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Estamos todos conectados

Gosto de associar momentos que estamos vivendo com alguma música que possa expressar, em palavras e melodia, nosso sentimento. Estamos vivendo um momento único, que mesmo que essa expressão pareça repetitiva e óbvia, e com muito que se está dizendo por aí, ainda acredito que a pandemia do vírus na nossa geração é única!

Também gosto de lembrar dos filmes que tentaram predizer eventos catastróficos futuristas e sempre noto que na maioria deles, infelizmente, a realidade se torna muito mais catastrófica do que previsto. De todos os filmes que temos visto sobre contaminação viral, nada se compara ao que estamos vendo agora. Independentemente de ser ou não proposital ou acidental, essa pandemia, sim, tem natureza de guerra biológica.

Uma guerra tem a característica e objetiva atingir o maior número de pessoas ou coisas que causem danos às pessoas ou àquilo que às sustenta; a pandemia desse vírus tecnicamente nominado de COVID19, atinge o maior número de pessoas sem barreiras e de forma imperceptível; ainda causa dano a todo sistema social e econômico, e vice-versa, já que uma das poucas barreiras aparentemente apropriadas é o isolamento social.

E se esse isolamento social é uma barreira para a progressão do vírus, essa barreira social é o contraponto para o cuidado daqueles infectados e ainda causa um dano irreparável na economia. Talvez assim que superado e barrada a progressão da contaminação possamos voltar ao nosso convívio social com os consequentes benefícios econômicos da sociedade.

Mesmo assim, o dano causado pela interrupção da vida em sentido amplo nunca será recuperado. Enquanto isso não faltam ofertas de opiniões, sugestões e recomendações sobre como viver esse momento – único e novo a todos nós!

Foto por Suzy Hazelwood em Pexels.com

Há algum tempo, em épocas festivas, muitas propagandas prescreviam se desconectar dos meios eletrônicos de toda natureza, mídias sociais, grupos privados, internet, televisão (ainda existe televisão), para se conectar social e fisicamente com nossos queridos, agora a ordem de defesa é o oposto: se desconectar física e socialmente das aglomerações para se conectar. Muitos já previram que o mundo se tornaria cada vez mais digital e virtual, e menos real, mas tais previsões foram por outras razões – o vírus é uma razão forçada e, esperamos, momentânea.

Enquanto isso, então, o que fazer? Nesse período de reclusão, de distanciamento social comum e típico, de distanciamento do real trabalho em equipe que tanto se propaga, como cuidar desse período em que todas as prioridades mudam? De certa forma acredito que nosso desafio está mais em nós mesmos do que na oferta de sugestões – não faltam recomendações do que se fazer e, ainda, como se fazer. Mas, antes, porém, precisamos ter em nós mesmos a clareza do que precisamos fazer de forma essencial.

Nos primórdios empresariais e de empreendedorismo, se discutia muito o chamado plano de contingência, que tinha no seu bojo a retomada e manutenção ativa dos negócios em caso de catástrofe. Estamos vivendo uma catástrofe e percebemos que, de certa forma, não estávamos preparados para ela. Apesar de se apregoar continuamente que podemos trabalhar remotamente todo o tempo, o tempo todo, vimos claramente que essa hipótese não é tão executável assim como se parecia. No sentido estrito de trabalho, sim, cada um de nós pode supostamente fazer isso, mas, e todo o aparato que temos nos suprindo o tempo todo, e que agora se desfez?

Foto por Valeria Boltneva em Pexels.com

Me valendo da reflexão de Andreas Kluth na página da Bloomberg Opinion, em 26 de março de 2020, a pandemia nos lembra várias coisas. Primeiro, somos em nossa essência criaturas off-line e analógicas, não on-line e digitais. Não podemos morder bytes, comer algoritmos ou desinfetar com antivírus computacional. Alguém tem que plantar, colher, produzir e entregar nossa comida, alguém tem que cuidar dos doentes. Se essas pessoas nos abandonam ou morrem, somos todos vulneráveis.

O vírus também nos lembra que, apesar de dividirmos nossas tarefas por eficiência, somos todos, finalmente iguais. O vírus infecta as classes alta, média e baixa; não solicita diplomas universitários, não cobra impostos, não pede passaportes ou documentos de migrantes.

Para sobreviver à pandemia, ainda contamos com todos para comparecer ao trabalho remotamente, ou mesmo localmente. Portanto, à medida que governos e empregadores preparam seus planos de resgate, eles devem reconhecer quem carrega qual ônus e qual risco e compensá-los com respeito e dinheiro, durante e depois da crise.

E nós – como cidadãos, consumidores, trabalhadores e pacientes – devemos fazer nossa parte.

A lição final é esta: estamos todos conectados.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em abril de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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As startups e o marketing na vida real

Falar em startups começa com a ideia de um produto ou serviço, onde, normalmente, o empreendedorismo pretende alçar voos longos, virar um “unicórnio”. A emoção começa já na sua concepção, quando se pensa na possibilidade de um mercado milionário, se não bilionário. A empolgação segue, principalmente na perspectiva de crescimento somada à necessidade de buscar investimentos.

É nesse momento do investimento para crescer que a startup vai ter que lidar com o desapego de suas quotas de 100% , e, muitas vezes, de sua “gestão plena”. De forma planejada para mitigar riscos de ambos os lados (empreendedor e investidor), há maneiras de transformar a startup em um bom negócio para ser investido. Hoje, cada vez mais surgem modalidades de investimentos, como investidores anjos, fundos, entre muitos outros.

É inegável que em virtude do tamanho do mercado brasileiro, as startups se deslumbrem com um universo de oportunidades e em inúmeros setores. Entretanto, o olhar para o mercado externo para a abertura de novos negócios e criação de produtos/serviços ainda é tímido. Mas cuidado, o “olhar” para o mercado externo não se limita somente a “pesquisa no google”, é também viver a experiência de estar lá.

Vai a dica !!!!

Mais uma vez um time do Cubo Itaú e do Laboratório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab) pegou a estrada para explorar outros ecossistemas de empreendedorismo tecnológico. Dessa vez, fomos à capital da Argentina, Buenos Aires, que concentra grande parte dos hubs, aceleradoras, startups e grandes empresas do país…. “

Fonte: Rafaela Herrera ,head de startups, e Rodolfo Zhouri, head de corporates do Cubo Itaú…

Veja mais em https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/03/08/startups-argentinas-ja-nascem-mirando-o-mercado-externo-mas-evitam-brasil.htm?cmpid=copiaecola

A criação de um produto/serviço, permite maior competitividade se a startup tiver a ousadia, desde o início de sua concepção, de pensar globalmente. Essa iniciativa faz com que o negócio caminhe para lugares onde seus concorrentes muitas vezes não estão e isso é, sem dúvida,  uma grande vantagem. Essa vantagem, alinhada à uma estratégia comercial de crescimento, pode acelerar o resultado das vendas.

Mas os criadores de produtos/serviços acreditam piamente que estão trazendo algo que vai resolver algum problema e/ou um benefício inédito aos seus clientes. Será? Há um ponto aqui para provocar a reflexão, da importância sobre conceitos de marketing para o lançamento de produtos.

Normalmente, as startups desprendem uma enorme energia na gestão interna que é, sem dúvida, muito relevante, além do operacional na produção de seus produtos/serviços. É inquestionável a importância de uma excelente administração, mas muitas startups se perdem pela carência do planejamento de marketing em conjunto com a área comercial.

Para grandes empresas, o conceito de marketing na forma mais ampla, já faz parte do DNA delas e pode nem ser conhecido pelas empresas iniciantes. Segundo a Definição AMA´s (American Marketing Assossiation):

“Marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para clientes, clientes, parceiros e a sociedade em geral. (Aprovado em 2017)”

É claro que da teoria para a prática sempre há uma diferença. O que se vê ainda são lançamentos de produtos/serviços de forma muito incipiente, e operações de vendas demasiadamente singelas. O mercado é implacável e normalmente decreta o falecimento do negócio de forma rápida, ou seja, sem atratividade em resultados concretos das vendas, a probabilidade de investimentos será muito pequena.

Sim, existem formas variadas de suplantar isto, como ter consultorias associadas com experts multissetoriais. As técnicas de metodologias ágeis também têm ajudado a ajustar rapidamente o que se lança, além de outras formas. Estar atento e cuidadoso em como implantar uma estrutura de vendas e sua abordagem aos clientes, têm ajudado muito “startapeiros”. O que não se pode admitir é que será fácil vender porque o produto é “excepcional”.

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Admirável mundo globalizado

Temos acompanhado de perto e com muitos detalhes o desenrolar surpreendente das consequências e dos riscos do coronavírus, tecnicamente chamado de Covid-19. A velocidade da contaminação tem sido alarmante, assim como o número de mortos. Há um esforço de todos para conter a contaminação com impactos reais na vida de cada ser humano do planeta. Desde a contenção física daqueles mais próximos até a contenção de mobilidade de outros, mesmo que distantes.

Os governos e órgãos econômicos continuam mantendo estimativas alarmantes para uma retração econômica longa. O mundo globalizado está pautado em uma dinâmica da produção mais eficiente e em maior volume no melhor lugar. Essa dinâmica coloca uma dependência de todos para o suprimento global uma vez que grande parte desse suprimento está regionalizado.

A globalização, sempre tida como uma ordem irrefutável e de certa forma benéfica para todo o planeta, agora apresenta de forma mais perceptível suas fraquezas. Quando discutimos a globalização de produtos e serviços e a possibilidade de nos suprirmos das nossas necessidades de qualquer ponto da face da terra, raramente nos damos conta de que um impedimento nessa comunicação e na movimentação de materiais e pessoas podem comprometer todo o sistema.

E vamos além disso – raramente nos damos conta de que temos uma infinidade de alimentos e coisas em nossas casas que nem sabemos de onde vieram, como vieram e quem foram aqueles que produziram. A beleza da globalização nos traz essa harmonia e sonoridade da integração global. Cada um de nós representa uma conexão produtiva no mundo e tanto suprimos como nos beneficiamos dela.

Já tivemos vários outros momentos de ruptura momentânea por outros vírus que se espalharam pelo mundo, mas o que nos torna mais vulneráveis agora é que a cada ano que passa estamos mais interconectados na cadeia produtiva e de suprimentos. Inclusive as catástrofes naturais já têm tido um grande impacto global.

Apesar de futurista em relação ao ser humano, a obra de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, naquela época há quase 100 anos, mostra uma sociedade inteiramente organizada segundo princípios científicos, de pessoas programadas em laboratório, e adestradas para cumprir seu papel numa sociedade de castas biologicamente definidas já no nascimento. O que ocorre é que no mundo industrial globalizado atual, já estamos vivendo algo semelhante, em um ambiente de produção que louva o avanço da técnica, a linha de montagem, a produção em série, a uniformidade. E tudo isso em uma cadeia global de suprimentos!

O que Aldous Huxley não pôde prever, e nem a nossa sociedade tem sido capaz de prever, é a pura realidade humana inserida nesse contexto. O ser humano por natureza adoece, se contamina e se compromete com o seu entorno, e nosso instinto de preservação racional nos leva a ações de contenção e cuidado.

Mesmo como toda evolução biotecnológica farmacêutica na produção de vacinas, a evolução e a mutação desses vírus [e bactérias] está acontecendo em uma velocidade enorme e nós, seres humanos, não temos sido capazes de contê-los!

Enquanto a vacina não chega até cada um de nós, individualmente, nos resta termos precaução e estarmos alertas a todo o tempo.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em março de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Um novo ano, uma nova década, a mesma pandemia

A mudança de década tem sido muito mais lembrada nos últimos anos; inclusive, já se vê uma discussão se a década muda de 19 para 20, ou de 20 para 21. Independente da técnica, é certo que a mudança digital (dos dígitos) visual de 19 para 20 faz muito mais sentido e, portanto, adotamos socialmente como mudança de década.

Mas o que importa mudar uma década? Bom nesta mudança atual, de 19 para 20, importa muito; começamos essa nova década de final 20, com uma pandemia viral sem precedentes.

E ainda tivemos o efeito psicológico, pois todos os comunicadores prospectivos, aqueles que falam do futuro, de como devemos nos preparar para ele e como podemos aproveitar melhor esse futuro, sempre usam essa virada para prognosticar as grandes mudanças e, nos tempos atuais, em especial, as mudanças tecnológicas.

Vamos falar das mudanças tecnológicas então… o que há de expectativa e o que esperar de impacto dessas novidades. Alguns articulistas estão comentando sobre uma mudança tecnológica com efeito de uma inovação das mais disruptivas em décadas. Que essa tecnologia é algo que afetará todos os aspectos da vida das pessoas e será transformativa em todos os aspectos. Arrisco dizer que até aqui, muitos estão pensando a atividade online, mas será somente isso?

Não! Não estamos falando somente da atividade online. Estamos vislumbrando uma inovação que está trazendo a próxima fase na tecnologia de computação, o que a Forbes está chamando de “Próxima Revolução Industrial”.  Simplificando, essa tecnologia vai “automatizar” totalmente todos os aspectos de nossas vidas.

Então do que estamos falando?  Estamos falando de uma “segunda onda” tecnológica, na qual os computadores serão poderosos o suficiente para conversar e aprender com outros computadores. Eles poderão analisar trilhões de pontos de dados e tomar decisões perfeitas em meros nanosegundos e se atualizar automaticamente – sem a necessidade de um operador humano. Esse aprendizado de máquina, essa nova onda está sendo chamada de “inteligência artificial” – que se acredita, mudará o mundo.

Apenas para citar alguns impactos em nossa vida diária da Inteligência Artificial: o carro autônomo tem sido um dos mais citados e vistos como uma ruptura a ser conquistada derivada da IA; já se fala em alguns diagnósticos médicos via celular, não telemedicina, mas diagnóstico de fato em que as condições do paciente são coletadas via câmera do celular; e o efeito na internet chamado Internet das Coisas, que se espera que ela deve gerir as “coisas” a partir das nossas casas, nossos aparelhos eletrônicos, e muito mais.

Mas a inteligência artificial não terá valor nem utilidade alguma se não tiver onde navegar, para onde e de onde, trocar informações. Essa IA precisa ir e vir para gerar algum impacto relevante em nossas vidas. Precisamos da chave e do caminho para que a IA se torne realmente impactante e benéfica.

Agora já sabemos que, graças à IA, a “Internet das Coisas” se desenrolará rapidamente nos próximos anos, mas, para que essas tecnologias se tornem populares, nossa infraestrutura de dados atual exigirá uma atualização maciça. Pensemos na quantidade de dados transmitidos todos os dias à medida que milhões de pessoas veem notícias, interagem nas redes sociais e enviam mensagens de texto de seus celulares. Agora vamos imaginar bilhões de dispositivos “conversando” entre si – enviando e recebendo dados – em alta velocidade, 24 horas por dia. Simplesmente, sem toda uma nova geração de tecnologia de velocidade de dados, a “Internet das Coisas” não decolará e nem muitas outras ideias e propostas, tais como o carro autônomo e outras.

Nesse momento temos mais uma nova onda para essa nova década, uma rede de dados hiper conectada chamada 5G!!! O 5G é um tecido digital unificador que permitirá que bilhões de dispositivos se conectem e se comuniquem, o tempo todo possibilitando a “Internet das Coisas”.

É surpreendente o que se espera aconteça nesta década, mas também é desafiador pois os investimentos necessários para tornar a IA realmente produtiva serão enormes; e ainda, mesmo com essa inteligência artificial extraordinária que possamos ter, sem comunicação entre os dispositivos inteligentes, podemos não ter os benefícios tanto propagandeados. E para isso já se espera que a tecnologia 5G chegue ao mesmo tempo, para que tenhamos uma rede para sustentar toda essa evolução.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em fevereiro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A cidade do futuro. Ou do presente!

Já há algum tempo, uma escola de negócios na Europa, o IMD (Institute for Management Development) publicou em sua página, um índice: de pesquisa e conhecimento, o “IMD Smart City Index 2019”.

O IMD, em parceria com a Universidade de Tecnologia e Design de Cingapura, apresentou em 2019 a primeira edição do IMD Smart City Index com 102 cidades em todo o mundo. Ser uma cidade “inteligente” reconhecida globalmente pode se tornar fundamental para a atração de investimentos e talentos, criando um potencial “ciclo virtuoso”.

Até o momento, este parece ser o único índice global dessa natureza, que se concentra exclusivamente em como os cidadãos percebem o alcance e o impacto dos esforços para tornar suas cidades inteligentes, equilibrando aspectos econômicos e tecnológicos com dimensões humanas.

Já há algum tempo também se viu no Brasil uma discussão, liderada pela CPFL Energia, sobre a cidade do futuro, mais especificamente, “A Energia na Cidade do Futuro”; subsidiada por uma discussão detalhada de nove temas que deverão impactar a cidade do futuro, mais especificamente no setor elétrico. Naquele momento já se via o que hoje tem sido tão fortemente discutido, sobre o que será mais importante para o cidadão: a consciência ecológica universal de preservação do planeta ou o anseio por mais conforto e bem-estar individual? Notamos que certamente a busca do equilíbrio tem sido e deve ser a tônica neste tópico!

O que se nota logo no início dessa discussão, chamada de Visão 2030, é que as atividades econômicas, sociais e mesmo ambientais estão intimamente conectadas com a energia e suas fontes naturais. Elas possuem a energia nas suas mais diversas formas, como um instrumento básico de existência e subsistência. E, além disso, há uma relação direta entre o desenvolvimento econômico e os benefícios sociais derivados, e o consumo de energia, o tempo todo. Desta forma, a garantia do suprimento energético, de forma sustentável preferencialmente, se torna fundamental para qualquer discussão sobre a cidade inteligente, seja do futuro ou mesmo do presente momento.

Enquanto isso, a preparação do índice de cidades inteligentes promovido pelo IMD está baseada em dois pilares para os quais as percepções dos moradores são solicitadas: o pilar Estruturas, que se refere à infraestrutura existente das cidades e o pilar Tecnologia, que descreve as provisões e serviços tecnológicos disponíveis para os habitantes.

Na análise detalhada da cidade do futuro, “Visão 2030”, já no primeiro capítulo temos a discussão sobre a gestão da infraestrutura urbana. Esses temas são intrínsecos e codependentes, pois uma cidade para ser inteligente precisa desse pilar de infraestrutura e a ela acoplada, a tecnologia; mas nem a infraestrutura geral e muito menos a tecnologia funcionam e não funcionarão na cidade inteligente sem a infraestrutura específica de “energia”!

A cidade do futuro, ou mesmo do presente, tende a ser algo como um organismo vivo. Seu crescimento decorre dos usos e costumes de seus habitantes, muitas vezes até de usos impensados e até impróprios. O futuro de uma cidade decorre dessas forças naturais de seus habitantes e seus usos, da visão individual e coletiva da sociedade e suas demandas e, acima de tudo, do poder público e como esse poder interage com as reais necessidades presentes e futuras dessa cidade. Qualquer que seja a visão de uma cidade inteligente, do presente ou do futuro, essa visão somente se materializará de forma gradual e contínua, pela evolução dos processos urbanos.

O poder público eleito tem em suas mãos os vetores de influência e condução dos caminhos que uma cidade pode percorrer na melhoria de sua infraestrutura e tecnologia para sua população. E para que essa melhoria aconteça, é necessário se percorrer um caminho contínuo pois a construção das mudanças é gradual e as mudanças serão absorvidas pelas pessoas em diferentes etapas de sua vida. Da mesma forma, o poder público tem uma responsabilidade de continuidade e persistência na construção contínua dessa melhoria, mesmo nos momentos de sucessão e troca do Executivo e Legislativo de cada cidade.

O índice de cidades inteligentes foi criado baseado em dois pilares, Infraestrutura e Tecnologia e, acima de tudo, o quanto esses dois pilares propiciam benefícios reais à população na sua vida diária. Quanto a infraestrutura, devemos lembrar de alguns componentes que são vitais no nosso dia a dia, tais como água e esgoto, energia elétrica e gás, algumas vezes encanado ou entregue regularmente em nossas casas, e a estrutura viária de ruas e avenidas e principalmente o transporte urbano. Quanto a tecnologia, ainda vemos concretamente muito pouco apesar dos enormes alardes da mídia em geral. A tecnologia tem sido usada para gerir os ativos de infraestrutura e para nos dar como cidadãos muita informação, serviços e lazer.

Talvez com o advento do 5G teremos uma nova onda maior da chamada tecnologia (realmente) embarcada, mas esse tema fica para outro dia!

Nosso país tem os elementos essenciais para a prosperidade. Ainda estamos bem distantes e estamos em poucos e muitas vezes mal colocados (ranqueados) em vários índices tais como de competitividade global e agora de cidades inteligentes – apenas São Paulo e Rio de Janeiro entraram nesse índice. É certo que muitas cidades desse índice são pequenas e médias, certamente sendo muito mais fácil se tornarem inteligentes. Mas isso deve então ser um alento de que muitas das nossas cidades médias poderiam sair na frente e se tornarem cidades inteligentes, exemplo para as demais.

O que nos chama a atenção é que a necessidade de se pensar a cidade do futuro, a cidade inteligente, é imediata – precisamos pensar na cidade do futuro de forma inteligente para termos uma cidade inteligente, na infraestrutura e na tecnologia, em prol da sua população, com benefícios reais de melhoria de condições de vida. A cidade inteligente deve propiciar ao cidadão condições essenciais de educação, saúde e segurança, elementos vitais para o bem-estar social e econômico, o que certamente promoverá um círculo virtuoso econômico e próspero.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em janeiro de 2020 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O mundo das FinTech só está começando!

O alvoroço em torno das chamadas FinTechs tem sido grande. O incômodo que o coletivo tem com os bancos tradicionais é enorme, seja pela dificuldade de se tratar com os bancos ou pelos custos envolvidos nesse relacionamento.

Para melhorar a vida do consumidor de produtos e serviços financeiros, têm surgido todo o tempo as chamadas FinTechs; empresas do setor de Tecnologia que se propõem a oferecer produtos e serviços financeiros de melhor qualidade, com menor custo para o consumidor e de forma mais conveniente.

A onda das Fintechs começou por volta de 2010 como quem iria romper com o sistema financeiro tradicional dos bancos. No linguajar tecnológico seria uma onda disruptiva que mudaria a forma como os bancos e as instituições financeiras de um modo geral operam. Seria o apocalipse das instituições financeiras como as conhecemos.

Dez anos depois, esse apocalipse não aconteceu e o que vemos hoje é que as instituições financeiras continuam operando e crescendo; certamente com muitos diferenciais, principalmente, tecnológicos e muito mais convenientes para os clientes. Além disso, é difícil imaginar as FinTechs ultrapassando completamente os bancos e se envolvendo no nicho de contas correntes. Sempre haverá necessidade de um serviço altamente regulamentado que permita que as pessoas e as empresas mantenham seu dinheiro seguro e acessível. Por hora os bancos parecem ser as entidades mais adequadas para essa função.

Esse e vários outros aspectos são discutidos por Sérgio Schmukler e Juan Jose Cortina Lorente em um artigo de algum tempo atrás denominado: “The FinTech revolution: The end of banks as we know them?” Eles vão além em afirmar que [apesar das instituições financeiras tradicionais continuarem existindo] a tendência para a digitalização e a inovação tecnológica provavelmente reformulará o setor financeiro global e as maneiras pelas quais as empresas financeiras interagem com seus clientes. A proliferação de dispositivos móveis, novos dados demográficos e a ascensão de fornecedores de serviços financeiros são as forças motrizes desse desenvolvimento, alimentando o surgimento de novas soluções e produtos que melhor atendem às necessidades dos clientes, aumentando a acessibilidade, a velocidade e a conveniência.

Como resultado, as expectativas dos clientes em relação aos serviços financeiros estão aumentando e os bancos terão dificuldade em controlar todas as partes da cadeia de valor usando os modelos de negócios tradicionais.

Há também que se notar que alguns bancos globais parecem estar mudando seus canais de distribuição de operações físicas para canais não físicos, que provavelmente serão o principal canal de interação entre bancos e consumidores no futuro. Os bancos também parecem estar mudando e vendo as empresas de tecnologia como parceiros e facilitadores, em vez de disruptores e concorrentes. Os operadores históricos estão percebendo a necessidade de tirar proveito dos recursos da FinTech para expandir os negócios, reter clientes existentes e atrair novos, alguns dos quais anteriormente não eram bancários.

Enquanto isso, sem acesso a uma base de clientes, a confiança do cliente, capital, licenças e uma infraestrutura global robusta, as novas empresas de FinTech descobrirão que existem limites para seu crescimento. A colaboração entre titulares e novos participantes já está ocorrendo e as instituições financeiras titulares parecem estar investindo cada vez mais no setor de FinTech por meio de aquisições, fundos de investimento, incubadoras e aceleradores.

Por outro lado, mais recentemente, um analista de investimentos, Dushyant Shahrawat, em seu artigo sobre investindo em FinTech Startups: “Major disruptors or Mere Distractions?”, comenta que todas essas alegações de que as FinTech Startups seriam disruptivas para as instituições financeiras tradicionais existentes foram esvaziadas. A disrupção em si é complicada, pois é um extremo do espectro de mudanças, com o “status quo” sendo o outro extremo. Entre esses, existem muitos estágios de mudança, que podem não ser facilmente visíveis. Desta forma, ele propõe que as FinTechs pensem além da disrupção.

Existem muitas outras maneiras pelas quais essas startups e as tecnologias emergentes estão forçando mudanças, com grandes implicações na estrutura da indústria, lucratividade, crescimento e até em nossas próprias carreiras.

As FinTechs podem não estar “rompendo” com as instituições financeiras tradicionais, mas estão alterando fundamentalmente o setor de outras maneiras importantes. As startups estão pressionando pela inovação, alterando a lucratividade do setor e reorganizando as cadeias de valor.

Certamente, daqui algum tempo, quando olharmos para trás, veremos que as FinTechs terão realmente forçado instituições financeiras a mudar radicalmente.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em dezembro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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A nova onda ambiental no mundo

Já há algum tempo, e mais recentemente por toda parte, há uma crescente demanda por uma nova onda de proteção ambiental. Lidar com o assunto (ou tema), seja nos âmbitos global, nacional, local, pessoal e até mesmo empresarial não é uma tarefa fácil.

Discutir o futuro ambiental do planeta tende a ser algo semelhante a discutir o futuro espiritual da humanidade, algo que está sempre além de nós mesmos. A pirâmide de Maslow já concebeu e nos explica muito bem essa dificuldade. As necessidades humanas começam pelo básico, pelas necessidades fisiológicas que podemos simplificar como necessidades de sobrevivência humana natural, incluindo alimentação, bebida e abrigo.

Em seguida, temos a necessidade de segurança própria, uma segurança representada pela ordem, pela lei, pela estabilidade do meio em que se vive. Esses dois primeiros elementos, as necessidades fisiológicas e de segurança, se classificaram após anos de estudos como necessidades básicas do ser humano.

Discussões sobre o meio ambiente e sua proteção são nobres, mas precisam estar em harmonia com a satisfação das necessidades humanas básicas. De outra forma ficarão vazias e sem respaldo da população. Adicionalmente, as organizações empresariais e as não governamentais, as chamadas ONGs, têm um papel fundamental no apoio a essas iniciativas. A começar por tornarem públicas suas próprias metas associadas às iniciativas ambientais, sociais e de governança, as iniciativas do inglês ESG, e seus respectivos relatórios.

Um relatório do fundo de investimentos Blackrock sobre a sustentabilidade como o futuro dos investimentos, defende que a existência de dados mais detalhados, a análise mais sofisticada e a compreensão social da sustentabilidade em mudança [além de aumentar a conscientização de que certos fatores – geralmente caracterizados como ambientais, sociais e de governança ou ESG] podem estar ligados ao potencial de crescimento de uma empresa a longo prazo.

https://www.blackrock.com/us/individual/literature/whitepaper/bii-sustainability-future-investing-jan-2019.pdf

Esses e muitos outros relatórios estão disponíveis para nos suprir de entendimento da situação. Outro estudo, agora da Accenture Strategy sobre o Pacto Global das Nações Unidas também tratou do tema. Esse estudo sobre sustentabilidade oferece uma visão sobre as oportunidades e os desafios para a sustentabilidade desde o lançamento dos Objetivos Globais em 2015.

Interessante se observar que a transformação é difícil. Restrições econômicas e prioridades concorrentes são barreiras comuns a serem superadas. Incertezas geopolíticas, tecnológicas e socioeconômicas também são fatores desafiantes.

O grande destaque dos relatórios técnicos estruturantes é que na maioria deles está clara a necessidade de harmonia e alinhamento entre governos, iniciativa privada e organizações não governamentais. Mas não somente um alinhamento de ideias e, sim, um alinhamento de necessidades e fatos. Não bastam desejos e holofotes sem dados consistentes para subsidiar os fatos e, mais importante, para subsidiar propostas e iniciativas.

As ONGs, por exemplo, podem apresentar relatórios próprios de suas atividades ambientais, sociais e de governança bem como propostas estruturantes para se atrair interesse e capital para suas demandas.

As empresas, da mesma forma podem e devem divulgar detalhadamente, dados próprios dos impactos que seus negócios têm no meio ambiente, na sociedade e sua estrutura de governança. Em meio a toda essa agitação ambiental, a Amazon, uma das mais famosas empresas do mundo, tornou públicas algumas de suas iniciativas, buscando dar transparência ao seu compromisso com o meio ambiente.

E ainda mais importante é a participação dos governos nessas iniciativas. Tal como observado anteriormente, os governos devem implementar iniciativas que busquem um ganha-ganha.

Ações regulatórias que promovam inovações tecnológicas e a transição da indústria para uma economia de baixo impacto ambiental podem ajudar; mas tais ações devem gerar benefício social.

E ainda devemos promover a busca de uma sociedade mais eficiente e produtiva, e que possa satisfazer suas próprias necessidades básicas. Pois de outra forma discutiremos o futuro ambiental do planeta tal como se discute o futuro espiritual da humanidade, algo que está sempre além de nós mesmos.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em novembro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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As megatendências e suas oportunidades!

No início dos anos 2000, uma nova tecnologia de perfuração e extração petrolífera chamada “fracking” começou a se espalhar pelo Estados Unidos. Fracking é o processo de injetar água em camadas de rocha que suportam petróleo a uma pressão muito alta, o que permite que o petróleo e o gás fluam em direção à cabeça do poço. Usado com outra inovação chamada perfuração horizontal, o fracking criou uma revolução econômica.

Na década de 2000, os Estados Unidos produziam, em média, cerca de sete milhões de barris por dia, tendo a Rússia e a Arábia Saudita à frente. Na metade da década seguinte, a produção americana disparou para atingir, em 2015, 12 milhões de barris por dia. O fracking permitiu que os EUA reduzissem drasticamente sua dependência ao petróleo estrangeiro e tornar-se uma das superpotências de energia do mundo novamente. Tudo graças às descobertas de xisto.

Na mesma época que o fracking começou a mudar para sempre o negócio de petróleo americano, o lendário Steve Jobs começou uma revolução por conta própria. Em 29 de junho de 2007, Jobs apresentou ao mundo a mais recente criação da Apple, o iPhone. O resto da história, você já sabe.  O iPhone passou a ser um dos produtos de consumo mais bem-sucedidos da história. Mais de um bilhão de iPhones foram vendidos desde 2007. O produto cimentou o status de Jobs como um dos maiores inovadores da realidade.

Essas duas histórias são sobre indústrias muito diferentes, mas elas têm na essência uma grande semelhança. Ambas são o produto de mentes livres e mercados livres. Ambas foram possíveis graças à uma inovação incrível. E ambas as histórias se passaram ao longo de muitos anos… enquanto criaram uma riqueza incrível para muitos.

Foto por Markus Winkler em Pexels.com

E nesse contexto, quais seriam as megatendências que estão se formando e estarão presentes na próxima década até 2029? Identificar essas tendências de negócios que moldam o mundo, desde o início, nos permitirá desfrutar delas em cada um dos nossos negócios. Matt McCall é um articulista que escreve sobre finanças e investimentos e é autor de dois livros de investimento best-sellers: The Swing Trader’s Bible e The Next Great Bull Market. Em um de seus vários artigos, ele identifica quatro grandes tendências do mundo moderno que estão constantemente transformando os negócios de forma profunda, que reproduzimos a seguir:

  • Inovação tecnológica: a humanidade tem uma história de inovações tecnológicas, como a imprensa, a internet, as ferrovias, os carros, as ressonâncias magnéticas, os antibióticos, as viagens aéreas, os telefones, a energia elétrica e o computador pessoal. Produtos e setores que nos permitiram passar de cavernas a aterrissar na lua;
  • Inovação empresarial: esta é uma categoria ampla para classificar grandes avanços nos negócios. Embora frequentemente utilizem inovações tecnológicas, seu coração é de alguém que descobriu uma maneira melhor de fazer negócios. Exemplos que ilustram muito bem esses avanços incluem McDonald’s, Starbucks, entre muitos.
  • Grandes mudanças econômicas ou demográficas: por volta dos anos 1980, o dragão adormecido – a China – acordou. Um homem chamado Deng Xiaoping tornou-se líder do país. Deng acreditava que as pessoas deveriam ser livres para conduzir seus negócios e enriquecer. Ele relaxou os onerosos controles de negócios do governo e o que se seguiu foi um dos maiores booms econômicos da história. Na esteira das reformas de Deng, o país começou a construir rodovias, arranha-céus, portos, pontes, fábricas e usinas elétricas em escala colossal. Uma enorme população de jovens chineses estava lá para fazer o trabalho. Naturalmente, todos aqueles prédios consumiam quantidades impressionantes de recursos naturais. Para abastecer sua farra de construção, a China utilizou enormes quantidades de cobre, minério de ferro, petróleo, gás natural, carvão, zinco e estanho. Isso, por sua vez, criou um dos maiores e mais longos mercados de commodities da história.
  • Crise significa oportunidade: não é politicamente correto dizer isso, mas desastres econômicos criarão muitas das maiores oportunidades de investimento que teremos. Na maioria das vezes, os mercados financeiros precificam a maior parte dos ativos corretamente. A informação flui à velocidade da luz em nossa economia moderna. Isso dificulta a compra de ativos por menos do que eles realmente valem ou a venda de ativos por mais do que realmente valem.

Durante uma crise financeira (e/ou econômica), os mercados enlouquecem. Os investidores despejam ativos como ações e imóveis sem se preocupar com sua capacidade de produzir fluxos de caixa, aluguéis ou dividendos. É por isso que os mercados, a economia em baixa, as quedas de estoque, as guerras e os pânicos financeiros tendem a oferecer oportunidades extraordinárias para as pessoas que conseguem manter a cabeça fria enquanto outras perdem.

O que temos visto é que o crescimento econômico tem sido possibilitado pela inovação tecnológica e a inovação empresarial. E isso nos mostra que devemos sempre procurar investir antes das grandes mudanças econômicas, se possível, é claro! Isto inclui mudanças “demográficas”, e crises pandêmicas, tal como esta, de 2020.

Tal como muitos de nós dizemos: “Nunca deixar uma crise ser desperdiçada”.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em outubro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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O homem na Lua, há + de 50 anos

Assim que o astronauta Neil Armstrong pisou pela primeira vez na Lua, ele expressou uma frase célebre, que, numa tradução livre, seria: “Este é um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”.

Completamos 50 anos da ida do homem à Lua e até hoje alguns acreditam que foi uma farsa ou como se diz atualmente, “fake news”. Mas, farsa ou não, essa conquista marcou a história dos Estados Unidos da América, e da humanidade. E quantos outros acontecimentos que temos conhecimento têm marcado a história daquele país e de vários outros, acontecimentos esses que entram para a história do país e do mundo como um todo.

Muito se atribui o início da evolução tecnológica à ida do homem à Lua, já que a comunicação remota precisou superar obstáculos enormes: de distância e condições ambientais, seja em torno da Terra, seja muito além no espaço sideral sem vida e inabitável.

No Brasil também temos marcos louváveis em nossa história. Dentre os vários que poderíamos citar está o Plano Real, que debelou a inflação e trouxe previsibilidade para nossa vida no dia a dia. Entretanto, vemos ainda muita dificuldade de termos novos marcos históricos transformadores e de longo prazo. Seria a razão disso o fato de que algumas mudanças que poderiam ser implementadas, serem de longo prazo e, portanto, transcenderem mais que um período de governo? No projeto do homem na Lua estava claro para o então presidente americano, John F Kennedy, que esse desafio, se alcançado, muito provavelmente seria na gestão de seu sucessor, mesmo assim ele lançou o desafio!

Em 2019 superamos um grande desafio, que pode transformar o futuro do país por anos que foi a reforma da previdência. A despeito de qualquer debate que se faça perante essa reforma, os reais benefícios serão colhidos em décadas, muito além da gestão governamental atual. Nossos descendentes, sim, poderão perceber os benefícios dessa reforma tal como hoje desfrutamos dos benefícios do Plano Real, de mais de 20 anos atrás. Há bem pouco tempo tivemos um risco real de perda de controle da inflação e, felizmente, muitos de toda parte de nosso país proclamaram em alto e bom som a necessidade de se manter a inflação sob controle. Também finalmente nos parece que estamos caminhando para uma taxa de juros mais próxima e aceitável para uma economia da magnitude da economia brasileira.

Em uma reportagem há mais de um ano na revista Exame, o título estampava: “Brasil não tem plano estratégico para 20 anos, diz economista”. E ele insistia em outra parte da entrevista: “O país precisa de uma agenda estratégica para os próximos 20, 25 anos. Mas hoje isso não existe”. E em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele levantou alguns pontos que precisariam ser atacados pelo próximo governo para destravar a economia, como a baixa produtividade, os elevados spreads dos bancos, o baixo investimento e a pesada estrutura do estado.

Sabemos que precisamos planejar continuamente e fazemos isso de forma intuitiva, mas a curto prazo. O planejamento transformador deve ser de longo prazo e para isso não basta intuição, precisamos de razão e trabalho duro. A ida do homem à Lua, nosso tema central hoje, nos denota essa necessidade. Não vamos para Lua sem planejar, precisamos construir isso muito bem, inclusive pensando em como lidar com algo que não conhecemos e planejar bem nossa ida e retorno, em segurança e a salvo.

Uma agenda estratégica de governo é fundamental para o crescimento do país pois essa agenda desencadeia uma série de ações no setor privado bem como no terceiro setor que propiciam um retorno ao país e toda sua população de benefícios de toda natureza, a começar por oportunidades de trabalho. É certo que há um debate muito grande sobre a necessidade de se investir em várias frentes, mas acredito que antes de simplesmente sairmos investindo, melhor saber o rumo que vamos tomar, aonde queremos chegar e quais recursos concretos precisamos. Se vamos a Lua ou se simplesmente a um país distante, não conseguiremos definir com clareza nossos investimentos se não soubermos para onde vamos.

Nesses momentos de transformação, rápida e necessária, é que então o planejamento de longo prazo, seja ele governamental ou mesmo privado, toma um papel fundamental na geração de riqueza e prosperidade de uma nação como um todo.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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Conhecimento, Cultura e Estilo, Gestão empresarial, Gestão pessoal, Risco Empresarial

Precisamos tirar o atraso!

Já há muito tempo se fala que o Brasil está atrasado. Seja naquilo que temos disponível em nosso mercado consumidor, seja nas técnicas produtivas básicas e primárias, seja na gestão empresarial. E podemos ir além, somos um dos países que gera os melhores jogadores de futebol do mundo e não conseguimos pagá-los, não temos riqueza no nosso futebol suficiente para retermos nossos melhores jogadores.

Há dez anos, Ferran Soriano publicou o livro “A bola não entra por acaso”, baseado em sua experiência como vice-presidente no FC Barcelona (sim, o time de futebol famoso, Barcelona) entre 2003 e 2008. Consta que nesse período, Ferran Soriano fez do clube – que estava à beira da falência – um modelo de gestão de sucesso: coordenou a transformação estrutural que tornou o Barcelona um dos mais bem-sucedidos e modernos clubes da Europa. Se lermos o título original em espanhol temos ainda melhor noção daquilo que o autor busca expor: “La pelota no entra por azar”!

Ao tomarmos alguns dos ensinamentos que o livro nos traz vemos que precisamos reinterpretar a lógica para avançarmos e tirarmos o atraso. Entender a lógica de uma indústria ou qualquer outra atividade humana (tal como a gestão política e econômica de um país) é imprescindível para participar dela com um mínimo de sucesso. Porém, se o que se quer e se busca é uma mudança, será necessário reinterpretar essa lógica existente no momento e ser capaz de encontrar uma nova compreensão.

A retomada do crescimento brasileiro inclui esse desafio, de que há uma lógica, sim, mas provavelmente não é aquela na qual a maioria acredita e, portanto, não se deu ao trabalho de descobrir a nova lógica instalada. Em um mundo tão competitivo quanto o nosso, quem ganha é aquele capaz de aplicar as novas compreensões da realidade com certa antecipação, quem muda e se adapta primeiro. Também ganham aqueles que são suficientemente analíticos para compreender a nova realidade e suficientemente hábeis e corajosos para colocar suas ideias em prática.

Vivemos um momento claro e objetivo de escolhas em nosso país, escolhas que poderão, ou não, tirar o Brasil do atraso e atrair [novamente] o interesse global pelo nosso potencial. Nosso país tem um enorme potencial econômico e há décadas carece de escolhas relevantes, impactantes e, acima de tudo, certas e transformadoras. Tal como quando se pede a uma equipe que organiza uma expedição em uma floresta e ela inicia um processo de estruturação hierárquica e funcional do grupo expedicionário. Na maioria das vezes, esse grupo costuma esquecer da pessoa mais importante da expedição e ignora a decisão mais transcendente para essa empreitada, de quem foi a decisão de iniciar a expedição e para qual floresta se deveria ir.

De maneira análoga, nos negócios e, acima de tudo, no país, decidir qual é a floresta que se quer explorar, é a primeira decisão e a de mais transcendência. Estamos em um momento de transcendência econômica no Brasil, pois certas florestas precisam ser exploradas, sob pena de nos atrasarmos ainda mais no cenário mundial e aprofundarmos essa crise com danos sociais sem precedentes.

Da intenção ao compromisso. Há uma citação atribuída ao escritor alemão Johann Wolfgang Goethe que trata da lógica do compromisso e que organiza a ideia de que depois da intenção, vem o compromisso, e que sem esse compromisso, não caminhamos, não evoluímos. Em parte, ele escreve: “Enquanto não nos comprometemos, há vacilação, possibilidade de voltar atrás. … quando nos comprometemos a “providência” também dá um passo adiante.”

Portanto, precisamos mudar agora, ou nunca! Quando alguém se encarrega de um projeto que necessita de grande transformação, nos primeiros meses se darão as melhores condições possíveis para decidir e executar as mudanças. Condições que talvez não se repitam, nunca mais.

O que nos parece é que finalmente temos tanto economicamente como politicamente uma floresta escolhida, uma intenção e, acima de tudo, um compromisso por essa exploração. É evidente que muitos ainda não compreenderam a magnitude dessa necessidade e estão vendo esse momento com uma lógica do passado, e com dificuldades de aceitar essa mudança, prospectiva.

Para tirarmos esse atraso do Brasil em relação ao mundo, a passos largos, precisamos dessa firme intenção e do compromisso inequívoco de todos, para concretização desse e de muitos outros objetivos. Precisamos da intenção, e acima de tudo, do compromisso de explorar muitas florestas a começar pela primeira.

Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em agosto de 2019 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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