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O empreendedorismo promove o crescimento

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É natural compararmos o Brasil com os demais países para traçarmos uma linha de raciocínio de desafio e melhoria. Durante muitos anos usamos os chamados BRIC, que depois se tornaram BRICS, para compararmos os indicadores e como sempre muitas vezes apontávamos os fatores negativos como resultado da comparação.

Vamos nos lembrar de que o BRIC foi cunhado como sendo: Brasil, Rússia, Índia e China; depois veio o “S” de “South Africa”, África do Sul. O criador do termo foi Jim O´Neill, que há aproximadamente 20 anos assinalou esse termo em um relatório que apontava as tendências da economia global para os próximos 50 anos. Depois de 20 anos nem sabemos se esse termo e esse chamado “bloco” fazem sentido. O termo foi criado, mas de fato seu objetivo foi orientar os investidores e não os países componentes que simplesmente receberam essa designação de “emergentes”!

Contextualizamos essa visão para notar que, de fato, talvez do ponto de vista do investidor da Europa e Estados Unidos, há 20 anos, faria sentido, mas do ponto de vista intrínseco de cada país, suas reais semelhanças mais profundas são poucas, pouquíssimas. Isso sem notar que as chamadas semelhanças nos potenciais de fato eram necessidades profundas de cada um e que teriam que ser supridas pelos países desenvolvidos.

Foto por Lara Jameson em Pexels.com

Melhor será buscarmos comparações que nos propiciem real aprendizado de como podemos avançar em nossa economia.

Nesse tema entra o real empreendedorismo. Estamos vendo uma nova onda de empresas surgindo em meio a tantas dificuldades alardeadas a todo tempo! Estamos vendo que os reais empreendedores estão encontrando soluções inovadoras e prosperando. Se comparar os países do BRICS não faz sentido, então vamos comparar-nos com outros países e, mais profundamente, vamos nos comparar com os empreendedores desses outros países. Vamos tomar dois casos: a Argentina e o Canadá.

De imediato podemos ser negativos sobre a Argentina e dizer que o Canadá é uma país rico. Mas vejamos que em todos esses anos de crise, a Argentina não deixou de produzir ótimos vinhos e muita carne, famosa no mundo tal como a carne brasileira. Agora vejamos o Canadá, que na essência natural é muito parecido com o Brasil e tem muita riqueza mineral.

Foto por RODNAE Productions em Pexels.com

O que nos surpreende sobre esses dois países é que durante esses últimos 10 a 20 anos, um deles com desafios constantes e outro bem estável, ambos produziram empresas que têm se tornado uma estrela nos negócios e para os investidores. Mas isso não é diferente no Brasil – também produzimos nesse período empresas admiráveis, e mais importante, empresas da nova economia: XP, PagSeguro, Stone, entre outras!

O que isso tudo nos mostra é a real importância do empreendedorismo profissional de alto impacto, transformando nossa realidade a despeito de qualquer crise ou situação econômica. Em algum momento você já se viu como empreendedor? Imaginou o que é necessário para iniciar seu próprio negócio? Lutou para se desfazer de suas dúvidas pessoais e entrar para o clube dos empreendedores independentes? Qualquer empreendedor pode atestar o fato de que iniciar um negócio é incrivelmente desafiador, independentemente das condições econômicas.

Manter esse negócio funcionando e crescendo é tão ou até mais difícil. É necessário compromisso, convicção, intensidade; uma natureza e atitude positivas, e um grande volume de perseverança. O empreendedor vê as barreiras como desafios, os equívocos como oportunidades e acredita que o sucesso é o simples resultado do trabalho duro, árduo – não é sorte, não é destino ou chance!

Foto por Kindel Media em Pexels.com

O empreendedor que prospera é aquele que está integrado na comunidade, entende os mercados, cria planos de contingência e reage rápido às mudanças econômicas e a realidade de mercado. Muitos empreendedores sempre citam a necessidade de um ou mais mentores, consultores ou executivos com experiência ampla no mundo dos negócios. Eles citam que essas mentorias têm sido valorosas.

Empreendedores são importantes para a economia, disseminam emprego, aumentam a base tributária dos negócios, oferecem serviços e produtos que têm um impacto imenso na economia do país.

E a propósito. Se alguém estava imaginando quem são as empresas admiráveis da Argentina e do Canadá, atualmente, são elas: MercadoLibre e Shopify!

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em dezembro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A pandemia e a nova realidade econômica

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Ao iniciar esta análise, já há algum tempo, nem esperávamos que teríamos essa pandemia a nossa frente, e por tanto tempo.

Ao abrirmos a página do site do Banco Central (do Brasil, é claro), e buscarmos o Panorama Econômico, vemos a taxa de juros Selic em 7,75% a.a.; sim ao ano! Ainda além disso, temos o IPCA, nossa inflação oficial em destaque, que nos últimos 12 meses foi de 10,67%.

Nada alentador nesse momento! Isso pois sabemos que essa taxa de juros e inflação alta é muito prejudicial. Precisamos de inflação baixa, estável e previsível que traz benefícios a sociedade.

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Ganhar dinheiro com inflação e taxa de juros é uma ilusão de ganho sem produção de riqueza. Debater os ganhos ou perdas econômicas e financeiras descontadas da inflação é uma discussão vazia e sem substância. Analisar ganhos ou perdas financeiras pela relatividade dos fatos, sejam eles de inflação, taxa de juros ou outros quaisquer é uma dependência desnecessária e danosa.

O Brasil mudou e, certamente, apesar desse momento complexo de alta taxa de juros e inflação, ainda vamos colher muitos benefícios dessas mudanças nos próximos 5 a 10 anos. A disponibilidade interna precisa ser posta para o setor produtivo. Muitos recursos financeiros estacionados no mercado financeiro com um rendimento pela taxa de juros alta, precisam migrar para o setor produtivo. Precisamos de novas e mais, aberturas de capital, os chamados “IPO”, a despeito da pandemia.

Para ilustrar o círculo vicioso anterior, aplicávamos no mercado financeiro, lastreado na sua maior parte em títulos do governo brasileiro, e então o governo nos pagava juros com um recurso que ele próprio, o governo, não tinha. Isso pois o governo é deficitário, não arrecada o suficiente para pagar seus custos, nem tampouco os custos da dívida. E o governo não arrecada, em parte [sabemos que esta parte pode ser debatida, mas é verdadeira] pelo déficit econômico do país, ou seja, economia fraca, pouca geração de riqueza, poucos impostos pagos e pouco dinheiro alocado ao setor produtivo.

Foto por ELEVATE em Pexels.com

A partir do momento em que esses recursos são aplicados no setor produtivo vemos então esse círculo girar para o sentido positivo, produtivo. Os recursos financeiros que são tomados pelas empresas devem ser de longo prazo, permitindo assim o amadurecimento e a concretização dos objetivos de crescimento e produtividade.

Devemos discutir ganhos de produtividade, de riqueza. Devemos discutir a geração de ganhos que permanecem gerando novos ganhos. Se temos sido admiradores dos países ricos então devemos também ser e replicar a forma em que tais países se enriquecem. As maiores riquezas dos americanos estão associadas a riqueza da economia, refletida nas empresas. Na Europa isso não é diferente!

O Brasil pode, e vai enriquecer, e muito, e desta vez será por meio de empresas ricas que forem construídas ao longo do tempo, pautadas na produtividade e geração de riqueza permanente.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em novembro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A difícil arte das estimativas [e das previsões]

Foto por Mikhail Nilov em Pexels.com

Não é de hoje que os humanos fazem estimativas, ou de uma forma mais popular, previsões. Sejam previsões técnicas ou não, sejam previsões científicas, ou mesmo espirituais e até filosóficas, estamos a todo tempo fazendo previsões.

Em momentos extremos, de bonança ou de miséria, ou mesmo de doenças e ainda de pandemia, todos fazem previsões e tendem a ser catastróficas, pois somente assim temos uma atenção geral. Beiramos o insano em algumas delas sem nos preocupar com as reais consequências na vida de cada um que ouve e interpreta à sua própria maneira tal previsão.

O extremismo em situações de alto risco para a vida, algo fundamental para o ser humano, até pode ser compreensível pois sempre se busca preservar em primeiro lugar a vida de cada pessoa. Por outro lado, na busca de se preservar a vida de cada um podemos no extremismo pôr em risco a vida de toda coletividade e, então, entramos em um dilema de qual propósito vem em primeiro lugar.

Para quem deseja se aprofundar nesse assunto e buscar alguns tipos de dilemas para ilustração e embasamento de suas próprias teorias, há um ótimo recurso dado aos estudantes de direito logo no início do curso – é a leitura do livro: O caso dos exploradores de Caverna, que homonimamente explora as alternativas de sobrevivência que temos em casos extremos de risco iminente de morte na própria preservação da vida.

Deixando a filosofia de lado e indo para nossos dilemas atuais de decisões pautadas na ciência e na previsão, ou estimativas de risco, notamos que o alarde dado a partir desses estudos tem sido muito danoso. Temos nos distanciado do real propósito de se fazer estimativas e previsões. Uma previsão de risco é feita principalmente para se buscar e determinar o real preparo antecipado e necessário para evitar o dano estimado, para se planejar as ações preventivas necessárias e para se reduzir o dano ao mínimo aceitável.

Foto por Anna Nekrashevich em Pexels.com

Ainda há que se pensar em como se fazer uma estimativa. Uma boa estimativa ou previsão de risco e dano precisam de um ótimo diagnóstico. Aí então nos deparamos com mais um desafio de grandes proporções. Se estamos falando da economia, os danos sociais são desastrosos nas recessões e a ação dos governos e da própria iniciativa privada se torna fundamental. Neste caso econômico, apesar de louvável e prontamente necessário, ações de cunho assistencial são paliativos temporários. A essência para uma recuperação econômica está nos investimentos necessários para geração de riqueza, e consequentemente, de trabalho, emprego e renda.

Se falarmos das questões ambientais, estas são mais ambivalentes, pois exceto pelos desastres naturais que acontecem de imediato, os demais danos são percebidos lentamente. E, consequentemente as discussões são mais longas e muitas delas infrutíferas e imperceptíveis no curto espaço de tempo.

Foto por Andrea Piacquadio em Pexels.com

E não há uma solução universal, abrangente e completa para cada caso. A novidade e o desconhecimento são naturais e inerentes às novidades. E vemos que de nada se utilizam previsões catastróficas e pouco embasadas sem diagnósticos profundos e extensamente debatidos.

A realidade é que a responsabilidade repousa em cada um de nós da mesma forma e nas mesmas proporções que nas autoridades, sejam elas de saúde ou de governo. Nossa maior coragem deverá ser de tomar decisões de cunho preventivo e protetivo à saúde e à vida, a começar de cada um de nós mesmos.

Muitas vezes na vida, e me parece agora com a pandemia, ficamos presos em um ciclo de respostas. Apagamos incêndios. Lidamos com emergências. Ficamos lidando com um problema após o outro, mas nunca fazemos nosso caminho de volta para consertar os sistemas que causaram os problemas.

Neste momento, e em muitos outros, deveríamos estar buscando resolver problemas antes que eles aconteçam e não simplesmente fazendo estimativas e previsões.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em outubro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O primeiro ano do resto de nossas vidas

Foto por Laura Tancredi em Pexels.com

Entramos no segundo semestre de 2021 e como já sabemos, vamos terminar o ano de forma diferente, muito diferente. Com toda essa instabilidade e volatilidade, é impossível prever como serão os últimos meses até o fim deste ano, e mais difícil ainda como será o próximo e os próximos anos de nossas vidas.

Instabilidade costumava ser uma característica do estado ou condição em que as instituições e a ordem política de um país sofriam quando estavam permanentemente ameaçadas; ou ainda falta de solidez da ordem política, social ou econômica. Agora essa instabilidade chegou em nossas vidas diárias. E temos também a volatilidade, que na física é caracterizada pelo elemento que pode passar do estado líquido para o gasoso, mas que na realidade tem um sentido figurado de inconstante, tal como nossa situação atual perante a pandemia.

Enquanto lutamos para nos adaptar a essa nova realidade da vida cotidiana, já há muito tempo nessa nova realidade, vemos a cada dia uma nova síndrome se formar e instalar.

Uma das síndromes mais comuns que vemos é a que chamo de “Síndrome de Pôncio Pilatos”. Conta a história bíblica que o então governador [Pôncio Pilatos] entregou à multidão o dilema de qual dos dois homens deveria deixar livre: Barrabás ou Jesus; e percebendo Pilatos que não conseguia demover o povo [de libertar Barrabás e crucificar Jesus], ao contrário, quando um princípio de tumulto já era visível, ordenou que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante da multidão e exclamou: “Estou inocente do sangue deste homem justo. Esta é uma questão vossa!”

Foto por Markus Spiske em Pexels.com

Desde o início da pandemia temos sempre colocado toda nossa decisão sob a responsabilidade da OMS; e temos visto que a Organização Mundial da Saúde não tem todas as respostas, muito menos todas as respostas corretas. Na sequência, nós mesmos estamos dando nossas próprias opiniões, orientações e definições diferentes a todo o tempo. Mas, afinal, o que fazer? É preciso voltar para as máximas da vida: voltemos para o básico, para o essencial, o fundamental.

Em sua pirâmide, Maslow define cinco categorias de necessidades humanas: fisiológicas, segurança, afeto, estima e as de autorrealização, onde na base se encontram as necessidades mais básicas já que estas estão diretamente relacionadas com a sobrevivência. Estamos vivendo um momento de nos voltarmos para as necessidades básicas [de sobrevivência], fisiológicas e de segurança.

Foto por Guduru Ajay bhargav em Pexels.com

Identificamos como necessidades básicas, fisiológicas, sede, fome e abrigo. Precisamos estar certos de que temos e teremos nesse tempo de pandemia o suficiente, não importa a forma, de alimentos para saciar nossa fome, água para matar nossa sede e abrigo, que representa nossa moradia.

Em seguida temos as necessidades de segurança que a princípio pode nos levar a uma interpretação pura de violência física. Porém, o que precede essa violência física é a violência econômica e social derivadas da pandemia. Essa violência é primariamente relativa à insegurança e a instabilidade no trabalho e o risco de não poder planejar e cuidar do orçamento familiar para atender as necessidades de sede, fome e moradia.

Foto por Ali Arapou011flu em Pexels.com

De um lado temos o eventual extremismo de tomarmos nossas ações sem considerar o entorno, o que pode ser uma atitude inapropriada e inconsequente para nós mesmos e para aqueles que estamos buscando proteger; mas, também, simplesmente tomar uma atitude de acreditar que podemos sempre lavar nossas mãos como Pilatos, atribuindo a responsabilidade das consequências a uma ou outra organização nos parece o outro lado extremista.

Nitidamente buscar o equilíbrio em meio a pandemia tem sido um dos maiores desafios nestes tempos de reclusão e isolamento. Saber seguir as orientações com discernimento e cuidado, sem exageros e com clareza, sem perder o propósito principal, que é a preservação da vida.

Afinal, este é o primeiro ano do resto de nossas vidas, que já tem sido e será sempre muito diferente de qualquer imaginação que possamos ter tido anteriormente.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em julho de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O dia depois de amanhã

Foto por Chris Czermak em Pexels.com

Como seria bom se pudéssemos ler o jornal de depois de amanhã.

Todas essas dúvidas incessantes de como será nosso dia a dia depois da pandemia estariam esclarecidas. Mas nem nós e, me parece ninguém, tem essa prerrogativa: a de saber o futuro. Podemos sim trabalhar com expectativas e hipóteses, mas somente para tratar o hoje com vistas a amenizar o amanhã.

Todas as grandes empresas estão fazendo previsões sobre como serão os negócios no futuro pós-pandemia, um futuro, inclusive, que já tem sido chamado de novo normal.

Dentre as grandes auditorias, uma delas, a PwC, tem publicado e atualizado rotineiramente uma pesquisa americana e global, denominada “COVID-19 Pulse reports”. Buscando alguma convergência de expectativas, na pesquisa publicada já há 1 ano, que neste momento pode até estar um pouco ultrapassada devido a dinâmica do momento, tivemos quatro grandes tópicos que se destacaram:

  • O descritivo da rotina de volta ao trabalho deve redesenhar como as tarefas serão feitas; isso pois quase a metade dos pesquisados (49%) disseram que o trabalho remoto está aqui para ficar para certas funções. Consequentemente, as empresas já estão reconfigurando o ambiente de trabalho;
  • Proteger a saúde das pessoas deveria e tem estado no topo; uma grande maioria (77%) planejou e tem adotado medidas de segurança [de saúde]: testes [exames de saúde] tem ocorrido frequentemente e ainda se espera um aumento nos pedidos de ausência por doença e outras razões;
  • Impactos substantivos [significativos] eram esperados nos resultados de 2020, e aconteceram; entretanto, um pouco diferente pois houve um efeito grande nas economias pelos incentivos governamentais direto ao cidadão;
  • As pressões de custos deveriam se intensificar; as demissões que ocorreram já estão se revertendo e o controle de custos tem ocorrido, mas muitos investimentos planejados têm sido mantidos.

Enquanto todas essas expectativas são confirmadas, ou não, ao longo do tempo conforme o retorno ao trabalho se desenrola, temos algumas percepções mais tangíveis e mais próximas de nós nesse momento. O que devemos notar conforme voltamos ao trabalho são substancialmente decorrentes de alguns fatores típicos e simples do nosso dia a dia, como segue:

Foto por Ian Beckley em Pexels.com
  • Ida [e volta] ao trabalho e demais lugares: um dos primeiros movimentos que veremos a nossa volta será derivado da própria e real ida e vinda do trabalho – mesmo que tenhamos tido muito trabalho remoto ao longo dessa reclusão, certamente uma grande maioria tanto estará ansiosa como, de fato, precisará retornar presencialmente ao seu trabalho para desempenhar suas funções. E isso causará, e de fato está causando, um certo alvoroço tanto no transporte público como em todo o trânsito das cidades;
  • Nossa aparência: conforme retomamos nossas atividades em público, fora de nossas casas e de nosso conforto e discrição, nossa aparência novamente será notada. E certamente essa necessidade irá muito além do mero corte de cabelo. Teremos novo comportamento associado ao uso de s máscaras, ao distanciamento físico, tanto social como profissional, e entraremos em um novo processo de retomada de consumo – o comercio deverá ser muito beneficiado pelo retorno ao trabalho;
  • A reconfiguração dos locais não somente de trabalho, mas também de compras e entretenimento; as rotinas de abertura e fechamento, bem como o uso diário dos espaços nos restaurantes, nas lojas, nos escritórios e nas fábricas, mesmo aquelas que permaneceram produzindo, já terão uma nova realidade. A própria limpeza e compartilhamento dos lugares estão sendo revistos e repensados.

Como conselheiros, executivos e dirigentes de empresas podemos pensar estrategicamente o dia seguinte na retomada e reabertura das atividades. Mas como cidadãos veremos diariamente as consequências diretas na nossa vida individual e coletiva, tanto familiar como social e profissional, de uma retomada das atividades depois um período de reclusão sem precedentes na história recente da humanidade.

E de fato ainda saberemos como será o dia depois de amanhã!!!

E nesse tempo de retomada notaremos que todos nós mudamos, e muito, e ainda teremos que continuar mudando, para sobrevivermos.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em junho de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Estamos 30 anos atrasados, será mesmo?

Foto por Guillaume Meurice em Pexels.com

Há quem diga que estamos com 30 anos de atraso em relação aos Estados Unidos. Várias vezes, já lemos e assistimos matérias jornalísticas a esse respeito. Inclusive, baseados em uma dessas reportagens, pudemos falar das reais oportunidades que o Brasil apresenta para os investidores, sejam eles locais ou mesmo internacionais.

O atraso em si tem uma conotação ruim, mas denota uma real oportunidade para os brasileiros que querem empreender, na forma mais legítima da palavra. Recentemente, tivemos um grande exemplo de empreendimento, como chamado no livro, “Na Raça”, do Guilherme Benchimol, com a XP! Destacar um ponto de vista, da oportunidade real e subjacente que existe no mercado, a todo tempo, se torna difícil sem um exemplo concreto.

A XP e seu fundador são exemplos latentes no momento e, certamente, há muitos outros que cada um de nós vê no seu dia a dia, ao seu redor. E aqui vemos um ponto diferencial, pois se estamos 30 anos atrasados em relação aos Estados Unidos, isso para o fundador da XP foi exatamente, uma oportunidade. De forma sucinta o livro comenta que Benchimol e seus sócios foram à feira do banco americano Charles Schwab e copiaram o modelo. A partir dali, tentaram convencer as pessoas a deixar os grandes bancos, algo inconcebível até aquele momento no Brasil.

Talvez não com essa consciência e raciocínio, mas com se diz na capa do livro, “Na Raça” e, portanto, sem constrangimento e vendo o atraso Brasileiro, o fundador da XP copiou um modelo americano e transformou a realidade brasileira: … não sabendo que era impossível, foi lá e fez!

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Essa investida da XP nesse mercado é o típico exemplo do Oceano Azul,  um conceito de negócios, apresentado em um livro de mesmo nome, que diz que a melhor forma de superar a concorrência é parar de tentar superá-la. Ou seja, buscar mercados ainda não explorados, chamados pelos autores do conceito de “oceano azul”. Na metáfora marítima, o oceano azul é um local em que se pode nadar livremente enquanto os mercados já saturados são o “oceano vermelho” em decorrência do sangue derramado nas batalhas entre os concorrentes. Inclusive essa proposta traz os seis princípios do oceano azul que são:

1 – Reconstruir barreiras no mercado

2 – Concentrar-se no panorama geral

3 – Ir além da demanda existente

4 – Formular a estratégia na sequência adequada

5 – Superar os obstáculos organizacionais

6 – Orientar a execução estratégica

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“É um conceito que foca na inovação do modelo de negócio e sua principal ferramenta é a curva de valor. É um tanto idealizador e segui-lo à risca pode ser frustrante, porque a maioria das empresas não consegue encontrar um oceano azul – isso é uma exceção – mas a essência do conceito ajuda as empresas a se repensarem, a tentarem inovar na sua curva de valor e isso é muito positivo”, diz Marcelo Pereira Binder, professor da FGV-EAESP. Foi o que aconteceu com o início da XP, que passou a atender um público que ninguém atendia [ou fingia que atendia], de uma forma que ninguém fazia.

A comparação com o modelo de Charles Schwab já está em vários meios de comunicação americanos, e toda essa onda de admiração gerando uma vantagem competitiva tende a aumentar e transpor fronteiras.

E quantas outras oportunidades existem de natureza semelhante no Brasil? Quantos outros oceanos azuis existem?

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em maio de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O oceano azul das startups

Oceano azul 1Todos os dias vemos uma startup buscando seu lugar ao sol. As startups desenvolvem produtos e serviços e buscam transformar essas ideias em uma empresa que cresça, apareça e, acima de tudo, seja rentável. Mas, como sempre se discute, será que essa startup está realmente vendo o seu mar azul ou apenas funciona na tentativa e erro?

Uma das grandes razões para falhas numa startup é a inviabilidade do seu produto ou serviço. E é interessante notar que a falha decorre da inviabilidade e não da utilidade do produto ou serviço. Temos uma infinidade de desenvolvimentos de várias utilidades que não se tornam empresas pois são inviáveis isoladamente. Não precisamos citar aqui marcas de produtos que sempre foram úteis, mas se tornaram inviáveis e foram substituídas.

Nos dias atuais, entende-se que todas as startups passam por uma metamorfose à medida que se tornam empresas e crescem. Elas vão de organizações que lutam pela sobrevivência (à medida que buscam adequação ao produto/mercado) à construção de um modelo de negócios repetitivo e escalável e, então, à lucratividade. Logo no início uma startup já deve exercitar com clareza seu propósito. Se o propósito é ir além de um trabalho científico, então seu fundador deve se valer de ferramentas apropriadas e testar suas ideias desde o início.

E um ótimo início é o “Modelo de Negócios Canvas” ou “Canvas”. O Canvas tem sido uma grande invenção para todos, desde startups até grandes empresas. Ao contrário de um organograma, que descreve como uma empresa é estruturada para fornecer produtos conhecidos a clientes conhecidos, o Canvas ilustra a busca pelas incógnitas que a maioria dos novos empreendimentos enfrenta. As nove caixas da tela permitem visualizar todos os componentes necessários para transformar as necessidades/problemas do cliente em uma empresa lucrativa. O Canvas serve muito bem em pensar como construir empresas. Em um negócio, o objetivo é ganhar mais dinheiro do que se gasta.

Oceano azul 2Todo esse raciocínio é muito bom, mas ainda carece de se ver para onde o mundo está caminhando, para onde os governos estão apontando sua visão, as organizações não governamentais estão buscando ajustes e as grandes organizações estão direcionando seus interesses e recursos. São esses direcionadores que propiciam oportunidades para novas ideias, novas startups que eventualmente se tornarão novas organizações. E essas oportunidades surgem a todo tempo e geram grandes ondas de investimento na economia dos países. A seguir dois exemplos:

  • Prontuário Eletrônico Nacional: em uma de suas falas o presidente eleito diz: “O Prontuário Eletrônico Nacional Interligado será o pilar de uma saúde na base informatizada. O cadastro do paciente reduz custos e facilita o atendimento futuro por outros médicos, em outros postos ou hospitais. Além de tornar possível cobrar desempenho dos gestores locais”.

 

  • Rota 2030: recentemente sancionada, a lei que cria o programa Rota 2030. A Medida Provisória foi aprovada na Câmara e no Senado, e logo após a aprovação o presidente assinou o decreto-lei que fundamenta a criação do novo regime. O programa, que tem vigência de 15 anos, cria um incentivo fiscal para montadoras que invistam em tecnologia no país. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), disse que “o Rota 2030 é absolutamente fundamental para a indústria pois concentra apoio à pesquisa e ao desenvolvimento e traz previsibilidade para o setor.”

Basta ler cada uma dessas situações para vermos grandes oportunidades. Um “oceano azul”!

Oceano azul 3

Um mar de oportunidades deve surgir para se implantar essa base informatizada do Prontuário Eletrônico Nacional e, certamente, muitos grandes investidores colocarão recursos nessa área, buscando startups com soluções para essa necessidade.

Quanto ao setor automobilístico, um dos maiores setores na economia do nosso país, o volume de recursos a ser aportado deve ser enorme, na busca por inovação e desenvolvimento. Novas tecnologias devem surgir tanto associadas a eficiência dos produtos ora existentes quanto às novidades em ampla discussão, tais como o carro elétrico, o carro autônomo e muito mais.

As oportunidades para as startups são enormes no dia a dia das pessoas e empresas, e estão associadas diretamente com a realidade da sociedade. Necessidades básicas de locomoção e mobilidade em massa têm gerado uma demanda por novos produtos e serviços a todo tempo. E o amadurecimento e envelhecimento da sociedade gera necessidades na área de saúde que ainda não foram mensuradas e muito menos atendidas.

Uma startup alerta para as necessidades sociais em massa e alinhada com o direcionamento dos governos, das organizações não governamentais e das grandes organizações empresariais sairá na frente com produtos e serviços inovadores que, eventualmente, se tornarão organizações empresariais de sucesso.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em janeiro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O poder da marca e seu canal de distribuição

As-marcas-mais-valiosas-do-BrasilTemos tido como referência nos últimos anos, principalmente nesta década, a Amazon como um dos melhores e maiores exemplos de poder sobre os canais de distribuição. Por meio da Amazon podemos ter acesso a uma infinidade de produtos de qualquer ponto do planeta. Sem dúvida, a Amazon se tornou um gigante na venda e entrega de produtos numa amplitude nunca antes imaginada.

Entretanto, produtos de compra, consumo e/ou uso rotineiro e até diário, têm características distintas e ainda estão caminhando lentamente dentro da Amazon. Um exemplo são os itens de compra em um supermercado, que apesar de parecer algo do presente, a compra e entrega em casa ainda são componentes do futuro. Mas o que vimos mais recentemente nos chama muito a atenção pela combinação de marca renomada de um lado e pelo canal de distribuição de outro lado e vice-versa.

Em um desses casos, a Nestlé e a Starbucks anunciaram que concluíram seu acordo de licenciamento para que a gigante suíça de alimentos comercialize os cafés e chás da Starbucks em todo o mundo. O acordo de US$ 7,15 bilhões pagos pela Nestlé à Starbucks, concede à Nestlé direitos perpétuos para vender produtos da Starbucks, como Starbucks, Best Coffee e TeavanaTM/MC de Seattle, fora das lojas de café da empresa americana.

Outro caso já sabido, mas que agora tem-se uma estimativa, é o de quanto o Google paga à Apple para continuar sendo o mecanismo de pesquisa padrão no Safari no iOS. De acordo com o analista Rod Hall (via Business Insider), o Google pode estar pagando à Apple mais de US $ 9 bilhões este ano. A relação entre o Google e a Apple sempre foi interessante, pois acredita-se que a Apple é um dos maiores canais de aquisição de tráfego para o Google.

Empresas gigantes e poderosas individualmente, e ainda assim com diferenciais surpreendentes que leva uma delas a buscar a outra para acordos de valores bilionários, associados à marca e canais de distribuição. O modelo das cinco forças de Porter já identificava esses elementos e destinava-se a análise da competição entre empresas.Marca branding-o-que-e-como-fazer-gestao-marca-exemplos

A análise das cinco forças de Porter possui uma lógica simples, mas que exige uma visão abrangente do negócio, onde o administrador precisa ser capaz de entender o ambiente competitivo para identificar ações e estratégias a serem adotadas.

Ameaças de novos entrantes: esta é uma das cinco forças identificadas por Porter, associada a ameaça de um novo concorrente dependendo da existência de barreiras de entrada. Entre as principais barreiras nós temos: a economia de escala, o capital necessário e a dificuldade de acesso aos canais de distribuição. E, nos casos citados, vemos que o acesso aos canais de distribuição é fundamental.

No primeiro, Nestlé e Starbucks são gigantes no processamento e venda de café no mundo, e mesmo em oposição a se confrontarem, decidiram se unir com as forças maiores de cada um deles. De um lado uma marca de consumo residencial e canais de distribuição para esse propósito e de outro, uma marca muito forte de consumo imediato em loja como principal atrativo, com uma das maiores redes de lojas de café no mundo.

No segundo caso, uma marca que tem seus produtos nas mãos de quase metade das pessoas que possuem celulares no mundo, a Apple, e de outro, uma marca de busca que precisa estar de forma simples e prática disponível para que possamos usá-la a todo o tempo, o Google.

Notamos o quanto ações estratégicas dessa natureza são importantes ao verificarmos a confirmação de que a Vulcabras celebrou recentemente um contrato de compra da Under Armour Brasil. Esse contrato inclui contratos de licença e operação que darão à Vulcabras direitos de ser a distribuidora e licenciada exclusiva das marcas “Under Armour” no Brasil para calçados, vestuário e acessórios.o-que-e-marca

Empresas gigantescas no mundo e no Brasil, buscando assegurar formas apropriadas de que seus produtos e serviços estejam associados a outras marcas e canais de distribuição gigantescos para que os consumidores tenham real acesso e possam comprar e consumir seus produtos e serviços. E vale aqui salientar de que essa estratégia [de Porter] serve e deve ser considerada por toda e qualquer organização, independentemente do seu tamanho.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em dezembro de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Coisa de artista, brasileiro

amyr_klink_6Há pouco mais de 1 ano completamos mais um processo eleitoral em nosso país. A despeito dos resultados e em quem votamos versus quem foi eleito, o processo – como sempre – foi um sucesso. Há anos, décadas, temos tido um processo eleitoral louvável e admirável para o resto do mundo.

A tecnologia, hoje, nos permite conduzir esse processo em todo nosso país, simultaneamente, e de forma harmoniosa. Mesmo nos lugares mais remotos, as urnas chegam, funcionam e cumprem seu propósito. Acima de tudo, o povo, cada um de nós, cumpre sua finalidade.

Uma vez que as eleições confirmaram nosso próximo governo, pudemos seguir em frente e continuar cumprindo nossa parte nesse papel tão importante, de fazer o nosso melhor, seja para nós mesmos, para nossa família, nossa comunidade e sociedade e nossa empresa; mesmo que não sejamos donos ou proprietários, somos parte integrante do sucesso da empresa em que trabalhamos.

Se somos um país exemplar no processo eleitoral, então também podemos ser exemplares nas questões ambientais, sociais e, acima de tudo, econômicas. Sem uma economia estável, previsível e profícua, não há como tratar as demais questões. Sem geração de riqueza não há recursos para se cuidar de tantas outras áreas em necessidade. E a geração de riqueza resulta de nosso trabalho exemplar, tal como nosso processo eleitoral._96855277_gettyimages-535449563

Nessa linha de pensamento, a importância de cumprirmos aquilo que combinamos, em tempo e forma apropriada, é a melhor – se não a única – forma de prosperarmos e gerarmos riqueza. Em seu livro, Linha D’Água, no capítulo Coisa de Artista, Amyr Klink relata seu desafio que ele mesmo resume conforme segue:

“… Dessa vez, o roteiro era mais complicado. À parte os rigores de uma volta ao mundo em latitudes altas, haveria em seguida uma lista de lugares e datas de passagem que, como um navio de linha, o Paratii 2 deveria pontualmente alcançar. O barco seria utilizado para dar suporte a uma série de quatro documentários sobre a natureza, e eu assumi o compromisso de levar em segurança câmeras [aquele que opera a câmera] distintos para os locais previamente combinados …”

E então, em dado momento, depois de cumprir o percurso combinado, Amyr Klink relata:

“… Estava contente não só por voltar com os dedos e pés de todos os tripulantes e passageiros no lugar, mas também por ter conseguido ser rigorosamente pontual num pedaço imprevisível do planeta, onde cumprir horários é difícil …”

Nos surpreendem essas palavras do navegador, e nos surpreende ainda mais a sua capacidade de superar a imprevisibilidade e cumprir o compromisso. Por outro lado, chama a atenção também nossa dificuldade diária de cumprir uma rotina de horário, compromissos, tarefas, afazeres e trabalhos do nosso dia a dia. Os exemplos do processo eleitoral e da viagem desse navegador, tão famoso, e brasileiro, seria coisa somente de artista?

Não! Claro que não. Somos brasileiros como Amyr, e eleitores, e acima de tudo, cidadãos que buscam o melhor a cada dia. Exemplos como esses mostram nossa capacidade real, que muitas vezes está acanhada e escondida por trás de justificativas desnecessárias.876369e764da3af7ad36cab8dfee4457

Cada um de nós pode se valer desses exemplos e ser um artista a cada dia nos seus compromissos e nas suas conquistas. Tal como Amyr é o capitão de seu navio, somos comandantes do nosso navio, nossa vida, navegando diariamente por momentos imprevisíveis e de grande dificuldade. E completando cada dia por inteiro e rigorosamente em tempo, mesmo que nos pareça difícil cumprir certos compromissos em certos dias tão atribulados.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em novembro de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A excelência disruptiva sendo desafiada

Amazon-building-10b3c7Em entrevista recente ao The Sunday Times, Russell Grandinetti, vice-presidente sênior de consumo internacional da Amazon, disse que seu trabalho era focar no crescimento – e é para os outros descobrirem como lidar com as ondulações que a Amazon cria no mercado, conforme artigo publicado pela Inc. Magazine.

Nas palavras dele reproduzidas na internet em uma tradução livre: “As empresas muitas vezes inventaram tecnologias que nos obrigaram a descobrir como reinvestir as melhorias de produtividade [ganhos de produtividade] em novos empregos e novas formas [de fazer as coisas]”, disse ele. “Isso é uma coisa importante a ser feita para a sociedade, uma coisa governamental importante a ser feita. Não acho que seja nosso trabalho fazer algo [ao se referir às ondulações/impactos que a Amazon cria no mercado], mas [sim] tentar sermos realmente bons no que fazemos.” Disponível em: <https://www.inc.com/business-insider/amazon-only-concerned-with-growth-not-whether-it-takes-your-job.html> Acesso em: 03 de setembro de 2018

Temos admirado a Amazon nos últimos anos, temos sido beneficiados por sua operação continuadamente disruptiva e, ao mesmo tempo, sido muitas vezes vítimas das suas investidas. Podemos discutir longamente sobre a ruptura e decadência das livrarias e depois do mercado de lojas e shoppings; e até culpar a Amazon por isso, mas o que me parece é que ela muito mais se antecipou a esse acontecimento via e-commerce do que o oposto. E no momento nos parece que o e-commerce é um caminho sem volta, que a lojas físicas permanecerão em existência, mas o modo como cada uma delas opera e atende clientes deve melhorar e terá de ser em harmonia com o e-commerce.

Em oposição a desafiar uma empresa que se tornou um símbolo de ruptura no mundo dos negócios, que tem se tornado um verbo como “amazonar” um negócio, Brian Stoffel do site “The Motley Fool” optou por extrair conhecimento das cartas aos acionistas que Jeff Bezos escreveu nestes 20 anos de companhia aberta [1997-2017]. Disponível em: <https://www.fool.com/investing/2018/08/04/20-years-of-wisdom-from-amazons-jeff-bezos.aspx> Acesso em: 03 de setembro de 2018

Excelencia-na-gestao-das-empresas-telecomunicacoes-1000x800Extrai três dessas 20 notas que acredito são bem interessantes para nossa realidade, todos em uma tradução livre.

1º – 2009: How to set goals – como definir metas. A Amazon define muitos objetivos. Quase nenhum deles tem a ver com resultados financeiros. Em vez disso, eles se concentram no que podem controlar: o processo.

  • Líderes seniores que são novos na Amazon geralmente ficam surpresos com o pouco tempo que gastamos discutindo os resultados financeiros reais ou debatendo as projeções financeiras. … Focar nossa energia nos insumos controláveis para o nosso negócio é a maneira mais eficaz de maximizar os resultados financeiros ao longo do tempo.

2º – 2011: Eliminating gatekeepers helps the world… and us (Eliminar porteiros [atravessadores ou intermediários] ajuda o mundo … e nós). Alguns acreditam que a Amazon é um monopólio que precisa ser desfeito. Mas os detratores devem reconhecer que a Amazon Web Services (AWS), o Kindle Direct e o Fulfillment by Amazon (FBA) eliminaram os intermediários e permitiram que empresas menores e autores florescessem por um preço [custo] relativamente pequeno.

  • Mesmo intermediários bem-intencionados retardam a inovação. Quando uma plataforma é self-service, até mesmo as ideias improváveis podem ser tentadas, porque não há um guardião experiente pronto para dizer “isso nunca funcionará!” E adivinhe: muitas dessas ideias improváveis funcionam e a sociedade é a beneficiária dessa diversidade.

3º – 2015: Two-way doors vs. one-way doors (Portas bidirecionais versus portas unidirecionais): Bezos percebe que a maioria das decisões é reversível. Você pode usar os conselhos dele abaixo em quase todas as facetas da sua vida.

  • Algumas decisões são consequentes e irreversíveis ou quase irreversíveis – portas unidirecionais – e essas decisões devem ser feitas de maneira metódica, cuidadosa e lenta. … Se você passar e não gostar do que vê do outro lado, não poderá voltar para onde estava antes. Podemos chamar essas decisões do tipo 1. Mas a maioria das decisões não é assim – elas são mutáveis, reversíveis – são portas de mão dupla. Se você tomou uma decisão do tipo 2 que não é ideal, não precisa viver com as consequências por tanto tempo. Você pode reabrir a porta e voltar. As decisões do tipo 2 podem e devem ser tomadas rapidamente por indivíduos com alto julgamento ou pequenos grupos.

Amazon 2019-10-28 (2)Amazon 2019-10-28 (1)De forma resumida acredito que das 20 lições extraídas por Brian Stoffel, as três listadas a seguir são muito relevantes para nossa realidade política, econômica e social:

  • Como definir metas;
  • Eliminar os intermediários;
  • Classificar nossas decisões em: portas bidirecionais versus portas unidirecionais.

E, acima de tudo, os ensinamentos encontrados nessas palavras são muito relevantes e podem nos ajudar em nosso dia a dia em quase todas as facetas de nossa vida.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em outubro de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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