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O homem na Lua, há + de 50 anos

Assim que o astronauta Neil Armstrong pisou pela primeira vez na Lua, ele expressou uma frase célebre, que, numa tradução livre, seria: “Este é um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”.

Completamos 50 anos da ida do homem à Lua e até hoje alguns acreditam que foi uma farsa ou como se diz atualmente, “fake news”. Mas, farsa ou não, essa conquista marcou a história dos Estados Unidos da América, e da humanidade. E quantos outros acontecimentos que temos conhecimento têm marcado a história daquele país e de vários outros, acontecimentos esses que entram para a história do país e do mundo como um todo.

Muito se atribui o início da evolução tecnológica à ida do homem à Lua, já que a comunicação remota precisou superar obstáculos enormes: de distância e condições ambientais, seja em torno da Terra, seja muito além no espaço sideral sem vida e inabitável.

No Brasil também temos marcos louváveis em nossa história. Dentre os vários que poderíamos citar está o Plano Real, que debelou a inflação e trouxe previsibilidade para nossa vida no dia a dia. Entretanto, vemos ainda muita dificuldade de termos novos marcos históricos transformadores e de longo prazo. Seria a razão disso o fato de que algumas mudanças que poderiam ser implementadas, serem de longo prazo e, portanto, transcenderem mais que um período de governo? No projeto do homem na Lua estava claro para o então presidente americano, John F Kennedy, que esse desafio, se alcançado, muito provavelmente seria na gestão de seu sucessor, mesmo assim ele lançou o desafio!

Em 2019 superamos um grande desafio, que pode transformar o futuro do país por anos que foi a reforma da previdência. A despeito de qualquer debate que se faça perante essa reforma, os reais benefícios serão colhidos em décadas, muito além da gestão governamental atual. Nossos descendentes, sim, poderão perceber os benefícios dessa reforma tal como hoje desfrutamos dos benefícios do Plano Real, de mais de 20 anos atrás. Há bem pouco tempo tivemos um risco real de perda de controle da inflação e, felizmente, muitos de toda parte de nosso país proclamaram em alto e bom som a necessidade de se manter a inflação sob controle. Também finalmente nos parece que estamos caminhando para uma taxa de juros mais próxima e aceitável para uma economia da magnitude da economia brasileira.

Em uma reportagem há mais de um ano na revista Exame, o título estampava: “Brasil não tem plano estratégico para 20 anos, diz economista”. E ele insistia em outra parte da entrevista: “O país precisa de uma agenda estratégica para os próximos 20, 25 anos. Mas hoje isso não existe”. E em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele levantou alguns pontos que precisariam ser atacados pelo próximo governo para destravar a economia, como a baixa produtividade, os elevados spreads dos bancos, o baixo investimento e a pesada estrutura do estado.

Sabemos que precisamos planejar continuamente e fazemos isso de forma intuitiva, mas a curto prazo. O planejamento transformador deve ser de longo prazo e para isso não basta intuição, precisamos de razão e trabalho duro. A ida do homem à Lua, nosso tema central hoje, nos denota essa necessidade. Não vamos para Lua sem planejar, precisamos construir isso muito bem, inclusive pensando em como lidar com algo que não conhecemos e planejar bem nossa ida e retorno, em segurança e a salvo.

Uma agenda estratégica de governo é fundamental para o crescimento do país pois essa agenda desencadeia uma série de ações no setor privado bem como no terceiro setor que propiciam um retorno ao país e toda sua população de benefícios de toda natureza, a começar por oportunidades de trabalho. É certo que há um debate muito grande sobre a necessidade de se investir em várias frentes, mas acredito que antes de simplesmente sairmos investindo, melhor saber o rumo que vamos tomar, aonde queremos chegar e quais recursos concretos precisamos. Se vamos a Lua ou se simplesmente a um país distante, não conseguiremos definir com clareza nossos investimentos se não soubermos para onde vamos.

Nesses momentos de transformação, rápida e necessária, é que então o planejamento de longo prazo, seja ele governamental ou mesmo privado, toma um papel fundamental na geração de riqueza e prosperidade de uma nação como um todo.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Precisamos tirar o atraso!

Já há muito tempo se fala que o Brasil está atrasado. Seja naquilo que temos disponível em nosso mercado consumidor, seja nas técnicas produtivas básicas e primárias, seja na gestão empresarial. E podemos ir além, somos um dos países que gera os melhores jogadores de futebol do mundo e não conseguimos pagá-los, não temos riqueza no nosso futebol suficiente para retermos nossos melhores jogadores.

Há dez anos, Ferran Soriano publicou o livro “A bola não entra por acaso”, baseado em sua experiência como vice-presidente no FC Barcelona (sim, o time de futebol famoso, Barcelona) entre 2003 e 2008. Consta que nesse período, Ferran Soriano fez do clube – que estava à beira da falência – um modelo de gestão de sucesso: coordenou a transformação estrutural que tornou o Barcelona um dos mais bem-sucedidos e modernos clubes da Europa. Se lermos o título original em espanhol temos ainda melhor noção daquilo que o autor busca expor: “La pelota no entra por azar”!

Ao tomarmos alguns dos ensinamentos que o livro nos traz vemos que precisamos reinterpretar a lógica para avançarmos e tirarmos o atraso. Entender a lógica de uma indústria ou qualquer outra atividade humana (tal como a gestão política e econômica de um país) é imprescindível para participar dela com um mínimo de sucesso. Porém, se o que se quer e se busca é uma mudança, será necessário reinterpretar essa lógica existente no momento e ser capaz de encontrar uma nova compreensão.

A retomada do crescimento brasileiro inclui esse desafio, de que há uma lógica, sim, mas provavelmente não é aquela na qual a maioria acredita e, portanto, não se deu ao trabalho de descobrir a nova lógica instalada. Em um mundo tão competitivo quanto o nosso, quem ganha é aquele capaz de aplicar as novas compreensões da realidade com certa antecipação, quem muda e se adapta primeiro. Também ganham aqueles que são suficientemente analíticos para compreender a nova realidade e suficientemente hábeis e corajosos para colocar suas ideias em prática.

Vivemos um momento claro e objetivo de escolhas em nosso país, escolhas que poderão, ou não, tirar o Brasil do atraso e atrair [novamente] o interesse global pelo nosso potencial. Nosso país tem um enorme potencial econômico e há décadas carece de escolhas relevantes, impactantes e, acima de tudo, certas e transformadoras. Tal como quando se pede a uma equipe que organiza uma expedição em uma floresta e ela inicia um processo de estruturação hierárquica e funcional do grupo expedicionário. Na maioria das vezes, esse grupo costuma esquecer da pessoa mais importante da expedição e ignora a decisão mais transcendente para essa empreitada, de quem foi a decisão de iniciar a expedição e para qual floresta se deveria ir.

De maneira análoga, nos negócios e, acima de tudo, no país, decidir qual é a floresta que se quer explorar, é a primeira decisão e a de mais transcendência. Estamos em um momento de transcendência econômica no Brasil, pois certas florestas precisam ser exploradas, sob pena de nos atrasarmos ainda mais no cenário mundial e aprofundarmos essa crise com danos sociais sem precedentes.

Da intenção ao compromisso. Há uma citação atribuída ao escritor alemão Johann Wolfgang Goethe que trata da lógica do compromisso e que organiza a ideia de que depois da intenção, vem o compromisso, e que sem esse compromisso, não caminhamos, não evoluímos. Em parte, ele escreve: “Enquanto não nos comprometemos, há vacilação, possibilidade de voltar atrás. … quando nos comprometemos a “providência” também dá um passo adiante.”

Portanto, precisamos mudar agora, ou nunca! Quando alguém se encarrega de um projeto que necessita de grande transformação, nos primeiros meses se darão as melhores condições possíveis para decidir e executar as mudanças. Condições que talvez não se repitam, nunca mais.

O que nos parece é que finalmente temos tanto economicamente como politicamente uma floresta escolhida, uma intenção e, acima de tudo, um compromisso por essa exploração. É evidente que muitos ainda não compreenderam a magnitude dessa necessidade e estão vendo esse momento com uma lógica do passado, e com dificuldades de aceitar essa mudança, prospectiva.

Para tirarmos esse atraso do Brasil em relação ao mundo, a passos largos, precisamos dessa firme intenção e do compromisso inequívoco de todos, para concretização desse e de muitos outros objetivos. Precisamos da intenção, e acima de tudo, do compromisso de explorar muitas florestas a começar pela primeira.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em agosto de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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