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Sob nova direção

O que você faria se fosse o novo presidente da sua própria empresa?

Estamos sob nova direção. Esta é uma frase e um evento comum que sempre acontece de tempos em tempos, nos países e nas empresas. Sempre que temos troca de comando e, como consequência, troca do modelo de comando, além da confirmação dos objetivos e do modelo adotado, há um aviso dessa natureza.

É comum que o presidente que assume o comando traga no seu discurso de abertura seu horizonte de tempo e a expectativas. E reconfirma seus compromissos de fazer aquilo que se propôs. Nesse discurso o novo presidente também trata de reconfirmar seu modelo de comando, sua forma de governar.

Nos casos em que a troca de comando decorre de situações de estresse, inclusive é muito comum e natural que se espere ações rápidas que promovam resultados rápidos, sendo esse início como um termômetro, um balizador da forma de gestão que teremos, tanto na sua natureza como na sua velocidade e execução.

Muitos autores discutem as estratégias e táticas que se deve adotar nos primeiros 100 dias, outros falam nos primeiros 90 dias, o que não muda muito, pois estamos falando de um horizonte típico de 3 meses. No nosso caso seja um ou outro horizonte, o que me parece muito apropriado é tomar como horizonte a entrada do próximo ano, de 2018, como referência.

  • Como queremos estar na entrada do próximo ano?

A maior parte desse processo que se tem sido falado da economia em recuperação, de retomada e principalmente de recolocar uma empresa nos trilhos, se origina no dirigente principal da, seja ele proprietário ou não. E com uma economia dando sinais de recuperação, qual seria a sua proposta de recolocar a sua empresa nos trilhos?

  • O que você faria se fosse o novo dirigente da sua própria empresa?

Tomando como referência o livro “Os primeiros 90 dias”, do professor Michel Watkins, podemos tirar várias lições, a começar por “Evitar ciclos viciosos”. Há uma série de armadilhas pessoais, armadilhas do comportamento como chamei em outro artigo, em que estamos sujeitos a cair, constantemente. Cada uma delas é capaz de levar-nos a um ciclo vicioso, uma dinâmica que se retroalimenta e da qual é sempre muito difícil escapar. Torna-se, portanto, essencial reconhecer e evitar essas situações. Cada uma dessas sete armadilhas definidas pelo professor são: 1. Andar em todas as direções; 2. Limites indefinidos; 3. Fragilidade; 4. Isolamento; 5. Julgamento tendencioso; 6. Fuga a responsabilidade; 7. Chegando ao ponto máximo (ao extremo).

Entretanto, a pergunta é o que fazer para se evitar essas armadilhas e, mais ainda, preparar a empresa para entrada do novo ano, renovada, pronta para a retomada, adotando um novo modelo, como se você fosse um novo dirigente da sua própria empresa. Como sair de ciclos viciosos e entrar em ciclos virtuosos? O professor chama essa busca de “auto eficácia”, um estado de comportamento que se atinge a partir de um alicerce com três pilares. Auto eficácia está associada a efetividade das nossas ações, por meio dos nossos comportamentos. Tem o significado ou seria nossa habilidade de produzir os resultados pretendidos por meio das nossas ações.

Os três pilares identificados e suas características são:

  • Planejamento sistemático;
  • Execução disciplinada;
  • Consolidação dos sistemas de apoio.

Planejamento sistemático – é imprescindível se adotar uma estratégia que inclua claramente quais são as prioridades, quais são os planos e quais as ações necessárias para a retomada que se vislumbra. Uma estratégia funcionando rapidamente e produzindo alguns resultados iniciais palpáveis é fundamental, pois proporcionará tanto ao dirigente como à toda equipe, energia e confiança por aquilo que se está concretizando. A medida em que se progride ao longo das etapas de retomada, pode-se então pensar nos desafios de médio e longo prazo.

Execução disciplinada – saber o que fazer não é o mesmo que fazê-lo. As disciplinas pessoais são rotinas regulares que a pessoa se dispõe a cumprir. Destaco apenas três delas, que acredito, nos ajudam muito na nossa disciplina: 1. Acompanhar o planejamento, de forma regular, rotineira e contínua, e não apenas esporadicamente. Essa prática deve ser repetida ao final de cada semana, mês, e se tornar realmente um hábito; 2. Não assumir compromissos irreais, ao sabor do momento. É preciso ter em mente que se temos um planejamento então os compromissos a serem assumidos devem se adequar a esse planejamento; 3. Focar no processo, sempre. Não basta termos boas ideias, devemos assegurar que essas boas ideias sejam discutidas dentro do próprio processo do planejamento, sem perdê-las, mas assegurando sua consistência e implementação.

Consolidação dos sistemas de apoio – essa consolidação, inclusive, depois de um longo período de turbulência econômica como vivemos, deve ser focado em três aspectos: 1. Garantir o controle local, assegurando que se conta com a infraestrutura básica de apoio, reestabelecimento de rotinas básicas pré-estabelecidas e reconfirmação das expectativas de toda equipe; 2. Estabilizar o cenário doméstico, evitando batalhas internas simultâneas e um número exagerado de frentes de trabalho; 3. Criar uma rede de assessoria e aconselhamento. Não há uma pessoa, por mais capaz que seja, que possa fazer tudo sozinho. Desenvolva uma rede de assessores de confiança, considerando assessores técnicos, intérpretes culturais e analistas políticos, bem como combinando-os entre internos (da própria organização) e externos (do mercado).

O dirigente (sob nova direção) precisará manter seu equilíbrio dia após dia. Todas as suas escolhas, decisões e ações, por menores que sejam, se acertadas, serão capazes de criar impulso para toda organização na retomada. Conforme cita o professor em seu livro: “As ações do dia a dia durante o período de transição estabelecem o padrão para tudo o que vem depois, não apenas para a organização, mas igualmente para a eficácia [efetividade] – e realização pessoal – do líder”.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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