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A pandemia e a nova realidade econômica

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Ao iniciar esta análise, já há algum tempo, nem esperávamos que teríamos essa pandemia a nossa frente, e por tanto tempo.

Ao abrirmos a página do site do Banco Central (do Brasil, é claro), e buscarmos o Panorama Econômico, vemos a taxa de juros Selic em 7,75% a.a.; sim ao ano! Ainda além disso, temos o IPCA, nossa inflação oficial em destaque, que nos últimos 12 meses foi de 10,67%.

Nada alentador nesse momento! Isso pois sabemos que essa taxa de juros e inflação alta é muito prejudicial. Precisamos de inflação baixa, estável e previsível que traz benefícios a sociedade.

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Ganhar dinheiro com inflação e taxa de juros é uma ilusão de ganho sem produção de riqueza. Debater os ganhos ou perdas econômicas e financeiras descontadas da inflação é uma discussão vazia e sem substância. Analisar ganhos ou perdas financeiras pela relatividade dos fatos, sejam eles de inflação, taxa de juros ou outros quaisquer é uma dependência desnecessária e danosa.

O Brasil mudou e, certamente, apesar desse momento complexo de alta taxa de juros e inflação, ainda vamos colher muitos benefícios dessas mudanças nos próximos 5 a 10 anos. A disponibilidade interna precisa ser posta para o setor produtivo. Muitos recursos financeiros estacionados no mercado financeiro com um rendimento pela taxa de juros alta, precisam migrar para o setor produtivo. Precisamos de novas e mais, aberturas de capital, os chamados “IPO”, a despeito da pandemia.

Para ilustrar o círculo vicioso anterior, aplicávamos no mercado financeiro, lastreado na sua maior parte em títulos do governo brasileiro, e então o governo nos pagava juros com um recurso que ele próprio, o governo, não tinha. Isso pois o governo é deficitário, não arrecada o suficiente para pagar seus custos, nem tampouco os custos da dívida. E o governo não arrecada, em parte [sabemos que esta parte pode ser debatida, mas é verdadeira] pelo déficit econômico do país, ou seja, economia fraca, pouca geração de riqueza, poucos impostos pagos e pouco dinheiro alocado ao setor produtivo.

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A partir do momento em que esses recursos são aplicados no setor produtivo vemos então esse círculo girar para o sentido positivo, produtivo. Os recursos financeiros que são tomados pelas empresas devem ser de longo prazo, permitindo assim o amadurecimento e a concretização dos objetivos de crescimento e produtividade.

Devemos discutir ganhos de produtividade, de riqueza. Devemos discutir a geração de ganhos que permanecem gerando novos ganhos. Se temos sido admiradores dos países ricos então devemos também ser e replicar a forma em que tais países se enriquecem. As maiores riquezas dos americanos estão associadas a riqueza da economia, refletida nas empresas. Na Europa isso não é diferente!

O Brasil pode, e vai enriquecer, e muito, e desta vez será por meio de empresas ricas que forem construídas ao longo do tempo, pautadas na produtividade e geração de riqueza permanente.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em novembro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A difícil arte das estimativas [e das previsões]

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Não é de hoje que os humanos fazem estimativas, ou de uma forma mais popular, previsões. Sejam previsões técnicas ou não, sejam previsões científicas, ou mesmo espirituais e até filosóficas, estamos a todo tempo fazendo previsões.

Em momentos extremos, de bonança ou de miséria, ou mesmo de doenças e ainda de pandemia, todos fazem previsões e tendem a ser catastróficas, pois somente assim temos uma atenção geral. Beiramos o insano em algumas delas sem nos preocupar com as reais consequências na vida de cada um que ouve e interpreta à sua própria maneira tal previsão.

O extremismo em situações de alto risco para a vida, algo fundamental para o ser humano, até pode ser compreensível pois sempre se busca preservar em primeiro lugar a vida de cada pessoa. Por outro lado, na busca de se preservar a vida de cada um podemos no extremismo pôr em risco a vida de toda coletividade e, então, entramos em um dilema de qual propósito vem em primeiro lugar.

Para quem deseja se aprofundar nesse assunto e buscar alguns tipos de dilemas para ilustração e embasamento de suas próprias teorias, há um ótimo recurso dado aos estudantes de direito logo no início do curso – é a leitura do livro: O caso dos exploradores de Caverna, que homonimamente explora as alternativas de sobrevivência que temos em casos extremos de risco iminente de morte na própria preservação da vida.

Deixando a filosofia de lado e indo para nossos dilemas atuais de decisões pautadas na ciência e na previsão, ou estimativas de risco, notamos que o alarde dado a partir desses estudos tem sido muito danoso. Temos nos distanciado do real propósito de se fazer estimativas e previsões. Uma previsão de risco é feita principalmente para se buscar e determinar o real preparo antecipado e necessário para evitar o dano estimado, para se planejar as ações preventivas necessárias e para se reduzir o dano ao mínimo aceitável.

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Ainda há que se pensar em como se fazer uma estimativa. Uma boa estimativa ou previsão de risco e dano precisam de um ótimo diagnóstico. Aí então nos deparamos com mais um desafio de grandes proporções. Se estamos falando da economia, os danos sociais são desastrosos nas recessões e a ação dos governos e da própria iniciativa privada se torna fundamental. Neste caso econômico, apesar de louvável e prontamente necessário, ações de cunho assistencial são paliativos temporários. A essência para uma recuperação econômica está nos investimentos necessários para geração de riqueza, e consequentemente, de trabalho, emprego e renda.

Se falarmos das questões ambientais, estas são mais ambivalentes, pois exceto pelos desastres naturais que acontecem de imediato, os demais danos são percebidos lentamente. E, consequentemente as discussões são mais longas e muitas delas infrutíferas e imperceptíveis no curto espaço de tempo.

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E não há uma solução universal, abrangente e completa para cada caso. A novidade e o desconhecimento são naturais e inerentes às novidades. E vemos que de nada se utilizam previsões catastróficas e pouco embasadas sem diagnósticos profundos e extensamente debatidos.

A realidade é que a responsabilidade repousa em cada um de nós da mesma forma e nas mesmas proporções que nas autoridades, sejam elas de saúde ou de governo. Nossa maior coragem deverá ser de tomar decisões de cunho preventivo e protetivo à saúde e à vida, a começar de cada um de nós mesmos.

Muitas vezes na vida, e me parece agora com a pandemia, ficamos presos em um ciclo de respostas. Apagamos incêndios. Lidamos com emergências. Ficamos lidando com um problema após o outro, mas nunca fazemos nosso caminho de volta para consertar os sistemas que causaram os problemas.

Neste momento, e em muitos outros, deveríamos estar buscando resolver problemas antes que eles aconteçam e não simplesmente fazendo estimativas e previsões.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em outubro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O desafio da gestão remota, mesmo que on-line

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Temos trabalhado, já há tempo, de forma remota, forçada. Se antes essa proposta de trabalho, do escritório em casa e do trabalho on-line, parecia um modismo, algo de vanguarda, durante o tempo de reclusão pela pandemia se tornou uma forma de sobrevivência.

Agora, a questão é: como reagiremos quando começarmos a voltar à normalidade do trabalho presencial, do contato social e da interação humana constante? Muitos de nós, senão a maioria, terá se estruturado de forma dupla, com uma base extra de trabalho em casa, mesmo que ainda preliminar e não completamente organizada.

A produção industrial que já está em grande parte automatizada não deve ter uma grande mudança, talvez uma evolução com maior automação e gestão remota, mas acredito que terá que ser gradual para ser efetiva. Na sequência, temos a logística, que precisa existir e certamente continuará se modernizando, e que tem a característica de ser uma rede intrincada e fundamental para nossa sobrevivência, já que assegura que os produtos uma vez produzidos cheguem aos seus destinos intermediários e finais.

Agora, o comércio e principalmente os serviços, esses sim sofrerão um grande impacto, na maioria dos casos de desafios de se fazer melhor e com menor atrito possível. Mas para que isso aconteça, como fazê-lo de forma remota e pouco presencial? Esse desafio ainda está por vir e ser experimentado por uma grande parte das empresas, no mundo e, principalmente, no Brasil.

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Nosso estilo cultural, social e de gestão empresarial ainda é de forma muito presencial e interativa. Ainda não estamos tão acostumados a interação remota, rápida e objetiva, nem receber instruções [remotas] e planos de trabalho, interpretá-los e executá-los com efetividade, ou seja, atingindo o objetivo.

Este tema de liderança e gestão empresarial é infindável e a todo o tempo os grandes pensadores e estudiosos, assim como os executores dessas funções discorrem sobre o que acreditam ser os pilares dessa tarefa interna nas organizações empresariais, sociais (ONGs) e, inclusive, governamentais, ou seja, os próprios departamentos de estado e governo. Em uma dessas várias publicações sobre liderança e gestão [empresarial] suportada pelo IMD [uma escola de negócios Suíça], os autores tratam amplamente daquilo que eles chamam, numa tradução livre, de: “Estando lá, mesmo quando você não está: a liderança por meio de estratégias, estruturas e sistemas [processos]”.

Neste momento de retomada após um longo tempo de distanciamento é certo que todos aprendemos a nos comunicar melhor e entender melhor nossas tarefas individuais e coletivas, tanto no extremo daquele que recebe orientações como daquele que dá orientações. Não temos a presença física, algumas vezes temos o visual on-line, naturalmente com alguma limitação, e precisamos entender um ao outro, executar uma tarefa ou procedimento e atingir um objetivo. Os estudiosos lançaram um conceito que podemos sintetizar entre a atividade de gestão “na” empresa versus gestão “da” empresa!

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Com o distanciamento social devido a pandemia e o consequente distanciamento empresarial, devemos ir além do aprendizado prático, que provavelmente tivemos, e buscar ainda mais um aprendizado teórico e concreto de gestão remota. Isso pois nossas organizações, empresariais ou de qualquer outra natureza vão em muito depender da nossa capacidade dessa forma de gestão para sobrevivência nesse novo momento que já está sendo chamado de “novo normal”.

Uma nova realidade em que não há mais espaço para se atingir os objetivos apenas estando lá e, sim, o de atingirmos nossos objetivos refletindo nossa presença mesmo não estando lá, não estando presente no dia a dia das tarefas em que somos parte constantemente.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O dia depois de amanhã

Foto por Chris Czermak em Pexels.com

Como seria bom se pudéssemos ler o jornal de depois de amanhã.

Todas essas dúvidas incessantes de como será nosso dia a dia depois da pandemia estariam esclarecidas. Mas nem nós e, me parece ninguém, tem essa prerrogativa: a de saber o futuro. Podemos sim trabalhar com expectativas e hipóteses, mas somente para tratar o hoje com vistas a amenizar o amanhã.

Todas as grandes empresas estão fazendo previsões sobre como serão os negócios no futuro pós-pandemia, um futuro, inclusive, que já tem sido chamado de novo normal.

Dentre as grandes auditorias, uma delas, a PwC, tem publicado e atualizado rotineiramente uma pesquisa americana e global, denominada “COVID-19 Pulse reports”. Buscando alguma convergência de expectativas, na pesquisa publicada já há 1 ano, que neste momento pode até estar um pouco ultrapassada devido a dinâmica do momento, tivemos quatro grandes tópicos que se destacaram:

  • O descritivo da rotina de volta ao trabalho deve redesenhar como as tarefas serão feitas; isso pois quase a metade dos pesquisados (49%) disseram que o trabalho remoto está aqui para ficar para certas funções. Consequentemente, as empresas já estão reconfigurando o ambiente de trabalho;
  • Proteger a saúde das pessoas deveria e tem estado no topo; uma grande maioria (77%) planejou e tem adotado medidas de segurança [de saúde]: testes [exames de saúde] tem ocorrido frequentemente e ainda se espera um aumento nos pedidos de ausência por doença e outras razões;
  • Impactos substantivos [significativos] eram esperados nos resultados de 2020, e aconteceram; entretanto, um pouco diferente pois houve um efeito grande nas economias pelos incentivos governamentais direto ao cidadão;
  • As pressões de custos deveriam se intensificar; as demissões que ocorreram já estão se revertendo e o controle de custos tem ocorrido, mas muitos investimentos planejados têm sido mantidos.

Enquanto todas essas expectativas são confirmadas, ou não, ao longo do tempo conforme o retorno ao trabalho se desenrola, temos algumas percepções mais tangíveis e mais próximas de nós nesse momento. O que devemos notar conforme voltamos ao trabalho são substancialmente decorrentes de alguns fatores típicos e simples do nosso dia a dia, como segue:

Foto por Ian Beckley em Pexels.com
  • Ida [e volta] ao trabalho e demais lugares: um dos primeiros movimentos que veremos a nossa volta será derivado da própria e real ida e vinda do trabalho – mesmo que tenhamos tido muito trabalho remoto ao longo dessa reclusão, certamente uma grande maioria tanto estará ansiosa como, de fato, precisará retornar presencialmente ao seu trabalho para desempenhar suas funções. E isso causará, e de fato está causando, um certo alvoroço tanto no transporte público como em todo o trânsito das cidades;
  • Nossa aparência: conforme retomamos nossas atividades em público, fora de nossas casas e de nosso conforto e discrição, nossa aparência novamente será notada. E certamente essa necessidade irá muito além do mero corte de cabelo. Teremos novo comportamento associado ao uso de s máscaras, ao distanciamento físico, tanto social como profissional, e entraremos em um novo processo de retomada de consumo – o comercio deverá ser muito beneficiado pelo retorno ao trabalho;
  • A reconfiguração dos locais não somente de trabalho, mas também de compras e entretenimento; as rotinas de abertura e fechamento, bem como o uso diário dos espaços nos restaurantes, nas lojas, nos escritórios e nas fábricas, mesmo aquelas que permaneceram produzindo, já terão uma nova realidade. A própria limpeza e compartilhamento dos lugares estão sendo revistos e repensados.

Como conselheiros, executivos e dirigentes de empresas podemos pensar estrategicamente o dia seguinte na retomada e reabertura das atividades. Mas como cidadãos veremos diariamente as consequências diretas na nossa vida individual e coletiva, tanto familiar como social e profissional, de uma retomada das atividades depois um período de reclusão sem precedentes na história recente da humanidade.

E de fato ainda saberemos como será o dia depois de amanhã!!!

E nesse tempo de retomada notaremos que todos nós mudamos, e muito, e ainda teremos que continuar mudando, para sobrevivermos.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em junho de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O oceano azul das startups

Oceano azul 1Todos os dias vemos uma startup buscando seu lugar ao sol. As startups desenvolvem produtos e serviços e buscam transformar essas ideias em uma empresa que cresça, apareça e, acima de tudo, seja rentável. Mas, como sempre se discute, será que essa startup está realmente vendo o seu mar azul ou apenas funciona na tentativa e erro?

Uma das grandes razões para falhas numa startup é a inviabilidade do seu produto ou serviço. E é interessante notar que a falha decorre da inviabilidade e não da utilidade do produto ou serviço. Temos uma infinidade de desenvolvimentos de várias utilidades que não se tornam empresas pois são inviáveis isoladamente. Não precisamos citar aqui marcas de produtos que sempre foram úteis, mas se tornaram inviáveis e foram substituídas.

Nos dias atuais, entende-se que todas as startups passam por uma metamorfose à medida que se tornam empresas e crescem. Elas vão de organizações que lutam pela sobrevivência (à medida que buscam adequação ao produto/mercado) à construção de um modelo de negócios repetitivo e escalável e, então, à lucratividade. Logo no início uma startup já deve exercitar com clareza seu propósito. Se o propósito é ir além de um trabalho científico, então seu fundador deve se valer de ferramentas apropriadas e testar suas ideias desde o início.

E um ótimo início é o “Modelo de Negócios Canvas” ou “Canvas”. O Canvas tem sido uma grande invenção para todos, desde startups até grandes empresas. Ao contrário de um organograma, que descreve como uma empresa é estruturada para fornecer produtos conhecidos a clientes conhecidos, o Canvas ilustra a busca pelas incógnitas que a maioria dos novos empreendimentos enfrenta. As nove caixas da tela permitem visualizar todos os componentes necessários para transformar as necessidades/problemas do cliente em uma empresa lucrativa. O Canvas serve muito bem em pensar como construir empresas. Em um negócio, o objetivo é ganhar mais dinheiro do que se gasta.

Oceano azul 2Todo esse raciocínio é muito bom, mas ainda carece de se ver para onde o mundo está caminhando, para onde os governos estão apontando sua visão, as organizações não governamentais estão buscando ajustes e as grandes organizações estão direcionando seus interesses e recursos. São esses direcionadores que propiciam oportunidades para novas ideias, novas startups que eventualmente se tornarão novas organizações. E essas oportunidades surgem a todo tempo e geram grandes ondas de investimento na economia dos países. A seguir dois exemplos:

  • Prontuário Eletrônico Nacional: em uma de suas falas o presidente eleito diz: “O Prontuário Eletrônico Nacional Interligado será o pilar de uma saúde na base informatizada. O cadastro do paciente reduz custos e facilita o atendimento futuro por outros médicos, em outros postos ou hospitais. Além de tornar possível cobrar desempenho dos gestores locais”.

 

  • Rota 2030: recentemente sancionada, a lei que cria o programa Rota 2030. A Medida Provisória foi aprovada na Câmara e no Senado, e logo após a aprovação o presidente assinou o decreto-lei que fundamenta a criação do novo regime. O programa, que tem vigência de 15 anos, cria um incentivo fiscal para montadoras que invistam em tecnologia no país. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), disse que “o Rota 2030 é absolutamente fundamental para a indústria pois concentra apoio à pesquisa e ao desenvolvimento e traz previsibilidade para o setor.”

Basta ler cada uma dessas situações para vermos grandes oportunidades. Um “oceano azul”!

Oceano azul 3

Um mar de oportunidades deve surgir para se implantar essa base informatizada do Prontuário Eletrônico Nacional e, certamente, muitos grandes investidores colocarão recursos nessa área, buscando startups com soluções para essa necessidade.

Quanto ao setor automobilístico, um dos maiores setores na economia do nosso país, o volume de recursos a ser aportado deve ser enorme, na busca por inovação e desenvolvimento. Novas tecnologias devem surgir tanto associadas a eficiência dos produtos ora existentes quanto às novidades em ampla discussão, tais como o carro elétrico, o carro autônomo e muito mais.

As oportunidades para as startups são enormes no dia a dia das pessoas e empresas, e estão associadas diretamente com a realidade da sociedade. Necessidades básicas de locomoção e mobilidade em massa têm gerado uma demanda por novos produtos e serviços a todo tempo. E o amadurecimento e envelhecimento da sociedade gera necessidades na área de saúde que ainda não foram mensuradas e muito menos atendidas.

Uma startup alerta para as necessidades sociais em massa e alinhada com o direcionamento dos governos, das organizações não governamentais e das grandes organizações empresariais sairá na frente com produtos e serviços inovadores que, eventualmente, se tornarão organizações empresariais de sucesso.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em janeiro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O dilema de uma startup

blockchain-segurança-635x399Nesses anos mais recentes e de grande crise econômica no Brasil tem se dado uma grande importância para as startups. Até parece que as startups vão resolver nosso problema econômico! Certamente que não, mas uma startup que se torne um negócio viável contribuiria em muito para a economia, caso uma vez estabelecida como negócio viável, se torne uma empresa que se desenvolva e cresça muito.

É certo, entretanto, e até um pouco romântico, ficar apenas pensando que as grandes empresas do momento um dia foram startups. Assim que uma startup se torna um negócio viável como empresa, ela precisa se desenvolver e crescer muito além do sonho inicial de resolver um problema. Um negócio somente é viável se tiver o chamado “addressable market”, expressão que para podermos traduzir, precisaremos de perspicácia linguística.

Enquanto “mercado” nos parece óbvio ser a tradução para “market”, o adjetivo “addressable” precisa ser digerido cuidadosamente. Apesar de nos parecer estranha uma tradução direta, endereçável, é a melhor tradução. Algo addressable, ou melhor, endereçável, é relacionado a/ou denotando uma unidade na qual todos os potenciais clientes ou consumidores podem ser acessados separadamente e individualmente pelo produto ou serviço oferecido.

Deixando de lado toda essa análise técnica, ainda temos a questão profunda da maioria das startups. Muitas delas não têm um mercado endereçável. Seus fundadores conceberam ótimos produtos e soluções, mas não têm mercado consumidor ou potenciais clientes, atingíveis. Não há dúvidas de que as maiores empresas do mundo nos dias atuais têm esse conceito muito bem definido e utilizado em seus negócios, basta tomarmos como exemplo a Alphabet (Google) Amazon, Apple, Facebook e Microsoft.

Temos ótimas ideias em muitas startups, mas uma grande maioria não se torna viável pois não tem mercado endereçável e acaba se tornando apenas uma pesquisa científica ou um trabalho acadêmico sem utilidade produtiva real no mundo dos negócios. Isso em oposição ao trabalho acadêmico de Frederick W. Smith, que concebeu e depois fundou a FedEx. Sua história pode ser consultada no seguinte link: https://about.van.fedex.com/our-story/history-timeline/history/

O mercado endereçável mostra a escala potencial do produto ou serviço em desenvolvimento na startup. Identificar a existência e estimar o mercado potencial são os primeiros passos para os empreendedores iniciarem seus negócios. Muitas empresas não decolam por não atentarem para esses princípios fundamentais e que evoluem constantemente.

Muitas vezes ainda o mercado já está aí e precisa apenas ser melhor servido e melhor atendido, com produtos e serviços superiores. Nas empresas que citamos anteriormente, essa situação é bem visível, cada uma delas venceu a ponto de chegar até a eliminar a concorrência.

Um grande exemplo de discernimento para o mercado endereçável, e mais ainda, para transformar as ameaças em oportunidades, é a criação do iPhone. Alguns trechos do capítulo 35 do livro “Steve Jobs”, ilustram bem essa ideia. Do livro: “Em 2005, as vendas do iPod dispararam. O produto se tornava mais importante para o faturamento da empresa, respondendo por 45% das receitas daquele ano”. Era isso que preocupava Jobs. “Ele estava sempre obcecado pelo que poderia nos afetar”, lembrou o membro do conselho Art Levinson. A conclusão a que ele [Jobs] chegou foi: “O aparelho que pode nos detonar é o celular” [como expôs Jobs ao Conselho, da Apple, à época].luz-e-escuridao-370x200

Neste caso clássico o mercado endereçável do celular já estava claramente identificado, e o que ele percebeu foi que o celular poderia evoluir e detonar o iPod. Além disso, o mercado de celulares era claramente maior no início que o de iPods. Então nada melhor do que partir para o ataque a um mercado já identificado e ávido por algo melhor e mais completo, incluindo música, internet e, porque não, telefone! Como dizem, daí para frente todos já conhecem a história.

A conclusão que chegamos é que, além de desenvolver um produto ou serviço de excelente qualidade, um passo ainda mais crítico para qualquer startup é identificar o mercado endereçável para esse produto ou serviço.

Sem saber o mercado potencial [endereçável], uma startup pode estar prospectando um mercado tão pequeno e até inatingível que será impossível gerar receita e resultado com tal empreendimento.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em agosto de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Complacência: chega de tudo bem!

Já há algum tempo fomos tomados por uma greve que teve proporções amplas. Uma vez que os caminhoneiros pararam, toda movimentação foi afetada – desde aquilo que eles transportavam até a própria movimentação das pessoas já que o combustível não sendo entregue, nenhuma movimentação seria possível acontecer.

Cada um de nós tem sua própria opinião sobre o acontecido e a forma como se deu. Certamente não concordaremos em nossas opiniões, o que é muito bom, já que a discordância leva a uma revisão da situação e, esperamos, a uma melhoria das circunstâncias.

Que precisamos de melhorias, aliás, é onde podemos buscar concordância. O preço do litro de combustível é apenas a ponta do iceberg, o termômetro. Precisamos rapidamente conter a febre, mas não podemos deixar que a causa, a origem ou ainda, aquilo que está instalado no mais profundo do nosso sistema, permaneça.

Há alguns anos, uma propaganda se valia do slogan: “chega de tudo bem”. Não podemos mais aceitar 99% e permanecer com os problemas quase resolvidos, ou com os objetivos quase atingidos. Precisamos ajustar as origens dos problemas para que eles sejam resolvidos e não se repitam, e mais: que os objetivos sejam alcançados na sua plenitude.

Mais recentemente, o autor Marcos Scaldelai se valeu do título: Você pode mais! 99% não é 100%. No livro, ele defende com propriedade essa proposta de atingirmos 100% naquilo que nos propomos. E vai além, diz que ser 100% só depende de cada um de nós. Enquanto muitos se satisfazem ao atingir 99,9% dos resultados [dos objetivos], quem realmente se destaca não se conforma. E acredito, busca realmente 100% naquilo que se propõe.

Não faltam exemplos no nosso dia a dia para confirmarmos que estamos sempre, infelizmente, quase lá! De várias formas temos tido como temas principais para a melhoria do nosso país, os temas de educação, saúde e segurança. Quantas e quantas vezes vemos situações em cada um desses três temas em que poderíamos ser 100% e não chegamos lá.credito

Por outro lado, não faltam análises de gente experiente e sábia sobre como superar essas dificuldades, seja o coletivo do ambiente brasileiro ou no individual. Mas se há tantas análises e sugestões, o que então nos impede de mudar a situação, de sermos 100%, mesmo que seja em alguns aspectos vitais de cada um desses temas de tanta importância?

Outros autores têm discutido a atuação do governo em medidas mais diretas na economia para que o Brasil possa crescer. No livro Complacência, os autores Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman demandam medidas mais incisivas por parte do governo em relação aos determinantes de crescimento da economia brasileira, em um contexto em que o espaço para crescimento a partir de estímulos [que tem sido a tônica há muito tempo] à demanda tende a se esgotar. A crítica se direciona à falta de medidas mais profundas relacionadas com a necessidade de melhorar a educação, estimular os investimentos em infraestrutura, elevar a poupança doméstica e melhorar os indicadores de produtividade.

Em um dos vários temas abordados, os autores dão título a um capítulo de “Poucos Bernardinhos”. De certa forma, essa crítica se conjuga com a visão do outro autor de que devemos buscar sermos 100% e não apenas 99%. Bernardinho, em sua trajetória, não se viu limitado pelas condições circundantes e nem passou a explicar os 99% como sendo algo satisfatório. Ele buscou e atingiu 100% naquilo que se propôs. Talvez, sim, precisamos de mais Bernardinhos.20180723170914_1200_675_-_whatsapp

Desta vez, não somente de caráter nacional e de visibilidade ampla. Precisamos de mais Bernardinhos em cada uma de nossas famílias, em nossas comunidades, nossas associações ou nossas empresas. Precisamos de gente que não mais aceite no nosso dia a dia 99% e diga: chega de tudo bem!

Quando algo não está como esperado, que tenhamos esses Bernardinhos em alerta ao nosso redor para dizer “não” e não aceitar algo quase lá e incompleto, e aprendermos. Precisamos aprender a não nos satisfazer simplesmente com o esforço, a dar um basta no “tudo bem”, em ser aquele que aceita os 99%, mas sim, sermos cada um de nós um Bernardinho na busca do 100%.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em julho de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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De volta ao básico

Há pouco tempo uma reportagem, em seu texto inicial, trazia uma conclusão fatídica: “o grande número de empresas mal administradas no Brasil limita o crescimento da produtividade do país”.

Não me parece uma grande novidade depois de pensar um pouco. Já há muitos anos, e até décadas de estudos, se fala em limitação do crescimento (não somente do país), mais especificamente da produtividade do Brasil. O que se discute muito é a melhoria da produtividade, produzir mais com o mesmo esforço e com consequente maior geração de riqueza.

A começar pelos grandes setores da nossa economia. O portal Datasebrae (http://datasebrae.com.br/pib/#setores) identifica que o setor de Serviços é o que tem maior participação na economia. No 4º trimestre de 2017, ele representou 75,2% do valor adicionado do PIB brasileiro. A indústria alcançou 21,4% e a agropecuária, 3,4%.

O setor de Serviços é amplo e complexo pela variedade de subsetores incluídos. Entretanto, provavelmente é aqui que reside a maior oportunidade de melhorar a produtividade do nosso país. A indústria, e a agropecuária, já estão bem automatizadas e o consequente efeito dessa automatização é a melhoria da produtividade. Talvez ainda tenhamos alguns gargalos na indústria e na agropecuária, tal como na logística desses setores.

A logística de carga de forma geral no Brasil ainda é muito precária e com poucas alternativas. Os obstáculos físicos e reais são enormes, tais como a falta de alternativas de meios de transporte em certas regiões e as deficitárias condições de transporte. Atingimos uma dificuldade logística tão ampla que a solução necessita, acima de tudo, de tempo para ser implementada, com planejamento e continuidade de governo após governo.

Apesar da complexidade e variedade de atividades, o setor de Serviços na sua essência está associado a produtividade individual e coletiva dos trabalhadores. Tanto o trabalho individual como o coletivo de cada pessoa têm um peso enorme na medida de produtividade diária de qualquer atividade empresarial. Muitas ideias têm sido lançadas no mercado para se melhorar a produtividade empresarial brasileira, mas a maioria delas é de natureza extrínseca.

As ideias são ótimas, mas acredito que temos conceitos intrínsecos de administração, de gestão empresarial, voltados para dentro de cada organização, que podem ser implementados prontamente.

Voltemos aos princípios básicos!2019-06-28 (1)

Tomemos como exemplo os atletas de forma geral. Eles treinam de dentro para fora. Eles se preparam para quaisquer circunstâncias, seja sol ou chuva, calor ou frio, e então buscam atingir seus objetivos dentro de um tempo certo e determinado dentro das regras previamente combinadas. Para isso, no preparo, os atletas repetem inúmeras vezes seus movimentos com parte do seu preparo, e acima de tudo, medem, tomam nota, conferem, verificam, e buscam no próprio treino melhorar seu desempenho medindo toda e qualquer variável que tenha importância para sua pretendida conquista.

Quantas vezes fazemos isso em nossa empresa, treinamos e treinamos todos de nossa equipe, para nosso compromisso diário de trabalho? Quantas vezes, diariamente, semanalmente, mensalmente, anualmente, medimos nosso desempenho, individual, coletivo, empresarial?

Defendo que, conjuntamente com muitas das ideais que podem ajudar a melhorar a produtividade do país, olhemos para dentro de nossas organizações e foquemos de volta aos princípios básicos de um atleta: treinar e medir tanto o treinamento como os resultados da própria atividade; medir os resultados da atividade individual e coletiva, e treinar para melhorar.plan-do-check-act.png

Melhoria de produtividade no setor de Serviços e a consequente busca por melhoria na administração de empresas como um todo no Brasil requer que comecemos pelo mais básico de todos os princípios: medir o empenho e o desempenho, das pessoas, das equipes, das atividades.

Se você não conhece Peter Drucker, deveria: ele é conhecido como o homem que inventou o gerenciamento de negócios moderno, a administração moderna. Ele escreveu 39 livros sobre o assunto e é amplamente considerado como o maior pensador de gestão de todos os tempos. E Peter Drucker é creditado com várias citações em gestão de negócios.

E aqui está uma muito importante: “Se você não puder medir, não poderá melhorá-lo”.

Quando pensamos sobre essa citação, deve se tornar imediatamente aparente como é verdade. Porque, se não podemos medir algo e conhecer os resultados, não podemos melhorar. Nos negócios, na administração das empresas, a citação de Drucker é particularmente verdadeira. Se não pudermos medir cada parte do negócio, não poderemos gerenciá-lo e fazê-lo crescer!

Como se gosta muito de dizer por aí: “back to basics”, de volta ao básico.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em junho de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Mais do mesmo: carga tributária, burocracia e gestão madura

Há 10 anos, alguns jornais estampavam na capa o título “Carga tributária e burocracia emperram desenvolvimento” ou apenas “Gestão madura”. Já conhecemos essa discussão há décadas e ainda hoje continuamos a vê-la nos jornais e revistas.Circulo vicioso 1

Além do debate sobre a carga tributária e a burocracia vemos, mais acalorado nos dias atuais, a discussão sobre as contas do governo central e dos governos regionais, estaduais e municipais. Muitos deles estão no chamado “vermelho”. A arrecadação não sustenta os pagamentos.

As causas são variadas e podem ser vistas de vários ângulos, além de serem debatidas exaustivamente. Muito se fala sobre o que deveria ter sido feito ou sobre o que não foi feito, mas fazer algo, seja no passado é impossível ou agora que a situação das contas públicas se agravou, demanda atos de gestão.

Vamos lembrar que estamos em um ponto de virada de melhoria das condições econômicas, e mesmo assim, não vemos somente as contas públicas no vermelho. Há muitas empresas privadas também na mesma situação.

Crises acontecem e não temos controle de tudo, tanto na nossa vida pessoal ou na vida da empresa em que atuamos. Entretanto, aqueles que têm o papel, a função de gestão – seja pública ou privada, atuam com a responsabilidade da gestão das circunstâncias atuais sob seu comando com foco no futuro.

Estamos prestes a ter uma retomada econômica. Seja ela rápida ou lenta, vai acontecer gradualmente e de forma diferente para cada um de nós. E aí está a nossa oportunidade de gestão do momento atual com vistas no futuro que se vislumbra.

Ainda hoje criticamos a carga tributária e a burocracia. Será que vamos continuar por mais dez anos, criticando? Não importa. Com carga tributária alta e burocracia, ou não, o que devemos buscar é a gestão madura dos negócios.Circulo vicioso 2.png

“Bem estruturadas e mais competitivas, as empresas com boa gestão alcançam muito mais do que simplesmente aumento da receita, alcançam também crescimento sustentável e consolidação dos negócios”. Essa é uma constatação aparentemente óbvia e muito negligenciada, seja há 10 anos ou nos dias de hoje. Enquanto uma matéria jornalística mostrava a questão da carga tributária e da burocracia da época, algo externo ao controle da maioria da classe empresarial, a outra reportagem realçava a importância da gestão madura dos negócios, integralmente sob controle de cada um de nós, empresários ou dirigentes empresariais.

Não há fórmula mágica em nenhum momento, mas, sim, uma oportunidade de focar naquilo que se consegue atuar a despeito das circunstâncias externas. Estamos falando de priorizar a gestão madura e efetiva, e buscar os resultados esperados nas circunstâncias postas. Não devemos preparar nossos planos com esperanças vazias de que um milagre vai acontecer e que, tanto a carga tributária quanto a burocracia, serão reduzidas rapidamente.

Não faltam exemplos no mercado de que a gestão madura (e vou além: ética) e efetiva, preservam os negócios a longo prazo. Basta vermos os diversos “rankings” que temos como exemplo. Não precisamos olhar apenas para nossos indicadores nacionais de empresas, podemos ver os indicadores internacionais e verificamos os mesmos efeitos.

As reportagens a que me refiro neste artigo são datadas de 1º de maio de 2008. Todos nós lembramos daquele ano pelos acontecimentos no segundo semestre. A crise financeira de 2008 foi identificada como a maior da história do capitalismo desde a grande depressão de 1929. O evento detonador da crise foi a falência do banco de investimento Lehman Brothers no dia 15 de setembro de 2008 após a recusa do Federal Reserve (FED, o banco central americano) em socorrer a instituição. Desde então, os EUA já se recuperaram dessa crise, e em 10 anos, já estão a todo vapor.Circulo vicioso 3.png

Comparativamente, o Brasil não se recuperou ainda nessas mesmas proporções. Das principais empresas componentes do mercado há dez anos, algumas mais relevantes tiveram uma década de má-gestão de toda forma, causando resultados negativos devastadores. Outras ainda tiveram algum encolhimento pelas razões mais diversas. A maiorias delas que não foi bem nesses últimos anos, teve desempenho ruim por razões completamente diversas a alta carga tributária e a burocracia.

Não foram esses dois fatores [carga tributária e burocracia] que prejudicaram essas empresas, até porque se sabe que aquela foi uma crise econômica sem precedentes. Por outro lado, certamente, foi uma gestão madura que propiciou à algumas empresas nesse período, não só sobreviver, mas se superar com resultados louváveis.

E daqui a 10 anos lendo as mesmas notícias dos temas fora do nosso controle, como será?

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em maio de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Autoridade Nacional de Proteção de Dados e a proteção de dados pessoais – Parte 3

Este é o terceiro e último artigo sobre a Lei de Proteção de Dados Pessoais. Neste último artigo abordamos a MP 869 que cria a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e dispõe sobre a proteção de dados pessoais.

A Medida Provisória Nº 869 de 28/12/2018

Segundo esta MP, a ANPD terá a seguinte composição:

  1. Conselho Diretor, órgão máximo de direção;
  2. Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade;
  3. Corregedoria;
  4. Ouvidoria;
  5. Órgão de assessoramento jurídico próprio;
  6. Unidades administrativas e unidades especializadas necessárias à aplicação do disposto na Lei 13.709.

O Conselho Diretor da ANPD será composto por cinco diretores, incluindo o Diretor-Presidente, todos nomeados pelo Presidente da República, com mandatos de quatro anos.

lei de protecao de dados imagem

Caberá à ANPD os seguintes papéis:

  1. zelar pela proteção dos dados pessoais;
  2. editar normas e procedimentos sobre a proteção de dados pessoais;
  3. deliberar, na esfera administrativa, sobre a interpretação desta lei, suas competências e os casos omissos;
  4. requisitar informações, a qualquer momento, aos controladores e operadores de dados pessoais que realizem operações de tratamento de dados pessoais;
  5. implementar mecanismos simplificados, inclusive por meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamento de dados pessoais em desconformidade com esta lei;
  6. fiscalizar e aplicar sanções na hipótese de tratamento de dados realizado em descumprimento à legislação;
  7. comunicar às autoridades competentes as infrações penais das quais tiver conhecimento;
  8. comunicar aos órgãos de controle interno o descumprimento do disposto nesta lei praticado por órgãos e entidades da administração pública federal;
  9. difundir na sociedade o conhecimento sobre as normas e as políticas públicas de proteção de dados pessoais e sobre as medidas de segurança;
  10. estimular a adoção de padrões para serviços e produtos que facilitem o exercício de controle e proteção dos titulares sobre seus dados pessoais;
  11. elaborar estudos sobre as práticas nacionais e internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade;
  12. promover ações de cooperação com autoridades de proteção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional ou transnacional;
  13. realizar consultas públicas para colher sugestões sobre temas de relevante interesse público na área de atuação da ANPD;
  14. realizar, previamente à edição de resoluções, a oitiva de entidades ou órgãos da administração pública que sejam responsáveis pela regulação de setores específicos da atividade econômica;
  15. articular-se com as autoridades reguladoras públicas para exercer suas competências em setores específicos de atividades econômicas e governamentais sujeitas à regulação;
  16. elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas atividades.

O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPDPP) será composto por 23 representantes, titulares suplentes, dos seguintes órgãos:

  1. seis do Poder Executivo Federal;
  2. um do Senado Federal;
  3. um da Câmara dos Deputados;
  4. um do Conselho Nacional de Justiça;
  5. um do Conselho Nacional do Ministério Público;
  6. um do Comitê Gestor da Internet no Brasil;
  7. quatro de entidades da sociedade civil com atuação comprovada em proteção de dados pessoais;
  8. quatro de instituições científicas, tecnológicas e de inovação;
  9. quatro de entidades representativas do setor empresarial relacionado à área de tratamento de dados pessoais.

O CNPDPP terá as seguintes atribuições:

  1. propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a elaboração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade e para a atuação da ANPD;
  2. elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade;
  3. sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
  4. elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade;
  5. disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade à população em geral.

 

Esta MP está em vigor, porém para sua vigência permanente necessita de aprovação pelo Congresso Nacional.

 

José Ricardo Formagio Bueno – engenheiro e consultor especialista em gestão de Arquitetura Empresarial, Automação e Robotização de processos. CEO e Fundador da Automatum Soluções Empresariais – Automatum

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