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O empreendedorismo promove o crescimento

Foto por Martijn Vonk em Pexels.com

É natural compararmos o Brasil com os demais países para traçarmos uma linha de raciocínio de desafio e melhoria. Durante muitos anos usamos os chamados BRIC, que depois se tornaram BRICS, para compararmos os indicadores e como sempre muitas vezes apontávamos os fatores negativos como resultado da comparação.

Vamos nos lembrar de que o BRIC foi cunhado como sendo: Brasil, Rússia, Índia e China; depois veio o “S” de “South Africa”, África do Sul. O criador do termo foi Jim O´Neill, que há aproximadamente 20 anos assinalou esse termo em um relatório que apontava as tendências da economia global para os próximos 50 anos. Depois de 20 anos nem sabemos se esse termo e esse chamado “bloco” fazem sentido. O termo foi criado, mas de fato seu objetivo foi orientar os investidores e não os países componentes que simplesmente receberam essa designação de “emergentes”!

Contextualizamos essa visão para notar que, de fato, talvez do ponto de vista do investidor da Europa e Estados Unidos, há 20 anos, faria sentido, mas do ponto de vista intrínseco de cada país, suas reais semelhanças mais profundas são poucas, pouquíssimas. Isso sem notar que as chamadas semelhanças nos potenciais de fato eram necessidades profundas de cada um e que teriam que ser supridas pelos países desenvolvidos.

Foto por Lara Jameson em Pexels.com

Melhor será buscarmos comparações que nos propiciem real aprendizado de como podemos avançar em nossa economia.

Nesse tema entra o real empreendedorismo. Estamos vendo uma nova onda de empresas surgindo em meio a tantas dificuldades alardeadas a todo tempo! Estamos vendo que os reais empreendedores estão encontrando soluções inovadoras e prosperando. Se comparar os países do BRICS não faz sentido, então vamos comparar-nos com outros países e, mais profundamente, vamos nos comparar com os empreendedores desses outros países. Vamos tomar dois casos: a Argentina e o Canadá.

De imediato podemos ser negativos sobre a Argentina e dizer que o Canadá é uma país rico. Mas vejamos que em todos esses anos de crise, a Argentina não deixou de produzir ótimos vinhos e muita carne, famosa no mundo tal como a carne brasileira. Agora vejamos o Canadá, que na essência natural é muito parecido com o Brasil e tem muita riqueza mineral.

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O que nos surpreende sobre esses dois países é que durante esses últimos 10 a 20 anos, um deles com desafios constantes e outro bem estável, ambos produziram empresas que têm se tornado uma estrela nos negócios e para os investidores. Mas isso não é diferente no Brasil – também produzimos nesse período empresas admiráveis, e mais importante, empresas da nova economia: XP, PagSeguro, Stone, entre outras!

O que isso tudo nos mostra é a real importância do empreendedorismo profissional de alto impacto, transformando nossa realidade a despeito de qualquer crise ou situação econômica. Em algum momento você já se viu como empreendedor? Imaginou o que é necessário para iniciar seu próprio negócio? Lutou para se desfazer de suas dúvidas pessoais e entrar para o clube dos empreendedores independentes? Qualquer empreendedor pode atestar o fato de que iniciar um negócio é incrivelmente desafiador, independentemente das condições econômicas.

Manter esse negócio funcionando e crescendo é tão ou até mais difícil. É necessário compromisso, convicção, intensidade; uma natureza e atitude positivas, e um grande volume de perseverança. O empreendedor vê as barreiras como desafios, os equívocos como oportunidades e acredita que o sucesso é o simples resultado do trabalho duro, árduo – não é sorte, não é destino ou chance!

Foto por Kindel Media em Pexels.com

O empreendedor que prospera é aquele que está integrado na comunidade, entende os mercados, cria planos de contingência e reage rápido às mudanças econômicas e a realidade de mercado. Muitos empreendedores sempre citam a necessidade de um ou mais mentores, consultores ou executivos com experiência ampla no mundo dos negócios. Eles citam que essas mentorias têm sido valorosas.

Empreendedores são importantes para a economia, disseminam emprego, aumentam a base tributária dos negócios, oferecem serviços e produtos que têm um impacto imenso na economia do país.

E a propósito. Se alguém estava imaginando quem são as empresas admiráveis da Argentina e do Canadá, atualmente, são elas: MercadoLibre e Shopify!

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em dezembro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A difícil arte das estimativas [e das previsões]

Foto por Mikhail Nilov em Pexels.com

Não é de hoje que os humanos fazem estimativas, ou de uma forma mais popular, previsões. Sejam previsões técnicas ou não, sejam previsões científicas, ou mesmo espirituais e até filosóficas, estamos a todo tempo fazendo previsões.

Em momentos extremos, de bonança ou de miséria, ou mesmo de doenças e ainda de pandemia, todos fazem previsões e tendem a ser catastróficas, pois somente assim temos uma atenção geral. Beiramos o insano em algumas delas sem nos preocupar com as reais consequências na vida de cada um que ouve e interpreta à sua própria maneira tal previsão.

O extremismo em situações de alto risco para a vida, algo fundamental para o ser humano, até pode ser compreensível pois sempre se busca preservar em primeiro lugar a vida de cada pessoa. Por outro lado, na busca de se preservar a vida de cada um podemos no extremismo pôr em risco a vida de toda coletividade e, então, entramos em um dilema de qual propósito vem em primeiro lugar.

Para quem deseja se aprofundar nesse assunto e buscar alguns tipos de dilemas para ilustração e embasamento de suas próprias teorias, há um ótimo recurso dado aos estudantes de direito logo no início do curso – é a leitura do livro: O caso dos exploradores de Caverna, que homonimamente explora as alternativas de sobrevivência que temos em casos extremos de risco iminente de morte na própria preservação da vida.

Deixando a filosofia de lado e indo para nossos dilemas atuais de decisões pautadas na ciência e na previsão, ou estimativas de risco, notamos que o alarde dado a partir desses estudos tem sido muito danoso. Temos nos distanciado do real propósito de se fazer estimativas e previsões. Uma previsão de risco é feita principalmente para se buscar e determinar o real preparo antecipado e necessário para evitar o dano estimado, para se planejar as ações preventivas necessárias e para se reduzir o dano ao mínimo aceitável.

Foto por Anna Nekrashevich em Pexels.com

Ainda há que se pensar em como se fazer uma estimativa. Uma boa estimativa ou previsão de risco e dano precisam de um ótimo diagnóstico. Aí então nos deparamos com mais um desafio de grandes proporções. Se estamos falando da economia, os danos sociais são desastrosos nas recessões e a ação dos governos e da própria iniciativa privada se torna fundamental. Neste caso econômico, apesar de louvável e prontamente necessário, ações de cunho assistencial são paliativos temporários. A essência para uma recuperação econômica está nos investimentos necessários para geração de riqueza, e consequentemente, de trabalho, emprego e renda.

Se falarmos das questões ambientais, estas são mais ambivalentes, pois exceto pelos desastres naturais que acontecem de imediato, os demais danos são percebidos lentamente. E, consequentemente as discussões são mais longas e muitas delas infrutíferas e imperceptíveis no curto espaço de tempo.

Foto por Andrea Piacquadio em Pexels.com

E não há uma solução universal, abrangente e completa para cada caso. A novidade e o desconhecimento são naturais e inerentes às novidades. E vemos que de nada se utilizam previsões catastróficas e pouco embasadas sem diagnósticos profundos e extensamente debatidos.

A realidade é que a responsabilidade repousa em cada um de nós da mesma forma e nas mesmas proporções que nas autoridades, sejam elas de saúde ou de governo. Nossa maior coragem deverá ser de tomar decisões de cunho preventivo e protetivo à saúde e à vida, a começar de cada um de nós mesmos.

Muitas vezes na vida, e me parece agora com a pandemia, ficamos presos em um ciclo de respostas. Apagamos incêndios. Lidamos com emergências. Ficamos lidando com um problema após o outro, mas nunca fazemos nosso caminho de volta para consertar os sistemas que causaram os problemas.

Neste momento, e em muitos outros, deveríamos estar buscando resolver problemas antes que eles aconteçam e não simplesmente fazendo estimativas e previsões.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em outubro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O desafio da gestão remota, mesmo que on-line

Foto por Oleg Magni em Pexels.com

Temos trabalhado, já há tempo, de forma remota, forçada. Se antes essa proposta de trabalho, do escritório em casa e do trabalho on-line, parecia um modismo, algo de vanguarda, durante o tempo de reclusão pela pandemia se tornou uma forma de sobrevivência.

Agora, a questão é: como reagiremos quando começarmos a voltar à normalidade do trabalho presencial, do contato social e da interação humana constante? Muitos de nós, senão a maioria, terá se estruturado de forma dupla, com uma base extra de trabalho em casa, mesmo que ainda preliminar e não completamente organizada.

A produção industrial que já está em grande parte automatizada não deve ter uma grande mudança, talvez uma evolução com maior automação e gestão remota, mas acredito que terá que ser gradual para ser efetiva. Na sequência, temos a logística, que precisa existir e certamente continuará se modernizando, e que tem a característica de ser uma rede intrincada e fundamental para nossa sobrevivência, já que assegura que os produtos uma vez produzidos cheguem aos seus destinos intermediários e finais.

Agora, o comércio e principalmente os serviços, esses sim sofrerão um grande impacto, na maioria dos casos de desafios de se fazer melhor e com menor atrito possível. Mas para que isso aconteça, como fazê-lo de forma remota e pouco presencial? Esse desafio ainda está por vir e ser experimentado por uma grande parte das empresas, no mundo e, principalmente, no Brasil.

Foto por Mateusz Dach em Pexels.com

Nosso estilo cultural, social e de gestão empresarial ainda é de forma muito presencial e interativa. Ainda não estamos tão acostumados a interação remota, rápida e objetiva, nem receber instruções [remotas] e planos de trabalho, interpretá-los e executá-los com efetividade, ou seja, atingindo o objetivo.

Este tema de liderança e gestão empresarial é infindável e a todo o tempo os grandes pensadores e estudiosos, assim como os executores dessas funções discorrem sobre o que acreditam ser os pilares dessa tarefa interna nas organizações empresariais, sociais (ONGs) e, inclusive, governamentais, ou seja, os próprios departamentos de estado e governo. Em uma dessas várias publicações sobre liderança e gestão [empresarial] suportada pelo IMD [uma escola de negócios Suíça], os autores tratam amplamente daquilo que eles chamam, numa tradução livre, de: “Estando lá, mesmo quando você não está: a liderança por meio de estratégias, estruturas e sistemas [processos]”.

Neste momento de retomada após um longo tempo de distanciamento é certo que todos aprendemos a nos comunicar melhor e entender melhor nossas tarefas individuais e coletivas, tanto no extremo daquele que recebe orientações como daquele que dá orientações. Não temos a presença física, algumas vezes temos o visual on-line, naturalmente com alguma limitação, e precisamos entender um ao outro, executar uma tarefa ou procedimento e atingir um objetivo. Os estudiosos lançaram um conceito que podemos sintetizar entre a atividade de gestão “na” empresa versus gestão “da” empresa!

Foto por Baihaki Hine em Pexels.com

Com o distanciamento social devido a pandemia e o consequente distanciamento empresarial, devemos ir além do aprendizado prático, que provavelmente tivemos, e buscar ainda mais um aprendizado teórico e concreto de gestão remota. Isso pois nossas organizações, empresariais ou de qualquer outra natureza vão em muito depender da nossa capacidade dessa forma de gestão para sobrevivência nesse novo momento que já está sendo chamado de “novo normal”.

Uma nova realidade em que não há mais espaço para se atingir os objetivos apenas estando lá e, sim, o de atingirmos nossos objetivos refletindo nossa presença mesmo não estando lá, não estando presente no dia a dia das tarefas em que somos parte constantemente.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O primeiro ano do resto de nossas vidas

Foto por Laura Tancredi em Pexels.com

Entramos no segundo semestre de 2021 e como já sabemos, vamos terminar o ano de forma diferente, muito diferente. Com toda essa instabilidade e volatilidade, é impossível prever como serão os últimos meses até o fim deste ano, e mais difícil ainda como será o próximo e os próximos anos de nossas vidas.

Instabilidade costumava ser uma característica do estado ou condição em que as instituições e a ordem política de um país sofriam quando estavam permanentemente ameaçadas; ou ainda falta de solidez da ordem política, social ou econômica. Agora essa instabilidade chegou em nossas vidas diárias. E temos também a volatilidade, que na física é caracterizada pelo elemento que pode passar do estado líquido para o gasoso, mas que na realidade tem um sentido figurado de inconstante, tal como nossa situação atual perante a pandemia.

Enquanto lutamos para nos adaptar a essa nova realidade da vida cotidiana, já há muito tempo nessa nova realidade, vemos a cada dia uma nova síndrome se formar e instalar.

Uma das síndromes mais comuns que vemos é a que chamo de “Síndrome de Pôncio Pilatos”. Conta a história bíblica que o então governador [Pôncio Pilatos] entregou à multidão o dilema de qual dos dois homens deveria deixar livre: Barrabás ou Jesus; e percebendo Pilatos que não conseguia demover o povo [de libertar Barrabás e crucificar Jesus], ao contrário, quando um princípio de tumulto já era visível, ordenou que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante da multidão e exclamou: “Estou inocente do sangue deste homem justo. Esta é uma questão vossa!”

Foto por Markus Spiske em Pexels.com

Desde o início da pandemia temos sempre colocado toda nossa decisão sob a responsabilidade da OMS; e temos visto que a Organização Mundial da Saúde não tem todas as respostas, muito menos todas as respostas corretas. Na sequência, nós mesmos estamos dando nossas próprias opiniões, orientações e definições diferentes a todo o tempo. Mas, afinal, o que fazer? É preciso voltar para as máximas da vida: voltemos para o básico, para o essencial, o fundamental.

Em sua pirâmide, Maslow define cinco categorias de necessidades humanas: fisiológicas, segurança, afeto, estima e as de autorrealização, onde na base se encontram as necessidades mais básicas já que estas estão diretamente relacionadas com a sobrevivência. Estamos vivendo um momento de nos voltarmos para as necessidades básicas [de sobrevivência], fisiológicas e de segurança.

Foto por Guduru Ajay bhargav em Pexels.com

Identificamos como necessidades básicas, fisiológicas, sede, fome e abrigo. Precisamos estar certos de que temos e teremos nesse tempo de pandemia o suficiente, não importa a forma, de alimentos para saciar nossa fome, água para matar nossa sede e abrigo, que representa nossa moradia.

Em seguida temos as necessidades de segurança que a princípio pode nos levar a uma interpretação pura de violência física. Porém, o que precede essa violência física é a violência econômica e social derivadas da pandemia. Essa violência é primariamente relativa à insegurança e a instabilidade no trabalho e o risco de não poder planejar e cuidar do orçamento familiar para atender as necessidades de sede, fome e moradia.

Foto por Ali Arapou011flu em Pexels.com

De um lado temos o eventual extremismo de tomarmos nossas ações sem considerar o entorno, o que pode ser uma atitude inapropriada e inconsequente para nós mesmos e para aqueles que estamos buscando proteger; mas, também, simplesmente tomar uma atitude de acreditar que podemos sempre lavar nossas mãos como Pilatos, atribuindo a responsabilidade das consequências a uma ou outra organização nos parece o outro lado extremista.

Nitidamente buscar o equilíbrio em meio a pandemia tem sido um dos maiores desafios nestes tempos de reclusão e isolamento. Saber seguir as orientações com discernimento e cuidado, sem exageros e com clareza, sem perder o propósito principal, que é a preservação da vida.

Afinal, este é o primeiro ano do resto de nossas vidas, que já tem sido e será sempre muito diferente de qualquer imaginação que possamos ter tido anteriormente.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em julho de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Estamos 30 anos atrasados, será mesmo?

Foto por Guillaume Meurice em Pexels.com

Há quem diga que estamos com 30 anos de atraso em relação aos Estados Unidos. Várias vezes, já lemos e assistimos matérias jornalísticas a esse respeito. Inclusive, baseados em uma dessas reportagens, pudemos falar das reais oportunidades que o Brasil apresenta para os investidores, sejam eles locais ou mesmo internacionais.

O atraso em si tem uma conotação ruim, mas denota uma real oportunidade para os brasileiros que querem empreender, na forma mais legítima da palavra. Recentemente, tivemos um grande exemplo de empreendimento, como chamado no livro, “Na Raça”, do Guilherme Benchimol, com a XP! Destacar um ponto de vista, da oportunidade real e subjacente que existe no mercado, a todo tempo, se torna difícil sem um exemplo concreto.

A XP e seu fundador são exemplos latentes no momento e, certamente, há muitos outros que cada um de nós vê no seu dia a dia, ao seu redor. E aqui vemos um ponto diferencial, pois se estamos 30 anos atrasados em relação aos Estados Unidos, isso para o fundador da XP foi exatamente, uma oportunidade. De forma sucinta o livro comenta que Benchimol e seus sócios foram à feira do banco americano Charles Schwab e copiaram o modelo. A partir dali, tentaram convencer as pessoas a deixar os grandes bancos, algo inconcebível até aquele momento no Brasil.

Talvez não com essa consciência e raciocínio, mas com se diz na capa do livro, “Na Raça” e, portanto, sem constrangimento e vendo o atraso Brasileiro, o fundador da XP copiou um modelo americano e transformou a realidade brasileira: … não sabendo que era impossível, foi lá e fez!

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Essa investida da XP nesse mercado é o típico exemplo do Oceano Azul,  um conceito de negócios, apresentado em um livro de mesmo nome, que diz que a melhor forma de superar a concorrência é parar de tentar superá-la. Ou seja, buscar mercados ainda não explorados, chamados pelos autores do conceito de “oceano azul”. Na metáfora marítima, o oceano azul é um local em que se pode nadar livremente enquanto os mercados já saturados são o “oceano vermelho” em decorrência do sangue derramado nas batalhas entre os concorrentes. Inclusive essa proposta traz os seis princípios do oceano azul que são:

1 – Reconstruir barreiras no mercado

2 – Concentrar-se no panorama geral

3 – Ir além da demanda existente

4 – Formular a estratégia na sequência adequada

5 – Superar os obstáculos organizacionais

6 – Orientar a execução estratégica

Foto por Skitterphoto em Pexels.com

“É um conceito que foca na inovação do modelo de negócio e sua principal ferramenta é a curva de valor. É um tanto idealizador e segui-lo à risca pode ser frustrante, porque a maioria das empresas não consegue encontrar um oceano azul – isso é uma exceção – mas a essência do conceito ajuda as empresas a se repensarem, a tentarem inovar na sua curva de valor e isso é muito positivo”, diz Marcelo Pereira Binder, professor da FGV-EAESP. Foi o que aconteceu com o início da XP, que passou a atender um público que ninguém atendia [ou fingia que atendia], de uma forma que ninguém fazia.

A comparação com o modelo de Charles Schwab já está em vários meios de comunicação americanos, e toda essa onda de admiração gerando uma vantagem competitiva tende a aumentar e transpor fronteiras.

E quantas outras oportunidades existem de natureza semelhante no Brasil? Quantos outros oceanos azuis existem?

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em maio de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Qual é a nossa próxima onda?

medina 1Já há algum tempo vimos o Gabriel Medina conquistar seu segundo título de campeão mundial de surfe. Ele comemorou segurando uma bandeira brasileira enquanto era levantado e saudado por seus fãs. Medina já havia vencido a competição em 2014, foi o primeiro brasileiro a conquistar o título, e nesses anos interinos, esteve sempre em ótima posição. Há pouco tempo, entre nossa 1ª, e esta 2ª versão deste artigo, vimos Guilherme Benchimol celebrar a abertura de capital da XP Inc. na Nasdaq em Nova York saudando os investidores com uma bandeira brasileira sobre seus ombros!

Em algumas das várias reportagens sobre essa conquista, do Medina, se reputa a ele um grande trunfo, a “regularidade”. Característica não muito presente em nossa cultura, mas de extrema relevância pois propicia grande segurança na conquista dos objetivos pretendidos. Temos certeza de que com Benchimol nas suas conquistas, tem sido da mesma forma, muita regularidade.xp-investimentos

E enquanto o Medina conquistava seu segundo título em 2018, nosso Brasil se preparava para uma nova onda de recuperação que já começou. Sob novo governo, o Brasil se prepara e busca uma nova onda de recuperação e crescimento econômico, após uma crise que muitos consideram sem precedentes. Essa fama de “crise sem precedentes” somente confirma nossa memória curta, pois antes dessa, a crise que tivemos prestes ao Plano Real também foi “sem precedentes”, e antes dela outras que já nos lembramos mais.

Em 2009, Fabio Giambiagi e Octavio de Barros organizaram um livro- coletânea, intitulado Brasil Pós-Crise, Agenda para Próxima Década. Diferentemente de Medina que conquistou seu segundo título após quatro anos, me parece que o Brasil tomou um tombo na 2ª onda no meio dessa década. Enquanto os Estados Unidos completam 10 anos após a crise de 2008/09 em um momento raro de riqueza e prosperidade, nós no Brasil estamos paupérrimos e buscando um recomeço.

Também há dez anos, a Fundação Dom Cabral lançava o livro “A Ascenção das Multinacionais Brasileiras” (em inglês: “The Rise of Brazilian Multinationals”), coordenado pelos editores Jase Ramsey e André Almeida. Com raras exceções, a maioria dessas empresas brasileiras pesos-pesados que seriam as candidatas a multinacionais, se viram envolvidas nesses 10 anos em fraudes e corrupções, públicas e privadas, de toda sorte e natureza.

Parece que não estamos preparados para as ondas de oportunidades que temos tido e sucumbimos no meio delas de forma visceral. Precisamos sair desse círculo vicioso e buscar um círculo virtuoso neste novo momento de oportunidade que se apresenta diante de nós. Precisamos pegar e nos manter no topo dessa nova onda que surge partindo para uma conquista real e verdadeira. Essa oportunidade está nas mãos de cada um dos brasileiros, empregados, empregadores, empreendedores, dirigentes de empresas, e todos nós. O governo e suas atitudes são muito relevantes, mas são um meio, não um fim em si mesmo. A conquista é e deve ser de cada um.

Em meio a essa década quase perdida desde 2008, as exceções de grandes empresas e empresários que vimos prosperar são poucas, mas louváveis e nos ensinam muito. Impossível não mencionar o grupo mundial ABInBev controlado e dirigido por brasileiros admirados e respeitados mundialmente e que há mais de uma década vinham sendo atacados pela mídia por seus métodos extremamente pragmáticos e objetivos. Ainda enquanto essa crise se formava e tomava o país, um empresário brasileiro também atingiu seu ápice demonstrando sua habilidade de pegar a onda certa não importando o clima em sua volta. Carlos Wizard Martins, consolidou e vendeu a rede de escolas Wizard em 2013 e hoje está de volta ao mercado com vários novos empreendimentos.

Gabriel Medina conquistou seu 2º título da mesma forma enfrentando ondas desafiadoras no mundo todo, em oposição a ficar somente pegando onda no litoral brasileiro. Como cita o artigo, Medina teve regularidade no seu desempenho e venceu, não importando como a onda viesse, e se podemos dizer que se há algo irregular na natureza, esse algo são as ondas do mar! Ter regularidade sobre a irregularidade das ondas, é disso que precisamos no Brasil.xp-investimentos 2

Precisamos que nessa nova onda de oportunidades os empresários e empreendedores brasileiros sejam cada vez mais regulares, cresçam e apareçam no cenário brasileiro e internacional, de forma a se tornarem exemplos admirados e que outros se inspirem e venham buscar o mesmo. Precisamos assumir a responsabilidade de sermos exemplos desse sucesso que o Brasil tanto deseja.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em fevereiro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Coisa de artista, brasileiro

amyr_klink_6Há pouco mais de 1 ano completamos mais um processo eleitoral em nosso país. A despeito dos resultados e em quem votamos versus quem foi eleito, o processo – como sempre – foi um sucesso. Há anos, décadas, temos tido um processo eleitoral louvável e admirável para o resto do mundo.

A tecnologia, hoje, nos permite conduzir esse processo em todo nosso país, simultaneamente, e de forma harmoniosa. Mesmo nos lugares mais remotos, as urnas chegam, funcionam e cumprem seu propósito. Acima de tudo, o povo, cada um de nós, cumpre sua finalidade.

Uma vez que as eleições confirmaram nosso próximo governo, pudemos seguir em frente e continuar cumprindo nossa parte nesse papel tão importante, de fazer o nosso melhor, seja para nós mesmos, para nossa família, nossa comunidade e sociedade e nossa empresa; mesmo que não sejamos donos ou proprietários, somos parte integrante do sucesso da empresa em que trabalhamos.

Se somos um país exemplar no processo eleitoral, então também podemos ser exemplares nas questões ambientais, sociais e, acima de tudo, econômicas. Sem uma economia estável, previsível e profícua, não há como tratar as demais questões. Sem geração de riqueza não há recursos para se cuidar de tantas outras áreas em necessidade. E a geração de riqueza resulta de nosso trabalho exemplar, tal como nosso processo eleitoral._96855277_gettyimages-535449563

Nessa linha de pensamento, a importância de cumprirmos aquilo que combinamos, em tempo e forma apropriada, é a melhor – se não a única – forma de prosperarmos e gerarmos riqueza. Em seu livro, Linha D’Água, no capítulo Coisa de Artista, Amyr Klink relata seu desafio que ele mesmo resume conforme segue:

“… Dessa vez, o roteiro era mais complicado. À parte os rigores de uma volta ao mundo em latitudes altas, haveria em seguida uma lista de lugares e datas de passagem que, como um navio de linha, o Paratii 2 deveria pontualmente alcançar. O barco seria utilizado para dar suporte a uma série de quatro documentários sobre a natureza, e eu assumi o compromisso de levar em segurança câmeras [aquele que opera a câmera] distintos para os locais previamente combinados …”

E então, em dado momento, depois de cumprir o percurso combinado, Amyr Klink relata:

“… Estava contente não só por voltar com os dedos e pés de todos os tripulantes e passageiros no lugar, mas também por ter conseguido ser rigorosamente pontual num pedaço imprevisível do planeta, onde cumprir horários é difícil …”

Nos surpreendem essas palavras do navegador, e nos surpreende ainda mais a sua capacidade de superar a imprevisibilidade e cumprir o compromisso. Por outro lado, chama a atenção também nossa dificuldade diária de cumprir uma rotina de horário, compromissos, tarefas, afazeres e trabalhos do nosso dia a dia. Os exemplos do processo eleitoral e da viagem desse navegador, tão famoso, e brasileiro, seria coisa somente de artista?

Não! Claro que não. Somos brasileiros como Amyr, e eleitores, e acima de tudo, cidadãos que buscam o melhor a cada dia. Exemplos como esses mostram nossa capacidade real, que muitas vezes está acanhada e escondida por trás de justificativas desnecessárias.876369e764da3af7ad36cab8dfee4457

Cada um de nós pode se valer desses exemplos e ser um artista a cada dia nos seus compromissos e nas suas conquistas. Tal como Amyr é o capitão de seu navio, somos comandantes do nosso navio, nossa vida, navegando diariamente por momentos imprevisíveis e de grande dificuldade. E completando cada dia por inteiro e rigorosamente em tempo, mesmo que nos pareça difícil cumprir certos compromissos em certos dias tão atribulados.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em novembro de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Complacência: chega de tudo bem!

Já há algum tempo fomos tomados por uma greve que teve proporções amplas. Uma vez que os caminhoneiros pararam, toda movimentação foi afetada – desde aquilo que eles transportavam até a própria movimentação das pessoas já que o combustível não sendo entregue, nenhuma movimentação seria possível acontecer.

Cada um de nós tem sua própria opinião sobre o acontecido e a forma como se deu. Certamente não concordaremos em nossas opiniões, o que é muito bom, já que a discordância leva a uma revisão da situação e, esperamos, a uma melhoria das circunstâncias.

Que precisamos de melhorias, aliás, é onde podemos buscar concordância. O preço do litro de combustível é apenas a ponta do iceberg, o termômetro. Precisamos rapidamente conter a febre, mas não podemos deixar que a causa, a origem ou ainda, aquilo que está instalado no mais profundo do nosso sistema, permaneça.

Há alguns anos, uma propaganda se valia do slogan: “chega de tudo bem”. Não podemos mais aceitar 99% e permanecer com os problemas quase resolvidos, ou com os objetivos quase atingidos. Precisamos ajustar as origens dos problemas para que eles sejam resolvidos e não se repitam, e mais: que os objetivos sejam alcançados na sua plenitude.

Mais recentemente, o autor Marcos Scaldelai se valeu do título: Você pode mais! 99% não é 100%. No livro, ele defende com propriedade essa proposta de atingirmos 100% naquilo que nos propomos. E vai além, diz que ser 100% só depende de cada um de nós. Enquanto muitos se satisfazem ao atingir 99,9% dos resultados [dos objetivos], quem realmente se destaca não se conforma. E acredito, busca realmente 100% naquilo que se propõe.

Não faltam exemplos no nosso dia a dia para confirmarmos que estamos sempre, infelizmente, quase lá! De várias formas temos tido como temas principais para a melhoria do nosso país, os temas de educação, saúde e segurança. Quantas e quantas vezes vemos situações em cada um desses três temas em que poderíamos ser 100% e não chegamos lá.credito

Por outro lado, não faltam análises de gente experiente e sábia sobre como superar essas dificuldades, seja o coletivo do ambiente brasileiro ou no individual. Mas se há tantas análises e sugestões, o que então nos impede de mudar a situação, de sermos 100%, mesmo que seja em alguns aspectos vitais de cada um desses temas de tanta importância?

Outros autores têm discutido a atuação do governo em medidas mais diretas na economia para que o Brasil possa crescer. No livro Complacência, os autores Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman demandam medidas mais incisivas por parte do governo em relação aos determinantes de crescimento da economia brasileira, em um contexto em que o espaço para crescimento a partir de estímulos [que tem sido a tônica há muito tempo] à demanda tende a se esgotar. A crítica se direciona à falta de medidas mais profundas relacionadas com a necessidade de melhorar a educação, estimular os investimentos em infraestrutura, elevar a poupança doméstica e melhorar os indicadores de produtividade.

Em um dos vários temas abordados, os autores dão título a um capítulo de “Poucos Bernardinhos”. De certa forma, essa crítica se conjuga com a visão do outro autor de que devemos buscar sermos 100% e não apenas 99%. Bernardinho, em sua trajetória, não se viu limitado pelas condições circundantes e nem passou a explicar os 99% como sendo algo satisfatório. Ele buscou e atingiu 100% naquilo que se propôs. Talvez, sim, precisamos de mais Bernardinhos.20180723170914_1200_675_-_whatsapp

Desta vez, não somente de caráter nacional e de visibilidade ampla. Precisamos de mais Bernardinhos em cada uma de nossas famílias, em nossas comunidades, nossas associações ou nossas empresas. Precisamos de gente que não mais aceite no nosso dia a dia 99% e diga: chega de tudo bem!

Quando algo não está como esperado, que tenhamos esses Bernardinhos em alerta ao nosso redor para dizer “não” e não aceitar algo quase lá e incompleto, e aprendermos. Precisamos aprender a não nos satisfazer simplesmente com o esforço, a dar um basta no “tudo bem”, em ser aquele que aceita os 99%, mas sim, sermos cada um de nós um Bernardinho na busca do 100%.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em julho de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Precisamos de mais gerentes

60 segundos (2)A cada dia observamos que a importância do papel do gerente aumenta, mas recentemente uma reportagem indicava que nos últimos 10 anos mais de um milhão de vagas de gerentes foram eliminadas. Eliminar a função [de gerente] nos parece um grande erro na gestão empresarial!

Afinal, o que significa a função ou cargo de gerente, ou função e cargo gerencial? Antes, porém, vale lembrar que função e cargo são distintos e se, bem empregados, teremos bons resultados.

Começando pelo cargo, entendemos como aquilo que é ou se tornou incumbência de alguém; um encargo; uma responsabilidade assumida em relação a alguém ou a alguma coisa; uma obrigação. Portanto, cargo está muito mais relacionado com a responsabilidade atribuída àquele que foi incumbido de certo cargo, responsabilizável e até culpável.

Já a função é a ação natural e própria de qualquer coisa [ou atividade]; exercício ou prática de algo, ocupação, ofício, trabalho; uso [ou propósito] a que alguma coisa se destina; o conjunto das ações e atividades atribuídas à, esperadas, ou exigidas de uma pessoa.

Na gestão empresarial precisamos ir além do cargo e da função, é necessário lembrar da importância do papel [que engloba tanto o cargo como a função] do gerente em uma organização. Basta lembrar que gerente é aquele que administra negócios ou serviços; é a função de uma pessoa que tem como responsabilidade a gerência, a gestão, o gerir algo na sua essência.

Notamos que a própria lei trabalhista usa sentenças que denotam a importância do gerente, inclusive considerando-o como cargo de confiança e com respeito ao propósito do gerente.

“assim considerados os exercentes de cargos de gestão”

Se não bastassem tantas evidências para a importância do papel do gerente em todas organizações, lembro-me de uma que, na minha opinião, supera todas as outras: o livro: “O Gerente Minuto”! e agora, “O Novo Gerente Minuto”!

60-segundos onlineEsta edição atualizada, com nova tradução, do best-seller “O Gerente Minuto”, lançado originalmente em 1981, revolucionou o conceito de liderança, que passou a ser associado à agilidade. O mundo mudou muito nas últimas três décadas desde a primeira versão, mas a importância do papel do gerente nas organizações somente aumentou. Hoje, as organizações precisam atuar com maior rapidez e menos recursos para acompanhar as constantes mutações na tecnologia e globalização, e o papel do gerente ainda é de maior importância. Este livro foi traduzido para mais de 35 línguas diferentes e teve mais de 10 milhões de cópias vendidas da primeira versão. Vamos ver até onde vai a segunda versão.

Expandindo um pouco o conceito da função de gerente, temos no novo Dicionário Aurélio o significado da palavra gestão “ato de gerir; gerência, administração”. Qualquer problema que é generalizado, persistente ou sem precedentes é improvável que seja resolvido isoladamente com inteligência artificial. Vamos sempre precisar de um gerente, para gerir, gerenciar ou administrar tais problemas.

O que os gerentes podem, realisticamente, esperar da inteligência artificial é que não seja uma pilha de análises e relatórios, baseados no passado e naquilo que inserimos na sua base anteriormente. Embora tenha havido avanços no processamento e análise de informações, os sistemas informatizados dão suporte à decisão e confirmam a sabedoria comum de que poucas funções de gerenciamento foram ou serão realmente automatizadas. Em vez disso, os aplicativos de inteligência artificial estão sendo desenvolvidos e usados para apoiar o gerente responsável por estabelecer e implementar decisões, em vez de substituí-lo. Em outras palavras, as pessoas em um número crescente de organizações estão usando o que muitas vezes são chamados de sistemas de IA (inteligência artificial) de apoio à decisão para melhorar sua efetividade gerencial.

Podemos notar a importância de uma função, de um papel ou de um cargo nas organizações intensamente discutida, lida e aprendida. Há muitos outros livros que buscam discutir essa função em todas suas facetas e os seus benefícios para as organizações – e ainda se vê notícias de que vagas de gerentes estão sendo eliminadas e foram eliminadas nos últimos 10 anos, maciçamente!

bussola e mapaSão os gerentes nas organizações que mais participam ativamente na gestão das atividades centrais [“core”] de uma empresa, que gerem essas atividades e pessoas no dia a dia, e que, conjuntamente, com suas equipes as executam. Até por essa razão [e muitas outras] os gerentes são considerados cargos de confiança, pois de forma geral são eles os responsáveis pela gestão dos relacionamentos de uma organização com as diversas partes interessadas, internas e externas.

A função gerencial nas organizações é de extrema importância e de muita responsabilidade e, como tal, deve ser tratada dessa forma por todos.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em abril de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A real globalização do mundo está nas pessoas

Globalizacao 1 debris-1974368_1920-copy-1170x508Já há décadas ouvimos, vemos e observamos a chamada globalização. Aparentemente, se evoluiu da internacionalização das corporações para as multinacionais e agora, mais recentemente, temos as chamadas companhias globais. Difícil é ficar dando definições e esclarecimentos para cada um desses carimbos que nós mesmos criamos, mas agora é certo que uma companhia global é muito mais que uma apenas internacional ou multinacional.

Talvez de uma forma simples e direta podemos notar que uma empresa internacional é aquela que vende seus produtos e, eventualmente, compra seus suprimentos internacionalmente para e de mercados além do seu país de origem. Já a empresa multinacional vai um passo além, tem bases estabelecidas em vários locais de outras nacionalidades e como o próprio título expressa, são multinacionais, multinacionalidades.

Por fim, a empresa global, não somente compra e vende ou opera em alguns países além do seu próprio país de origem. Uma empresa global tem sua natureza global prioritariamente pelo destino de seus produtos e serviços e independe da origem de seus suprimentos. Sua natureza global está naqueles que se suprem dessa empresa, de forma local, em todos os locais do mundo. Não preciso citar aqui alguns nomes, pois sei que cada um de nós já percebe e se lembra de vários nomes com essa natureza.

Globalizacao 2 geo-2Os editores Jase Ramsey e André Almeida no livro “The Rise of Brazilian Multinationals”, por meio dos colaboradores do livro, discutem longamente em um dos capítulos a importância cultural na internacionalização de uma empresa. Eles trazem a luz da discussão as teorias sobre esse tema e a interação da cultura com a gestão de uma empresa, seja ela internacional, multinacional ou global. O que vemos já há anos e mais recentemente com a real globalização mundial sustentada pela internet, é que uma empresa global precisa ter pessoas de todas as naturezas, locais, globais, e acima de tudo globalizadas.

São as pessoas que realmente serão capazes de propiciar a uma empresa as condições de serem globais. Os consumidores também serão dessas três naturezas. Teremos os consumidores locais que sequer querem saber a origem da empresa, o que lhes interessa é o produto de boa qualidade, bom preço, e que funcione bem. Já as pessoas globais estão mais alertas para a natureza do produto e pela possibilidade do seu uso e benefício além das fronteiras, pois os consumidores globais consomem localmente e usam globalmente.

Agora os consumidores globalizados, esses são os mais desafiadores e realmente testam a capacidade de uma empresa ser ou não global (e não meramente ser internacional ou multinacional). Esses consumidores globalizados são capazes de consumir (seja produto ou serviço) de forma global, conhecem diversas fontes, vários provedores do mesmo produto ou serviço e são capazes de comparar, testar, e então comprar globalmente. Uma empresa realmente global terá clientes e consumidores com essas características.

Globalzacao 3 conjuncoes_em_inglesEsse fenômeno já tem nome: “Third Culture Kids” ou TCK, cunhado por alguns doutores no assunto. Esses doutores, ao pesquisarem sobre as características dos filhos de militares, diplomatas, acadêmicos, profissionais da indústria privada e outros profissionais, que criam seus filhos em outras culturas, adotaram essa expressão.

Essa terceira cultura não é simplesmente uma junção de culturas a que essa pessoa foi exposta, mas como expõe a autora Lois Bushong, “é um estilo de vida distinto, compartilhado por pessoas que vivem entre culturas, pessoas que se alternam com facilidade entre sociedades e línguas, e tem sua identidade cultural forjada (modelada) nisso.

Companhias globais já têm em seu bojo profissionais com essas caraterísticas e, por isso, têm se tornado globais no fornecimento de produtos e serviços de forma a competir localmente com toda e qualquer empresa local, colocando em risco a tão vangloriada cultura local como alicerce para a sustentação de um negócio.

São os adultos jovens, os adolescentes e as crianças, como consumidores com essa terceira cultura que darão e já estão dando a sustentação dos negócios locais, que tem se modernizado e adotado modelos de negócios transculturais de produtos e serviços e, acima de tudo, de gestão.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em março de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

 

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