necessidade humana do advogado, profissional que já existe há séculos e que vamos continuar precisando por muito tempo.

A contabilidade. Recentemente vimos no cinema o filme “O contador”, que usa uma profissão – algumas vezes tida como sem qualquer emoção, se transformar em um excelente filme de ação com muita emoção. O pensamento contábil e a profissão de contador desenvolveu-se na idade média com o surgimento do estudo “Contabilidade por Partidas Dobradas” (tractatus de computis et scripturis) do Frei Luca Pacioli. A contabilidade entrou no ramo de conhecimento humano e deu origem a sistematização dos registros, consequentemente ajudando a estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o mundo apresentava. Várias medições de riquezas que são feitas nos dias de hoje se baseiam em dados e registros sistematizados contabilmente. A própria medição que fazemos em nossa declaração de renda, nos demonstrativos contábeis e financeiros das empresas e demais entidades e nos relatórios de governo dos países, são resultado de alguma mensuração e registro contábil subsidiários.

A medicina é uma profissão que nos coloca próxima dos seres humanos desde o início da vida; a engenharia nos propicia as melhores condições de vida; a advocacia defende nossos direitos perante as circunstâncias adversas; e ainda a contabilidade nos propicia conhecimento sobre a forma de registrar e medir nossas necessidades, nosso empenho, nosso desempenho, e acima de tudo, nossa riqueza.

Estas profissões muito bem ilustram a longevidade das necessidades humanas. Elas estão aí há mais de 500 anos e continuam evoluindo a cada dia. Não me parece que profissões como essas, seculares e que lidam com as necessidades básicas e diárias do ser humano, corram algum risco de desaparecer.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em fevereiro de 2017 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Sob nova direção

O que você faria se fosse o novo presidente da sua própria empresa?

Estamos sob nova direção. Esta é uma frase e um evento comum que sempre acontece de tempos em tempos, nos países e nas empresas. Sempre que temos troca de comando e, como consequência, troca do modelo de comando, além da confirmação dos objetivos e do modelo adotado, há um aviso dessa natureza.

É comum que o presidente que assume o comando traga no seu discurso de abertura seu horizonte de tempo e a expectativas. E reconfirma seus compromissos de fazer aquilo que se propôs. Nesse discurso o novo presidente também trata de reconfirmar seu modelo de comando, sua forma de governar.

Nos casos em que a troca de comando decorre de situações de estresse, inclusive é muito comum e natural que se espere ações rápidas que promovam resultados rápidos, sendo esse início como um termômetro, um balizador da forma de gestão que teremos, tanto na sua natureza como na sua velocidade e execução.

Muitos autores discutem as estratégias e táticas que se deve adotar nos primeiros 100 dias, outros falam nos primeiros 90 dias, o que não muda muito, pois estamos falando de um horizonte típico de 3 meses. No nosso caso seja um ou outro horizonte, o que me parece muito apropriado é tomar como horizonte a entrada do próximo ano, de 2018, como referência.

  • Como queremos estar na entrada do próximo ano?

A maior parte desse processo que se tem sido falado da economia em recuperação, de retomada e principalmente de recolocar uma empresa nos trilhos, se origina no dirigente principal da, seja ele proprietário ou não. E com uma economia dando sinais de recuperação, qual seria a sua proposta de recolocar a sua empresa nos trilhos?

  • O que você faria se fosse o novo dirigente da sua própria empresa?

Tomando como referência o livro “Os primeiros 90 dias”, do professor Michel Watkins, podemos tirar várias lições, a começar por “Evitar ciclos viciosos”. Há uma série de armadilhas pessoais, armadilhas do comportamento como chamei em outro artigo, em que estamos sujeitos a cair, constantemente. Cada uma delas é capaz de levar-nos a um ciclo vicioso, uma dinâmica que se retroalimenta e da qual é sempre muito difícil escapar. Torna-se, portanto, essencial reconhecer e evitar essas situações. Cada uma dessas sete armadilhas definidas pelo professor são: 1. Andar em todas as direções; 2. Limites indefinidos; 3. Fragilidade; 4. Isolamento; 5. Julgamento tendencioso; 6. Fuga a responsabilidade; 7. Chegando ao ponto máximo (ao extremo).

Entretanto, a pergunta é o que fazer para se evitar essas armadilhas e, mais ainda, preparar a empresa para entrada do novo ano, renovada, pronta para a retomada, adotando um novo modelo, como se você fosse um novo dirigente da sua própria empresa. Como sair de ciclos viciosos e entrar em ciclos virtuosos? O professor chama essa busca de “auto eficácia”, um estado de comportamento que se atinge a partir de um alicerce com três pilares. Auto eficácia está associada a efetividade das nossas ações, por meio dos nossos comportamentos. Tem o significado ou seria nossa habilidade de produzir os resultados pretendidos por meio das nossas ações.

Os três pilares identificados e suas características são:

  • Planejamento sistemático;
  • Execução disciplinada;
  • Consolidação dos sistemas de apoio.

Planejamento sistemático – é imprescindível se adotar uma estratégia que inclua claramente quais são as prioridades, quais são os planos e quais as ações necessárias para a retomada que se vislumbra. Uma estratégia funcionando rapidamente e produzindo alguns resultados iniciais palpáveis é fundamental, pois proporcionará tanto ao dirigente como à toda equipe, energia e confiança por aquilo que se está concretizando. A medida em que se progride ao longo das etapas de retomada, pode-se então pensar nos desafios de médio e longo prazo.

Execução disciplinada – saber o que fazer não é o mesmo que fazê-lo. As disciplinas pessoais são rotinas regulares que a pessoa se dispõe a cumprir. Destaco apenas três delas, que acredito, nos ajudam muito na nossa disciplina: 1. Acompanhar o planejamento, de forma regular, rotineira e contínua, e não apenas esporadicamente. Essa prática deve ser repetida ao final de cada semana, mês, e se tornar realmente um hábito; 2. Não assumir compromissos irreais, ao sabor do momento. É preciso ter em mente que se temos um planejamento então os compromissos a serem assumidos devem se adequar a esse planejamento; 3. Focar no processo, sempre. Não basta termos boas ideias, devemos assegurar que essas boas ideias sejam discutidas dentro do próprio processo do planejamento, sem perdê-las, mas assegurando sua consistência e implementação.

Consolidação dos sistemas de apoio – essa consolidação, inclusive, depois de um longo período de turbulência econômica como vivemos, deve ser focado em três aspectos: 1. Garantir o controle local, assegurando que se conta com a infraestrutura básica de apoio, reestabelecimento de rotinas básicas pré-estabelecidas e reconfirmação das expectativas de toda equipe; 2. Estabilizar o cenário doméstico, evitando batalhas internas simultâneas e um número exagerado de frentes de trabalho; 3. Criar uma rede de assessoria e aconselhamento. Não há uma pessoa, por mais capaz que seja, que possa fazer tudo sozinho. Desenvolva uma rede de assessores de confiança, considerando assessores técnicos, intérpretes culturais e analistas políticos, bem como combinando-os entre internos (da própria organização) e externos (do mercado).

O dirigente (sob nova direção) precisará manter seu equilíbrio dia após dia. Todas as suas escolhas, decisões e ações, por menores que sejam, se acertadas, serão capazes de criar impulso para toda organização na retomada. Conforme cita o professor em seu livro: “As ações do dia a dia durante o período de transição estabelecem o padrão para tudo o que vem depois, não apenas para a organização, mas igualmente para a eficácia [efetividade] – e realização pessoal – do líder”.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Cinco armadilhas comportamentais, como identificá-las e evitá-las

“Por que fazemos o que fazemos”. Com esta frase, em parte, Charles Duhigg complementa o título de seu livro “O Poder do Hábito”. Então repetimos a pergunta, por que fazemos o que fazemos?

No desejo de fazermos o melhor, de forma exemplar e legitimamente, muitas vezes nos deparamos com um resultado insatisfatório. Concluímos algo e temos um retorno negativo da outra parte. Ou se não negativo, indiferente, ou ainda apenas indicativo de satisfatório, mas não grandioso como esperávamos. Nos frustramos e pensamos se faltou algo e o que seria esse algo que faltou, para deslumbrarmos o outro com nossos feitos.

Certamente a maior parte da razão para termos alguma frustração com a satisfação do outro, seja na vida pessoal, profissional ou mesmo social, tem a ver com a forma como nos comportamos.  Nosso comportamento e nossas próprias atitudes são decorrentes de nossos hábitos e nos levam a interpretar o mundo exclusivamente sob nossa ótica, gerando em nós expectativas equivocadas, que se tornam armadilhas e nos levam a frustrações.

A seguir listo cinco alertas que compilei a partir de vários estudos profissionais na minha carreira e que para nosso dia a dia são muito uteis, sobre situações em que somos pegos por nosso comportamento e hábitos e não nos damos conta previamente de que estamos equivocados, no caminho errado e entrando em uma armadilha de frustração.

“Don´t do a great job … in the wrong areas” – não faça um grande trabalho na área errada.  Muitas vezes somos pegos por essa situação, em que fizemos um belo trabalho, mas que ninguém deu valor. Quando estamos a serviço de alguém, de alguma entidade ou organização, nosso compromisso de trabalho está associado a essa pessoa e, portanto, qualquer coisa que fizermos precisa ser feita sob a ótica dessa pessoa, da necessidade e expectativa dela. Muitas vezes nosso comportamento nos leva a “sair fazendo” e nem consultamos aqueles a quem servimos sobre qual a expectativa em relação ao trabalho. Um desperdício de tempo e esforço.

“Surprises are fun, but not in …” – surpresas são boas, mas nem sempre.  Gostamos de causar surpresa, e sermos bem felizes e felicitados com essa surpresa. Gostamos de ser elogiados por causar uma boa surpresa, mas afinal o que é uma boa surpresa senão algo que em primeiro lugar seria uma boa surpresa para nós. Sabemos se realmente esse acontecimento é uma boa surpresa para o outro? E será que levar esse acontecimento no modo surpresa vai agradar? Quantas e quantas vezes vemos humor feito com o elemento surpresa e o outro é pego em situação desagradável. Será que queremos ser protagonistas de uma surpresa que causa problemas, seja ela boa ou ruim? Na vida e nos negócios, surpresas são sempre bem-vindas, na dose certa, no momento certo, e na forma certa. Portanto, nada melhor que gerirmos muito bem essas surpresas, para que mesmo algo bom não se torne desagradável e possa comprometer o bem-estar de muitos.

“Communication is key …” – comunicação é chave.  Nada de novo aqui, a princípio. Todos nós ouvimos isso diariamente, de que comunicação é chave. Já dizia um apresentador, famoso para os mais velhos, que “quem não se comunica, se trumbica”. Com tantos meios de comunicação à disposição hoje, privados e públicos, moveis e fixos, ainda vemos diariamente uma guerra na comunicação. Certamente, não estamos nos comunicando bem, ou será que estamos confundindo quantidade com qualidade? Arrisco dizer que aumentamos significativamente os meios de comunicação, uma maravilha deste século 21, mas ainda podemos melhorar nossa comunicação e a sua efetividade, de sermos compreendidos. Comunicação boa é aquela que tem a quantidade de informação certa, na qualidade (forma certa de linguagem) certa, e é tempestiva (no tempo certo).

“Have a go-forward plan …” – tenha um plano subsequente. Quantas e quantas vezes chegamos a um destino, seja ele o pretendido ou não, e então nos perguntamos: e agora? Mesmo quando atingimos um resultado positivo, o alvo pretendido, precisamos ter um plano com os próximos passos, pois a vida continua. Desde as situações mais simples e rotineiras até as mais complexas e eventuais, seja na vida pessoal, profissional e social, para vivermos plenamente, devemos sempre estar prontos inclusive para desfrutarmos das nossas conquistas. Da mesma forma que para os reveses devemos sempre estar preparados, sempre termos um plano subsequente, pois afinal a vida continua.

“Consider all resources available to you …” – considere todos recursos à sua disposição. E nos dias atuais, com uma comunicação fluida que temos a todo tempo, os recursos à nossa disposição são muitos. Alguém já cunhou a fórmula: N=1 e R=G, em que N são as nossas necessidades, únicas e, portanto, iguais a 1 (um); e R que são os recursos, iguais a G, globais, disponíveis a nós globalmente.  Desde as pessoas e equipamentos mais próximos a nós todos os dias até os mais distantes, podemos e devemos fazer uso deles para atingir nossos objetivos. Não precisamos e não devemos fazer tudo sozinhos, mesmo que a princípio nos pareça que faz sentido, devemos resistir ao nosso comportamento e buscar ajuda, buscar os recursos à nossa disposição.

Podemos notar claramente no nosso dia a dia essas cinco armadilhas comportamentais e podemos ver que elas nos afetam muito. Embora isoladamente possam parecer irrelevantes e passarem despercebidas, ao longo do tempo e de forma conjunta e contínua, esses comportamentos têm um impacto enorme em nossas vidas, desde a nossa satisfação pelos afazeres pessoais até nossa produtividade profissional. Nos próximos dias, procure identificar essas armadilhas no seu comportamento e mude. Mude o comportamento para que seu dia termine ainda melhor e você possa desfrutá-lo plenamente.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em agosto de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O ano que não chegava nunca!

O ano que não chegava nunca, 2017, está aí e agora podemos finalmente dizer para o ano que passou, bye, bye, bye … Mas dizer adeus não somente para o ano que passou, e também para muitas coisas de 2016, que queremos fiquem para trás, para que enfim possamos continuar.

Precisamos entender o que mudou de alguns dias atrás para hoje, o que realmente está diferente. Porém, ao olharmos em nossa volta vemos que realmente nada mudou, ainda!

Mas, onde está aquela esperança de grande mudança, que deveria acontecer em 2017?

Nossa esperança sempre é que, virando o ano, tudo muda. Mas, de fato, nada vai acontecer até que nós mesmos mudemos algo dentro de nós, uma mudança a partir de nós mesmos. E se mudarmos a forma como vemos, reagimos, e acima de tudo, como agimos, então teremos certamente mudanças com resultados para nós mesmos.

Gosto do princípio da engrenagem, que nos mostra claramente como interagimos com nosso entorno. Algumas engrenagens são maiores que a nossa, outras iguais, e ainda outras menores. Reagimos a cada uma delas constantemente, e por consequência, a direção e velocidade dos nossos movimentos são influenciadas por essas engrenagens à nossa volta.

Agora, o mais importante, é como agimos em relação a essas engrenagens. Como promovermos ações que geram reações nas engrenagens a nossa volta.

Porém, algo que sempre nos esquecemos, e que são profundamente influenciadores no nosso cotidiano, na nossa vida, são os tipos das engrenagens que temos conexão, que somos sujeitos. Outros aceitamos e, ainda, alguns escolhemos.

E nesse início de ano, que tal uma revisão geral das engrenagens? Que tal revermos nossa relação com as situações da vida que estamos sujeitos, aquelas que aceitamos e poderíamos alterar ou até evitar. Que tal revermos aquelas situações que podemos escolher?

Muito fácil de dizer e sempre muito difícil de fazer, são os propósitos de mudança. Temos o hábito de dizer que “no próximo ano vou fazer isto ou aquilo”, sendo uns dos mais populares a saúde física e a saúde financeira. A saúde física, nossa própria saúde, que nos propicia condições de vivermos bem a cada dia o que a vida nos propõe, e a saúde financeira, que nos causa muitas vezes ansiedade e estresse, e ainda que nada se consegue financeiramente, sem saúde física.

Então eu gostaria de propor algo inversamente contrário aquilo que tem sido nossa rotina de ano novo. Que tal mudarmos do “vou fazer algo”, para “não vou mais fazer isto” a partir de agora? Que tal deixar as coisas velhas para trás e buscar o novo? Buscar a renovação verdadeira. Acrescentar ao nosso dia a dia algo novo, em substituição ao velho.

Comenta-se muito sobre nossa cultura em comparação a outras culturas de diversas regiões e países. Não fiz uma consulta técnica sobre culturas, mas tenho uma experiência de vida e profissional que me permitem tecer algumas observações. Nitidamente nossa cultura brasileira é muito apegada a tudo. Somos apegados à família, que reputo essencial pois é a base da sociedade; e também somos apegados a lugares e regiões; e acima de tudo, somos demasiadamente apegados aos nossos sonhos.

Em muitas e muitas vezes nossos sonhos se tornam engrenagens do nosso dia a dia, jogando contra. Temos nossos belos e nobres sonhos e não percebemos que nos prendemos a eles e, consequentemente, a tantas outras situações em nossa volta que não nos permite prosseguir nem em busca dos nossos sonhos, nem em busca de mudança e, consequentemente, nos privam de mudanças para melhor.

A situação econômica do país que se arrasta ruim há 3 anos completos tem em parte essa razão no seu bojo. Estamos buscando uma ponte todos os dias com base no passado acreditando que encontraremos algo melhor do outro lado, na outra extremidade da ponte. Engano! Se construímos pontes nas mesmas bases do passado, chegaremos ao futuro, no mesmo lugar e da mesma forma. Não teremos mudado nem substituído o velho pelo novo. Teremos apenas empurrado nossas circunstâncias para o futuro, e esse futuro nos trará de volta todas essas circunstâncias.

Deixe para trás as coisas que já não lhe propiciam mais continuidade, novidade e crescimento. Busque uma renovação a partir de você mesmo. Seja o motor da sua própria engrenagem, duramente sem perder a ternura, parafraseando Che Guevara. Desista dos sonhos que enganosamente te animam e busque os sonhos que concretamente te realizam, pois serão esses sonhos que se realizarão, que concretamente mudarão sua vida.

Mudança

“Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.

O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!”

Por Clarice Lispector.

Busque inspiração para sua mudança, leia o poema todo.

Em 2017, mude!

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