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A busca da autorrealização

Com a chegada e início de um novo ano, muito se discute sobre o que esperar dele. Mas por que ao invés de esperar, não buscamos algo, nesse ano novo que se inicia?a hora de agir

Uma busca constante do ser humano é pela autorrealização. Mesmo que todas as nossas necessidades estejam satisfeitas, podemos até muitas vezes (se não sempre) esperar que um novo descontentamento e agitação se desenvolva.

Como se diz: um músico deve fazer música, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, se cada um deles quiser ser finalmente feliz. Aquilo que um ser humano pode ser, ele deve ser.

Notemos que na teoria da motivação humana de Maslow, a autorrealização está no topo da pirâmide – o ser humano busca antes satisfazer outras quatro necessidades e numa certa ordem de prioridade: primeiro ele satisfaz suas necessidades fisiológicas, depois de segurança, então as necessidades sociais, que depois o leva para a necessidade de autoestima, e finalmente a busca da autorrealização.

Enquanto as três primeiras necessidades, fisiológica, de segurança e social, são aparentemente mais óbvias de se entender e satisfazer, quando caminhamos para as próximas duas, o entendimento e a própria satisfação dessas necessidades se complicam.

As consequências, os reflexos das três primeiras necessidades são mais voltados para o próprio ser humano individualmente, sem um reflexo percebido na sociedade caso não satisfeita. Mas a autoestima é uma necessidade, uma busca, tanto de natureza individual como coletiva, e com grande impacto na sociedade. A conquista ou não da autoestima tem um reflexo muito forte em retorno e com grande impacto em cada um de nós e em toda sociedade.

O trabalho que temos como nossa atividade principal, tem parte significativa na autoestima do ser humano, principalmente pelo seu efeito concreto de ser útil, de se ter valor para algo em prol de alguém ou alguma entidade. E a falta de oportunidade de trabalho para as pessoas afeta toda uma sociedade de forma significativa, inclusive e, principalmente, dificultando seu desenvolvimento e crescimento, tirando concretamente seu ânimo.

Apesar da dificuldade que se vê na busca de trabalho, há oportunidades profissionais associadas às necessidades básicas do ser humano a todo o tempo e em todo lugar. Basta vermos essas oportunidades de fazermos algo melhor nos inúmeros aborrecimentos que enfrentamos no nosso dia a dia: a fila nos bancos, o caixa eletrônico que não funciona e o sistema de internet que cai; os asteriscos espalhados nos contratos e anúncios de ofertas, e até nos cardápios de restaurantes de comida rápida; e tem ainda a entrega atrasada ou que não chega, a assistência técnica que não se encontra disponível ou não resolve nossa necessidade. Não faltam oportunidades de trabalho, talvez falte emprego, mas não falta trabalho a todo tempo.take control

E se o trabalho nos propicia autoestima, por meio dele certamente podemos buscar a autorrealização. Seguramente através dele encontramos de forma mais precisa nossa vocação, aquilo que temos de melhor para nos propiciar a autoestima e a autorrealização.

Então é melhor continuarmos nossa busca pela autoestima e autorrealização neste novo ano do que esperar pelo desconhecido; melhor não deixar a vida nos levar, não deixar ser ou acontecer (don´t let it be) de qualquer forma, mas sim fazer acontecer, buscar neste ano que se inicia ainda mais nossa autoestima e nossa autorrealização.

Quais são nossas ambições, nossos desejos e nossas reais possibilidades para este começo de ano? Estamos buscando poder e influência, retorno financeiro maior, projeção profissional e reconhecimento social, independência e autonomia, segurança e estabilidade. Sempre é bom lembrarmos que não há escolha perfeita.

Não importa nossa preferência para 2018, não devemos esperar por aquilo que o ano novo vai nos trazer, mas sim buscar por aquilo que queremos e que nos propicie autoestima e autorrealização.

E em nossa busca, devemos sempre nos lembrar que os seres humanos não são perfeitos, mesmo as pessoas auto realizadas. Não somos perfeitos, nenhum de nós.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em janeiro de 2018 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A busca da felicidade

O-que-é-essaq-tal-felicidade-Claudia-Holter-1O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras. Com este, e vários outros alertas por uma mudança de atitude, Roberto Shinyashiki lançou há mais de uma década o livro “Heróis de Verdade”. À época, a revista Istoé publicou uma entrevista com o autor feita por Camilo Vannuchi, que reputo após mais de 10 anos, ainda tão atual quanto à época da publicação. Reproduzo um extrato dessa entrevista, de forma atualizada para nossos dias, para nossa reflexão.

Em “Heróis de Verdade”, o escritor combate a supervalorização da aparência e diz que o que falta ao Brasil é competência. Shinyashiki defende ainda que há um jogo de aparência que toma conta das corporações e das famílias. Nos parece que, em parte, a crise atual que assola nossa economia tem em seu bojo algo dessa natureza – que na primeira década deste século supervalorizamos nossas expectativas de sucesso e nos faltou competência coletiva para que evitássemos os riscos. Riscos esses que se materializaram e agora causam tantos danos a nossa economia, nossas empresas, nossas famílias.

Para Roberto Shinyashiki nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, precisamos ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. O que se defende como importante é que o filho da pessoa que trabalha para um diretor possa sentir orgulho do pai/mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida e não para impressionar os outros. São pessoas
que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

O resultado da busca pela aparência tem sido um mundo vítima da depressão. Há países em que há mais suicídio do que homicídio. Parte da razão está na depressão das aparências, daquele que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro. Paranoia e depressão estão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e se esquece que a única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ter sido criança, quando criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os pais estão roubando a infância dos filhos.

O mundo corporativo tem se transformado, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o profissional com mais marketing pessoal do que a melhor competência.

Shinyashiki defende que há perguntas sem sentido que são feitas tais como: “qual é seu defeito?” Muitos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal. É exatamente o que o entrevistador quer escutar. Por que será que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar e até em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.

A maioria dos modelos de gestão premia pessoas mal preparadas e criam pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento, de fato. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Não adianta assumir uma função para a qual não se está preparado.

Continuamos valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? Quem vai salvar o time? Quem vai salvar o casamento? Um herói não vai salvar nada! Temos de parar de procurar super-heróis. O super-herói não segura a onda de todos que se consideram um fracassado. Não somos super-heróis um dia nem super-fracassados no outro dia. Acertamos e erramos todos os dias, temos alegria e tristeza todos os dias. Não há nada de errado nisso.

em-busca-da-felicidade-e1451778487993Há mais de 10 anos, Roberto Shinyashiki já dizia que a crise é positiva se as pessoas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é de cada uma delas. Aceitar nossas angústias e inseguranças faz a vida fluir mais facilmente.

Como então as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência? Roberto Shinyashiki nos orienta que o primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas: a primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada, e a terceira é buscar segurança.

Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus, mas que a sociedade tem definido que é certo. São quatro as loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se cada pessoa não tivesse significado individual. A segunda loucura é que cada um tem de estar feliz todos os dias. A terceira é que se tem que comprar tudo o que puder. Por fim, a quarta loucura é ter de fazer as coisas do jeito certo. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.

Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em dezembro de 2017 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O desafio empresarial brasileiro

Já há muitos anos se fala na dificuldade da gestão empresarial brasileira. Há também muita reclamação de se fazer negócios no Brasil, e há todo tipo de índices que podem ajudar nesse debate e no ataque a vários pontos que são denotados como sendo dificuldades de se fazer negócios no nosso país. Então, se é tão difícil fazer negócios no Brasil, porque há tantas multinacionais aqui; e muitas delas estão dentro dos rankings das maiores empresas do Brasil.

Não duvido da dificuldade de se fazer negócios no Brasil, o que algumas vezes penso é que também não é tão fácil fazer negócios em outros países. Será que o Brasil é mesmo tão mais difícil ou todos são, cada um de uma forma diferente?

Para equacionarmos esta questão, que tal desafiarmos nossa própria mentalidade “mindset” e nossa visão restritiva “narrow minded” sobre esse assunto. E vejamos que esse conceito de mentalidade e visão restritiva equivocada não é privilégio nosso. Até Jim Collins teve essa visão inicialmente equivocada sobre o 3G Capital, que podemos conferir em sua citação no livro de Cristiane Correa, “Sonho Grande”. Ao que o estudante de MBA comentou a Jim Collins sobre o sucesso do 3G como banqueiros e que eles haviam entrado no mercado de cerveja, vejamos o que se passou:

“Mercado de cerveja?”, pensei comigo [Jim Collins]. “Que diabos um banco de investimentos está fazendo no mercado de cerveja?” Se alguém tivesse me contado que aqueles banqueiros sonhavam em construir a maior empresa de cerveja do mundo e comprar a Anheuser-Busch no processo, eu teria dito: “Isto não é uma visão, é um delírio.”

Mas foi exatamente o que fizeram. Muitas e muitas vezes temos essa visão e mentalidade equivocadas sobre algo, fato que também ocorreu com Jim Collins há quase duas décadas.

Ainda no mesmo livro vemos um outro exemplo de como somos levados pelo que eu chamo de “piloto automático” da nossa mentalidade. No início dos anos 90 as empresas brasileiras viviam sob a vigilância do chamado Conselho Interministerial de Preços, o CIP, e os reajustes eram autorizados de acordo com as planilhas de custos dos produtos. A fiscalização era ao mesmo tempo um trabalho insano e um desestímulo à eficiência das empresas, já que os reajustes eram autorizados de acordo com a planilhas de custos dos produtos (obviamente, quanto mais altos, maiores as chances de conseguir uma autorização para os reajustes).

img1E é a partir desse ponto que podemos ver uma nova oportunidade de mudança de “mindset”. Em um dos episódios para obter aprovação do aumento de preço, Marcel Telles (um dos sócios do 3G Capital) seguiu o protocolo e marcou uma reunião com a Secretária Nacional da Economia, Dorothea Werneck. Durante o encontro ela perguntou ao empresário por que, em vez de apenas subir preços, a empresa não investia em produtividade, e sugeriu que marcassem uma conversa com um professor, engenheiro metalúrgico, em Minas Gerais, chamado Vicente Falconi. A partir daí já sabemos no que deu esse encontro. A produtividade, a eficiência e os consequentes resultados (lucros) podem ser vistos ao longo dos mais de vinte anos se que seguiram desde essa época.

Vimos que houve uma mudança radical do empresário a partir de uma reunião. Ele prontamente aceitou uma sugestão que carregava no seu bojo uma mudança de “mindset”, que era de, em vez de manter o piloto automático ligado, e seguir como os outros, eles deveriam mudar completamente o foco do seu esforço e buscar a tão sonhada produtividade.

Essa mudança de mentalidade preparou a empresa para vários desafios que vieram na sequência. A empresa tinha produtividade, como consequência gerava resultados, e aqui é bom destacar que resultados significam lucros cada vez melhores, e formava continuamente pessoas da melhor qualidade.

E a história continuou, da melhor gestão de capital no mercado financeiro e indo para o mundo industrial e ali implementando também essa gestão com produtividade ao extremo, gerando resultados (lucros) num ambiente brasileiro sempre carimbado pela maioria de difícil, e formando continuamente pessoas da melhor qualidade.  Então o grupo foi para o mercado internacional, com uma base sólida de gestão na produtividade, geração de resultados e formação de pessoas.

Brasileiros que hoje dirigem várias dessas grandes empresas no mundo.

E o que vemos aqui é um grande exemplo de que não há lugar mais difícil ou mais fácil de fazer negócios se fizermos uma gestão com produtividade, geração de resultados/lucros continuamente, e formação de pessoas da melhor qualidade.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em junho de 2017 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

 

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Dicas de produtividade para o nosso dia a dia

Aproveito esta oportunidade para reproduzir, contextualizado, o artigo publicado no site “Entrepreneur” em 2017. Esse artigo nos traz de forma simples, organizada e objetiva, boas dicas de produtividade para nosso dia a dia no trabalho, e que se aplicam também em outras partes de nossas vidas.

Produtividade tem tudo a ver com eficiência – fazer mais, mais rápido e com menos [tempo]. E com as demandas crescentes do dia a dia, a qualquer hora, em qualquer lugar, nunca foi mais importante ser produtivo. Para obter o máximo do nosso dia, precisamos nos concentrar em três segmentos da nossa vida.

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Tempo: Os seres humanos são notoriamente pobres em multitarefas, portanto, gerenciar o tempo é fundamental para melhorar a produtividade. Todos nós sabemos o nosso desejo enorme de ler o e-mail que acabou de chegar ou dar uma olhada na última notificação de “pop-up”. Essa troca involuntária de tarefas consome mais tempo do que imaginamos. Para evitar isso, devemos planejar nosso dia e agrupar as interrupções inesperadas:

  1. Começar o dia com o tempo próprio estruturado: percorrer o e-mail e atualizações de mídia social que se amontoaram durante a noite e fazer uma triagem do volume acumulado. Eliminar assuntos com respostas rápidas e redirecionamento. Agendar as tarefas maiores. E apagar o material informativo ou não importante.
  2. Usar o tempo de viagem para completar as tarefas de comunicação rápida: é sempre bom usar o tempo de locomoção para ganhar tempo com tarefas rápidas, de forma segura, é claro. Obter uma atualização sobre tarefas e projetos em abertos e saber se precisamos nos envolver. Ao chegarmos ao escritório, já temos uma ideia do andamento de várias tarefas e projetos.
  3. Reduzir o tempo de todas as reuniões em 25 porcento: provavelmente, teremos a mesma quantidade de trabalho feito, pois sempre há tempo desperdiçado em reuniões com a chegada de todos, a configuração da sala e da agenda, até que se realmente comece a reunião. E há também um certo tempo desperdiçado no final.
  4. Programar pausas regulares durante o dia: correndo de uma reunião para outra não é produtivo, pois nos cansamos, e perdemos o foco. Devemos bloquear o tempo na agenda diária, e fazer pausas. Fazer dessas pausas uma rotina aumenta a previsibilidade, criando uma programação regular para manter nossa mente organizada.

Espaço: refere-se ao ambiente – local de trabalho, bem como ao nosso espaço virtual. O espaço de trabalho pode não ser a fronteira final, mas é um elemento importante para aumentar a produtividade do trabalho. Aqui estão algumas dicas relacionadas ao espaço:

  1. Trabalhar “offsite” ou “home-work” quando faz sentido: quando precisamos escrever um documento ou pesquisar um tópico, a ausência de interrupções do escritório irá melhorar a concentração.
  2. Consolidar o número de lugares que precisamos ir para obter informações: consolidar essas ações e rotinas tanto geograficamente, dentro do nosso escritório como no tempo, dentro na nossa agenda e rotina diária é fundamental no nosso dia a dia.
  3. Desativar notificações “pop-up” em dispositivos móveis e na área de trabalho: não deixemos que os aplicativos interrompam nossa concentração com mensagens irritantes, o tempo todo. Vamos desativá-los, desliga-los, agora. E, limitarmos a verificação do e-mail para horários definidos durante o dia. Nós não vamos nos arrepender.

Mentalidade: do original em inglês, “mindset”. Vamos nos colocar em uma posição onde podemos nos concentrar em fazer a tarefa certa para aquele momento:

  1. Conversar, não mandar e-mail: peguemos o telefone ou andemos pelo corredor e vamos conversar diretamente com os colegas. Para pessoas geograficamente remotas, usemos o chat. A quantidade de tempo desperdiçado perpetuando cadeias intermináveis ​​de e-mail é espantosa – e os erros inúteis gerados.
  2. Cortar grandes problemas em pedaços menores: isso irá reduzir a sensação de sobrecarga e a procrastinação associada com o início de grandes projetos. Ter uma etapa e uma solução à mão durante todo o processo reduz a ansiedade de enfrentar e executar grandes projetos.
  3. Usar listas de verificação para tarefas repetitivas para reduzir erros: especialmente quando estamos sobrecarregados ou se está trabalhando sob restrições de tempo, listas de verificação nos mantem na trilha certa.

E é sempre bom lembrarmo-nos de que, se mudarmos a forma como agimos, então teremos certamente mudanças, e com resultados concretos para nós mesmos, de maior eficiência – fazendo mais, mais rápido e com menos.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em abril de 2017 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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As lições de Hollywood

Nosso dia a dia no mundo dos negócios inclui uma série de conceitos que são amplamente discutidos e promovidos pelos mais variados e renomados palestrantes. Vemos continuamente alguém promover atitudes e comportamentos que certamente vão nos propiciar sucesso em algo que fazemos. Muitos desses hábitos [compostos por atitudes e comportamentos] estão intimamente ligados a nós mesmos e não notamos o que de fato está acontecendo no nosso dia a dia.

Que tal, então, tirarmos proveito de algumas cenas dos filmes de Hollywood para fixarmos melhor alguns hábitos que devemos perseguir no nosso dia a dia? Que tal assistirmos aos filmes com um olhar além do entretenimento e tirarmos grande proveito disso, enquanto nos divertimos?

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Selecionei a seguir três filmes que contém cenas muito interessantes para fixarmos alguns desses conceitos. E, consequentemente nos lembrarmos desses conceitos no nosso dia a dia e podermos concretamente praticá-los. Identifiquei três conceitos que valem a pena reforçarmos: cumprirmos o horário combinado, cumprirmos o cronograma combinado e agradecermos à equipe que nos apoiou.

Cumprir o horário combinado: no filme “A Sentinela” com Michael Douglas e Kiefer Sutherland, em dado momento o agente representado por Sutherland recebe em sua sala, com hora marcada, a agente representada pela atriz Eva Longoria e o diálogo segue:

David Breckinridge [Kiefer Sutherland]: Você está atrasada.

Jill Marin [Eva Longoria]: É um minuto passado [do horário].

David Breckinridge: Sim. E isso te faz [estar] atrasada.

Vale reforçar aqui a frase final do agente David Breckinridge onde ele afirma que sim, um minuto de atraso não deixa de ser um atraso. Quantas e quantas vezes buscamos desculpas para esse atraso, que apesar de ter a aparência de irrelevante, não altera a realidade, pois um minuto de atraso já é atraso.

Cumprir o cronograma combinado: no filme “Star Wars: Episódio VI – O retorno de Jedi”, Darth Vader vai fazer uma inspeção da construção da segunda estrela da morte, e o diálogo em parte segue:

Moff Jerjerrod: Senhor Vader. Este é um prazer inesperado. Somos honrados pela sua presença.

Darth Vader: Você pode dispensar as gentilezas, Comandante. Estou aqui para colocá-lo de volta no cronograma.

Jerjerrod: Garanto-vos, Senhor Vader, que os meus homens estão trabalhando o mais depressa possível.

Vader: Talvez eu possa encontrar novas maneiras de motivá-los.

Jerjerrod: Eu lhe digo que a estação estará operacional conforme planejado.

Vader: O Imperador não compartilha sua avaliação otimista da situação.

Jerjerrod: Mas ele pede o impossível! Preciso de mais homens!

Vader: Então talvez você possa dizer a ele quando ele chegar.

Jerjerrod [alarmado]: O Imperador está vindo aqui?

Vader: Isso é correto, Comandante, e ele está muito descontente com sua aparente falta de progresso.

Jerjerrod: Vamos dobrar nossos esforços.

Vader: Espero que sim, Comandante, por sua causa. O Imperador não é tão indulgente quanto eu.

Vemos no início da conversa que o propósito da visita não era apenas cortesia, mas sim para colocá-los de volta no cronograma. Todo projeto deve ter um cronograma e esse cronograma deve ser cumprido. O melhor será sempre recebermos nossos superiores e clientes para uma visita de cortesia e podermos afirmar que estamos dentro do nosso cronograma.

Agradecer: no filme “Os Mercenários 3”, logo no início, a primeira ação mostra Barney (Sylvester Stallone) e sua turma de mercenários resgatarem Doc (Wesley Snipes), um dos integrantes originais do grupo, que estava preso há oito anos. Logo em seguida, eles devem partir para cumprir uma missão, entretanto, conforme esse primeiro momento se completa, em duas ocasiões há uma circunstância de agradecimento, com um diálogo bem sucinto. O primeiro logo após retornarem a base provisória com o helicóptero de resgate:

Barney para Doc: Ei, você quer agradecer ao pessoal?

Doc para Barney: O pessoal? Onde está nosso pessoal?

E Doc disfarçadamente sai do assunto.

E após decolarem de avião da base provisória, já no avião, novamente:

Barney para Doc: Você agradeceu ao pessoal, que te ajudou? Diga alguma coisa.

Doc para o pessoal: Ouçam! Já se passou um longo tempo desde que eu tive uma razão para dizer obrigado … então eu só quero … vocês sabem … obrigado!

Um filme sem nenhuma pretensão visível nos traz de forma tão simples, a importância de agradecermos por algo que nos fizeram, por mais difícil que pareça.

Então temos aí três hábitos [compostos por atitudes e comportamentos], de grande valor no nosso dia a dia, tanto profissional como pessoal, de cumprir o horário combinado, cumprir o cronograma combinado e agradecer pelo trabalho feito.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em março de 2017 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Profissões em alta nos últimos 500 anos

Muito se tem falado, escrito e ensinado neste século sobre carreiras. Afinal, uma grande parte de nossa vida será vivida trabalhando, então, que seja em algo bom e proveitoso. Muito se tem feito também para orientar os jovens a escolherem bem sua formação, sua profissão e terem uma carreira profissional de sucesso.

Enquanto sucesso pode ter significado diferente para cada um de nós, trabalhar tem significado muito semelhante a todos. Já tem sido discutido e ensinado pelos psicólogos que o trabalho tem parte significativa na autoestima do ser humano, principalmente pelo seu efeito concreto de ser útil, de se ter valor para algo em prol de alguém ou alguma coisa. Notadamente, se ouve que pessoas que viveram muito, trabalharam até seus últimos dias de vida e, certamente, isso lhes deu mais vida e maior realização.

No livro de Walter Isaacson sobre a vida de Einstein, conta-se que até suas últimas horas de vida ele ainda estava desenvolvendo suas teorias. Foram encontradas folhas de estudo caídas no chão ao lado se sua cama no hospital logo após ele falecer.

flat,800x800,075,fContinuamente estamos ouvindo sobre grandes mudanças no mundo, que tudo vai mudar nos próximos anos e que muitas profissões deixarão de existir. Porém, tenho muita dificuldade em aceitar integralmente essas afirmações. A maioria das profissões permanece a mesma há muitos anos e são seculares, o que varia são as características e as especialidades delas, que se desencadeiam em atividades diferentes dentro de um mesmo ramo profissional.

A medicina, por exemplo. Não faltam relatos históricos de médicos há muitos séculos. Um deles inclusive escreveu um evangelho relatando a vida de Jesus, o médico Lucas, há mais de 2.000 anos atrás. Há também o livro “O Físico”, de Noah Gordon, que conta a história de um homem para quem o bem-estar da humanidade vem em primeiro lugar. O livro, erroneamente traduzido, uma vez que o título original “The Physician” se traduziria para “O Médico”, se tornou muito famoso. Este livro é mais um indicativo dessa fascinante profissão que já existe há séculos e que não vai acabar tão cedo, pois enquanto existirem pessoas, existirão médicos.

A engenharia. Há muitas evidências de que a origem dessa profissão se mistura com a história das civilizações, como disse o engenheiro Nízio José Cabral em plenária no CREA, fazendo valer a frase célebre entre os profissionais da área: “A história da civilização é a história da engenharia”. As evidências incluem principalmente as edificações antigas e que subsistem até os dias de hoje, e as grandiosidades da engenharia moderna que inclusive levaram o homem à lua. A importância dos engenheiros foi longamente exposta por uma reportagem há alguns anos intitulada “A falta que bons engenheiros fazem”, na revista Exame. Uma ótima base para nossa reflexão sobre mais uma profissão secular e que produz tanto impacto positivo em nossas vidas.

A advocacia. Quem não se lembra do filme de muito sucesso chamado “Advogado do Diabo”, sobre uma profissão que encontramos em todo lugar? Quem também não se lembra de Scott Turow, advogado e escritor de vários livros com versões traduzidas e vendidas em milhões de cópias, e que inclusive teve vários dos seus livros reproduzidos em filmes? Quem nunca teve nenhum contato com um advogado, certamente ainda terá. Toda vez que sentimos nossos direitos abusados, buscamos sempre um advogado para defendê-los. A formação de um advogado inclui saber profundamente as leis e os usos e costumes de um povo, para que possam exercer sua profissão da melhor forma. Tem-se na Grécia e no Império Romano as raízes do Direito e as origens da advocacia. Não me parece haver dúvidas da necessidade humana do advogado, profissional que já existe há séculos e que vamos continuar precisando por muito tempo.

A contabilidade. Recentemente vimos no cinema o filme “O contador”, que usa uma profissão – algumas vezes tida como sem qualquer emoção, se transformar em um excelente filme de ação com muita emoção. O pensamento contábil e a profissão de contador desenvolveu-se na idade média com o surgimento do estudo “Contabilidade por Partidas Dobradas” (tractatus de computis et scripturis) do Frei Luca Pacioli. A contabilidade entrou no ramo de conhecimento humano e deu origem a sistematização dos registros, consequentemente ajudando a estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o mundo apresentava. Várias medições de riquezas que são feitas nos dias de hoje se baseiam em dados e registros sistematizados contabilmente. A própria medição que fazemos em nossa declaração de renda, nos demonstrativos contábeis e financeiros das empresas e demais entidades e nos relatórios de governo dos países, são resultado de alguma mensuração e registro contábil subsidiários.

A medicina é uma profissão que nos coloca próxima dos seres humanos desde o início da vida; a engenharia nos propicia as melhores condições de vida; a advocacia defende nossos direitos perante as circunstâncias adversas; e ainda a contabilidade nos propicia conhecimento sobre a forma de registrar e medir nossas necessidades, nosso empenho, nosso desempenho, e acima de tudo, nossa riqueza.

Estas profissões muito bem ilustram a longevidade das necessidades humanas. Elas estão aí há mais de 500 anos e continuam evoluindo a cada dia. Não me parece que profissões como essas, seculares e que lidam com as necessidades básicas e diárias do ser humano, corram algum risco de desaparecer.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em fevereiro de 2017 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Sob nova direção

O que você faria se fosse o novo presidente da sua própria empresa?

Estamos sob nova direção. Esta é uma frase e um evento comum que sempre acontece de tempos em tempos, nos países e nas empresas. Sempre que temos troca de comando e, como consequência, troca do modelo de comando, além da confirmação dos objetivos e do modelo adotado, há um aviso dessa natureza.

É comum que o presidente que assume o comando traga no seu discurso de abertura seu horizonte de tempo e a expectativas. E reconfirma seus compromissos de fazer aquilo que se propôs. Nesse discurso o novo presidente também trata de reconfirmar seu modelo de comando, sua forma de governar.

Nos casos em que a troca de comando decorre de situações de estresse, inclusive é muito comum e natural que se espere ações rápidas que promovam resultados rápidos, sendo esse início como um termômetro, um balizador da forma de gestão que teremos, tanto na sua natureza como na sua velocidade e execução.

Muitos autores discutem as estratégias e táticas que se deve adotar nos primeiros 100 dias, outros falam nos primeiros 90 dias, o que não muda muito, pois estamos falando de um horizonte típico de 3 meses. No nosso caso seja um ou outro horizonte, o que me parece muito apropriado é tomar como horizonte a entrada do próximo ano, de 2018, como referência.

  • Como queremos estar na entrada do próximo ano?

A maior parte desse processo que se tem sido falado da economia em recuperação, de retomada e principalmente de recolocar uma empresa nos trilhos, se origina no dirigente principal da, seja ele proprietário ou não. E com uma economia dando sinais de recuperação, qual seria a sua proposta de recolocar a sua empresa nos trilhos?

  • O que você faria se fosse o novo dirigente da sua própria empresa?

Tomando como referência o livro “Os primeiros 90 dias”, do professor Michel Watkins, podemos tirar várias lições, a começar por “Evitar ciclos viciosos”. Há uma série de armadilhas pessoais, armadilhas do comportamento como chamei em outro artigo, em que estamos sujeitos a cair, constantemente. Cada uma delas é capaz de levar-nos a um ciclo vicioso, uma dinâmica que se retroalimenta e da qual é sempre muito difícil escapar. Torna-se, portanto, essencial reconhecer e evitar essas situações. Cada uma dessas sete armadilhas definidas pelo professor são: 1. Andar em todas as direções; 2. Limites indefinidos; 3. Fragilidade; 4. Isolamento; 5. Julgamento tendencioso; 6. Fuga a responsabilidade; 7. Chegando ao ponto máximo (ao extremo).

Entretanto, a pergunta é o que fazer para se evitar essas armadilhas e, mais ainda, preparar a empresa para entrada do novo ano, renovada, pronta para a retomada, adotando um novo modelo, como se você fosse um novo dirigente da sua própria empresa. Como sair de ciclos viciosos e entrar em ciclos virtuosos? O professor chama essa busca de “auto eficácia”, um estado de comportamento que se atinge a partir de um alicerce com três pilares. Auto eficácia está associada a efetividade das nossas ações, por meio dos nossos comportamentos. Tem o significado ou seria nossa habilidade de produzir os resultados pretendidos por meio das nossas ações.

Os três pilares identificados e suas características são:

  • Planejamento sistemático;
  • Execução disciplinada;
  • Consolidação dos sistemas de apoio.

Planejamento sistemático – é imprescindível se adotar uma estratégia que inclua claramente quais são as prioridades, quais são os planos e quais as ações necessárias para a retomada que se vislumbra. Uma estratégia funcionando rapidamente e produzindo alguns resultados iniciais palpáveis é fundamental, pois proporcionará tanto ao dirigente como à toda equipe, energia e confiança por aquilo que se está concretizando. A medida em que se progride ao longo das etapas de retomada, pode-se então pensar nos desafios de médio e longo prazo.

Execução disciplinada – saber o que fazer não é o mesmo que fazê-lo. As disciplinas pessoais são rotinas regulares que a pessoa se dispõe a cumprir. Destaco apenas três delas, que acredito, nos ajudam muito na nossa disciplina: 1. Acompanhar o planejamento, de forma regular, rotineira e contínua, e não apenas esporadicamente. Essa prática deve ser repetida ao final de cada semana, mês, e se tornar realmente um hábito; 2. Não assumir compromissos irreais, ao sabor do momento. É preciso ter em mente que se temos um planejamento então os compromissos a serem assumidos devem se adequar a esse planejamento; 3. Focar no processo, sempre. Não basta termos boas ideias, devemos assegurar que essas boas ideias sejam discutidas dentro do próprio processo do planejamento, sem perdê-las, mas assegurando sua consistência e implementação.

Consolidação dos sistemas de apoio – essa consolidação, inclusive, depois de um longo período de turbulência econômica como vivemos, deve ser focado em três aspectos: 1. Garantir o controle local, assegurando que se conta com a infraestrutura básica de apoio, reestabelecimento de rotinas básicas pré-estabelecidas e reconfirmação das expectativas de toda equipe; 2. Estabilizar o cenário doméstico, evitando batalhas internas simultâneas e um número exagerado de frentes de trabalho; 3. Criar uma rede de assessoria e aconselhamento. Não há uma pessoa, por mais capaz que seja, que possa fazer tudo sozinho. Desenvolva uma rede de assessores de confiança, considerando assessores técnicos, intérpretes culturais e analistas políticos, bem como combinando-os entre internos (da própria organização) e externos (do mercado).

O dirigente (sob nova direção) precisará manter seu equilíbrio dia após dia. Todas as suas escolhas, decisões e ações, por menores que sejam, se acertadas, serão capazes de criar impulso para toda organização na retomada. Conforme cita o professor em seu livro: “As ações do dia a dia durante o período de transição estabelecem o padrão para tudo o que vem depois, não apenas para a organização, mas igualmente para a eficácia [efetividade] – e realização pessoal – do líder”.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Cinco armadilhas comportamentais, como identificá-las e evitá-las

“Por que fazemos o que fazemos”. Com esta frase, em parte, Charles Duhigg complementa o título de seu livro “O Poder do Hábito”. Então repetimos a pergunta, por que fazemos o que fazemos?

No desejo de fazermos o melhor, de forma exemplar e legitimamente, muitas vezes nos deparamos com um resultado insatisfatório. Concluímos algo e temos um retorno negativo da outra parte. Ou se não negativo, indiferente, ou ainda apenas indicativo de satisfatório, mas não grandioso como esperávamos. Nos frustramos e pensamos se faltou algo e o que seria esse algo que faltou, para deslumbrarmos o outro com nossos feitos.

Certamente a maior parte da razão para termos alguma frustração com a satisfação do outro, seja na vida pessoal, profissional ou mesmo social, tem a ver com a forma como nos comportamos.  Nosso comportamento e nossas próprias atitudes são decorrentes de nossos hábitos e nos levam a interpretar o mundo exclusivamente sob nossa ótica, gerando em nós expectativas equivocadas, que se tornam armadilhas e nos levam a frustrações.

A seguir listo cinco alertas que compilei a partir de vários estudos profissionais na minha carreira e que para nosso dia a dia são muito uteis, sobre situações em que somos pegos por nosso comportamento e hábitos e não nos damos conta previamente de que estamos equivocados, no caminho errado e entrando em uma armadilha de frustração.

“Don´t do a great job … in the wrong areas” – não faça um grande trabalho na área errada.  Muitas vezes somos pegos por essa situação, em que fizemos um belo trabalho, mas que ninguém deu valor. Quando estamos a serviço de alguém, de alguma entidade ou organização, nosso compromisso de trabalho está associado a essa pessoa e, portanto, qualquer coisa que fizermos precisa ser feita sob a ótica dessa pessoa, da necessidade e expectativa dela. Muitas vezes nosso comportamento nos leva a “sair fazendo” e nem consultamos aqueles a quem servimos sobre qual a expectativa em relação ao trabalho. Um desperdício de tempo e esforço.

“Surprises are fun, but not in …” – surpresas são boas, mas nem sempre.  Gostamos de causar surpresa, e sermos bem felizes e felicitados com essa surpresa. Gostamos de ser elogiados por causar uma boa surpresa, mas afinal o que é uma boa surpresa senão algo que em primeiro lugar seria uma boa surpresa para nós. Sabemos se realmente esse acontecimento é uma boa surpresa para o outro? E será que levar esse acontecimento no modo surpresa vai agradar? Quantas e quantas vezes vemos humor feito com o elemento surpresa e o outro é pego em situação desagradável. Será que queremos ser protagonistas de uma surpresa que causa problemas, seja ela boa ou ruim? Na vida e nos negócios, surpresas são sempre bem-vindas, na dose certa, no momento certo, e na forma certa. Portanto, nada melhor que gerirmos muito bem essas surpresas, para que mesmo algo bom não se torne desagradável e possa comprometer o bem-estar de muitos.

“Communication is key …” – comunicação é chave.  Nada de novo aqui, a princípio. Todos nós ouvimos isso diariamente, de que comunicação é chave. Já dizia um apresentador, famoso para os mais velhos, que “quem não se comunica, se trumbica”. Com tantos meios de comunicação à disposição hoje, privados e públicos, moveis e fixos, ainda vemos diariamente uma guerra na comunicação. Certamente, não estamos nos comunicando bem, ou será que estamos confundindo quantidade com qualidade? Arrisco dizer que aumentamos significativamente os meios de comunicação, uma maravilha deste século 21, mas ainda podemos melhorar nossa comunicação e a sua efetividade, de sermos compreendidos. Comunicação boa é aquela que tem a quantidade de informação certa, na qualidade (forma certa de linguagem) certa, e é tempestiva (no tempo certo).

“Have a go-forward plan …” – tenha um plano subsequente. Quantas e quantas vezes chegamos a um destino, seja ele o pretendido ou não, e então nos perguntamos: e agora? Mesmo quando atingimos um resultado positivo, o alvo pretendido, precisamos ter um plano com os próximos passos, pois a vida continua. Desde as situações mais simples e rotineiras até as mais complexas e eventuais, seja na vida pessoal, profissional e social, para vivermos plenamente, devemos sempre estar prontos inclusive para desfrutarmos das nossas conquistas. Da mesma forma que para os reveses devemos sempre estar preparados, sempre termos um plano subsequente, pois afinal a vida continua.

“Consider all resources available to you …” – considere todos recursos à sua disposição. E nos dias atuais, com uma comunicação fluida que temos a todo tempo, os recursos à nossa disposição são muitos. Alguém já cunhou a fórmula: N=1 e R=G, em que N são as nossas necessidades, únicas e, portanto, iguais a 1 (um); e R que são os recursos, iguais a G, globais, disponíveis a nós globalmente.  Desde as pessoas e equipamentos mais próximos a nós todos os dias até os mais distantes, podemos e devemos fazer uso deles para atingir nossos objetivos. Não precisamos e não devemos fazer tudo sozinhos, mesmo que a princípio nos pareça que faz sentido, devemos resistir ao nosso comportamento e buscar ajuda, buscar os recursos à nossa disposição.

Podemos notar claramente no nosso dia a dia essas cinco armadilhas comportamentais e podemos ver que elas nos afetam muito. Embora isoladamente possam parecer irrelevantes e passarem despercebidas, ao longo do tempo e de forma conjunta e contínua, esses comportamentos têm um impacto enorme em nossas vidas, desde a nossa satisfação pelos afazeres pessoais até nossa produtividade profissional. Nos próximos dias, procure identificar essas armadilhas no seu comportamento e mude. Mude o comportamento para que seu dia termine ainda melhor e você possa desfrutá-lo plenamente.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em agosto de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A gestão de pessoas nos negócios

“Ter as pessoas certas no lugar certo – o trabalho que nenhum líder pode delegar”, conforme Larry Bossidy e Ram Charan, no livro “Execução. A disciplina para conseguir resultados”.

Se vamos falar da gestão de pessoas, vamos começar pela gestão de nós mesmos. Delegar é uma arte e como tal precisa ser constantemente aprendida, reaprendida, aperfeiçoada.  Delegar é algo próprio, não se delega a função delegar.

A gestão de pessoas está intrinsicamente associada à arte de delegar. E chamo delegar de arte pois estamos tratando de seres humanos com cultura, comportamento e vontade próprias, tal como cada um de nós.  Portanto, contarmos com o trabalho de alguém em prol da organização, do nosso negócio como um todo é algo nobre, não importa o quanto cada um de nós está sendo remunerado. E da mesma forma, a gestão de pessoas tanto é uma arte como algo nobre que devemos fazer com maestria.

Ter as pessoas certas no lugar certo, então, também é uma arte.  Muitos dos quadros famosos, das músicas – tanto a melodia quanto a letra, e assim por diante, têm algo artístico. Podemos notar que os elementos de composição artística são os mesmos, nos quadros temos as cores, na melodia temos as notas musicais e na letra temos as palavras.  Todos esses elementos estão à disposição de todos nós, mas apenas alguns conseguem compô-los de tal forma que tenhamos harmonia, beleza e que produza resultados causando sensações em cada um de nós.

E vamos além, como cita o livro acima mencionado, no ambiente de negócios, há muitos elementos que as empresas não conseguem controlar. A situação econômica mundial e seus reflexos na economia dos países e nos respectivos setores produtivos é incerta tanto quanto são imprevisíveis as ações dos concorrentes e dos consumidores.  As pessoas de uma organização são o recurso mais confiável que se tem, e que pode gerar resultados excelentes, ano após ano. A experiência, habilidade e opinião de cada uma dessas pessoas na organização pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso.

A gestão de pessoas é uma atividade de longo prazo, desde a contratação, o desenvolvimento e a promoção até que esses profissionais preencham as necessidades de liderança na organização. Mesmo com toda visibilidade que se tem dado ao fator humano nas organizações, ainda notamos que muitas das preocupações dos líderes têm sido decorrente de fatores externos. Em momentos de bonança, esses líderes estão buscando tornar suas empresas maiores e mais globais do que as dos concorrentes, sem considerar que a qualidade do seu pessoal é o fator de maior vantagem competitiva que se pode ter.

A importância de se ter as pessoas certas nos lugares certos, é muito grande.  No livro “Execução. A disciplina para conseguir resultados”, os autores identificam como fundamentais os três processos-chave de uma organização, sendo eles:  Estrutura (que no livro se denomina Operações), Estratégia e Pessoas (no livro denominado Pessoal). Note-se que o processo de “Pessoas” é o mais importante deles, pois é nele que nascem as melhores estratégias e é por meio dele que se faz a gestão da estrutura. Um processo de pessoal inclui três elementos: a avaliação de pessoas de forma apropriada, precisa e profunda; um modelo de identificação e desenvolvimento de talentos; e o plano [pipeline] de sucessão e liderança de forma contínua e sólida.  Se o processo de pessoal não funcionar, nunca se realizará o potencial total do respectivo negócio.

Então por que as pessoas certas não estariam nos lugares certos? Provavelmente a começar pela falta de informação. As organizações não sabem o suficiente sobre as pessoas, seu histórico profissional e de realizações concretas ao longo do tempo. Se tais realizações estão alinhadas com os propósitos de negócios, seja na relação com fornecedores, seja na relação interna pessoal e profissional, ou mesmo na relação com clientes. Percepções precisam ser verificadas e validadas ao longo do tempo com resultados alinhados com as expectativas e dentro dos propósitos da organização.

Alguns elementos fundamentais na gestão de pessoas que devem ser considerados:

➢    Ligar as pessoas à estratégia e à estrutura (operações). Um dos elementos fundamentais de gestão de pessoas é ligar as pessoas aos marcos estratégicos de curto, médio e longo prazos da organização. Essa conexão é fundamental para o desenvolvimento, crescimento e consolidação de qualquer organização ao longo do tempo, inclusive, no alinhamento dos resultados com as expectativas e os propósitos da organização;

➢    Ligar a área de Recursos Humanos aos resultados do negócio. A área de RH precisa estar integrada aos processos-chave da organização, a começar pelo processo de pessoas, tão importante quanto aos processos de estrutura (operações) e estratégia. A conexão do treinamento, desenvolvimento e desempenho das pessoas deve ser promovida, mantida e gerida pela área de RH, como suporte para a liderança no processo de movimentação e promoção de pessoal, continuamente;

➢    Ligar a liderança ao desempenho de seu pessoal. Quando as pessoas certas estão nos lugares certos e, consequentemente, a informação sobre os indivíduos é coletada constantemente, os líderes conhecem as pessoas, como elas trabalham e produzem resultados, então a organização pode aspirar voos mais altos.

Todas essas ações de gestão de pessoas precisam estar bem fundamentadas, seja para promovê-las, movimentá-las, ou mesmo demiti-las, caso necessário.  E, dessa forma, a gestão de RH tem que ter papel fundamental na gestão de pessoas em qualquer organização. Como comentam os autores Larry e Ram em seu livro, se uma organização tem indivíduos com comportamento apropriado, uma cultura que recompensa a execução e um processo coerente para colocar as pessoas certas nos lugares (funções) certos, essa organização já tem a base necessária para operar cada um dos processos de forma efetiva.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em julho de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, Diretor Regional na Anefac Campinas, e conselheiro independente.

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A gestão comportamental dos negócios

Alguns escritores mencionam que empresas têm comportamento semelhante ao do ser humano, talvez uma forma figurativa para se fixar algumas ideias sobre como gerir o comportamento dos negócios. Entretanto, sem entrar no mérito da semelhança ou não dos comportamentos, acredito que sim, temos que gerir o comportamento dos nossos negócios. Não precisamos estudar as semelhanças entre os negócios e o ser humano, basta gerir o comportamento das pessoas que compõem uma entidade, negócio ou atividade profissional. E gerir comportamentos começa de nós mesmos, dos nossos próprios comportamentos.

Ram Charam identifica no seu livro “Execução” o conjunto de elementos que compõem uma execução de forma eficaz, rigorosa e consistente. Esses elementos são: o comportamento, a cultura, e as pessoas. E o livro trata em especial dos comportamentos essenciais do líder. Se uma organização tem líderes com comportamentos apropriados aos propósitos da sua organização, então temos aqui uma boa base para a gestão comportamental do negócio.

Nenhum negócio funciona sem pessoas. Nenhuma empresa ou entidade de qualquer natureza funciona sem que pessoas a façam funcionar. Elas são as engrenagens motoras, não simplesmente as engrenagens, mas aquelas que têm força própria e, portanto, motoras de uma organização, entidade ou empresa.

As pessoas entram para trabalhar em uma empresa com grandes expectativas sobre a cultura e comportamento da organização. Rapidamente buscam aprender e adotar os comportamentos para serem aceitas, respeitadas e reconhecidas nesse ambiente novo para elas. Certamente essas pessoas vão adotar o comportamento existente e em vigor na organização, que refletirá o comportamento do líder daquele negócio, seja ele líder de toda organização ou apenas de uma unidade remota. Como tal, esse comportamento é também a base cultural do negócio e a cultura é a consequência do comportamento, não o inverso.

Agora, se queremos mudar a cultura de uma organização teremos que começar a mudar o comportamento das pessoas, a começar pelo líder dessa organização.

É bom lembrar que tudo aquilo que acontece em nossa cabeça, afeta nosso corpo e, da mesma forma, tudo que acontece na cabeça da organização e de seu líder, afetará todo o negócio. O líder de uma empresa deve perceber e estar sempre alerta para o poder enorme que tem em suas mãos, e que raramente deveria utilizá-lo. Ter um enorme poder e administrá-lo de forma parcimoniosa é uma arte a ser cultivada dia a dia. Uma das definições do dicionário é que líder é aquele indivíduo que exerce influência no comportamento ou modo de pensar de alguém.

E para fazermos a gestão comportamental dos negócios, eu prefiro me ater àquelas ações que se alinham e se harmonizam com a concepção de visão, missão e valores, e que tratam diretamente de comportamentos das pessoas na organização. Identificamos a seguir alguns comportamentos a serem observados pelo líder, em seus vários níveis na organização, desde o principal diretor executivo até o líder de um grupo operacional ou de uma estação de trabalho. Cada líder deverá espelhar em seu comportamento premissas tais como: um propósito comum, uma boa comunicação e acima de tudo, respaldar a competência.

Um propósito comum. Se a equipe não compartilha de propósitos comuns, então essa equipe não compartilha das mesmas metas, mesmo que elas tenham sido desdobradas nos diversos níveis da organização. Não há harmonia no comportamento quando à visão, missão, valores, e as metas decorrentes se não são compartilhadas. O efeito é uma cultura fragmentada, fragilizada, fraca para enfrentar os desafios coletivos. Ter um propósito comum é como construir uma catedral, alguns assentam tijolos, outros constroem catedrais.

Uma boa comunicação. Um desafio interminável no dia a dia de uma organização já que alguns comunicam mais do que o necessário; outros, menos, e nunca todos estão satisfeitos. Algumas regras sempre nos ajudam nessa tarefa, sendo a primeira, é se questionar, se há realmente algo para se comunicar. Então devemos nos questionar, em sendo necessário uma comunicação, sua extensão e detalhes, quanto mais se explica, mais se complica. Devemos também considerar se as comunicações feitas têm natureza vertical, portanto hierárquica, horizontal e, consequentemente, institucional, ou ainda meramente informativa. Mas a regra máxima na comunicação, é ter regras pré-definidas e um processo de revisão e aprovação de qualquer comunicação a ser feita.

Respaldar a competência. Nada melhor e mais efetivo do que reconhecer a competência de uma pessoa. Reconhecer quando essa pessoa sustentou a visão da organização e executou a missão dentro dos valores previamente estabelecidos. Esse é um excelente sinal a ser enviado a toda equipe e que afeta profundamente o comportamento de todos. Quando uma pessoa zela pela competência e é reconhecida, os benefícios são abrangentes e permeiam toda organização. E, consequentemente, promovem o desenvolvimento de uma cultura de excelência.

A gestão comportamental dos negócios é certamente uma tarefa desafiadora para qualquer profissional, não importa seu cargo ou função. Basta que sua responsabilidade seja de liderar uma equipe. Todo o seu comportamento gera efeito e promove comportamentos que refletirão uma cultura no dia a dia. Podemos sempre começar pela reflexão de qual tem sido nosso comportamento diante dos propósitos comuns da organização a que pertencemos e diante da comunicação formal e informal da qual participamos.

E mais ainda, qual tem sido nosso comportamento diante da nossa própria competência. Podemos sempre nos comportar de forma a buscar e atingir nossas próprias metas e a promover uma cultura de competência, acima de tudo.

 

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em junho de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, Diretor Regional na Anefac Campinas, e conselheiro independente.

 

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