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As primaveras da pandemia

Já há algum tempo, os brasileiros têm vivido de maneira tumultuada, com a corrida das vacinas atrelada a reduzir as mortes que se acumulam pela COVID-19. Mês a mês é semeada a esperança de dias melhores e, coincidentemente, em breve, a primavera irá chegar e com ela a simbologia de um recomeço, do florescer.

Em 2020, o desabrochar da primavera ocorreu de uma forma peculiar, com a carga do inesperado frente à reação do vírus e suas mutações, um contexto difícil para toda a população mundial. A crise econômica –  em efeito cascata – também aflorou de uma forma sem precedentes em relação aos últimos 70 anos. Alguns artigos, como o da Forbes brasileira, compararam esta primavera “perdida” com o que ocorreu na Segunda Grande Guerra, quando a Alemanha nazista paralisou a Europa na Primavera de 1940.

O The Economist deste ano, coloca que na história da humanidade, um período de paralisação mundial é normalmente seguido do aquecimento na economia, um boom, que beira o “obvio”: a mudança no comportamento de consumo da sociedade capitalista. Essa mudança está inserida em ambientes extremos, onde produtos que até então quase não eram consumidos, desaparecem em questão de pouquíssimos dias. Inúmeras pessoas que trabalham no setor de serviços entraram em colapso, gerado pelo aumento descontrolado de certas demandas ou até mesmo pela “morte”, como é o caso do setor de Turismo.

O protagonista da vez pós-COVID-19 é a revolução tecnológica. As  compras on line, por exemplo, devem continuar ocupando um espaço significativo em nossas vidas. Um artigo recente da Forbes menciona o renascimento digital, entretanto, há uma questão que “paira no ar”: por quanto tempo e quais os setores que irão realmente permanecer estáveis ou até mesmo crescer ainda mais?

E como fica a necessidade de interação social no movimento de “sair para ir às compras”, do estímulo sensorial de tocar o produto? Será que a nova geração, remanescente pós-pandemia, vai comprar o famoso pão francês por aplicativo? O clássico pão crocante, da padaria “perto de casa”, quente e com todo o perfume que lhe cabe?

Em 2020, uma pesquisa feita pelos cartões Visa, mostrou que no Brasil as transações financeiras feitas na aquisição de jogos cresceram 140% em comparação a 2019, o que reflete a busca do entretenimento para longos períodos em casa. Entretanto, na outra ponta “fora de casa”, outras rotas alternativas foram exploradas: as atividades ao ar livre.

O relatório do aplicativo Strava, a maior comunidade esportiva do mundo com 73 milhões de usuários em 195 países, destaca o boom das atividades esportivas com o centro das atenções para atividades como ciclismo e corrida. No Brasil em 2020, esses dois esportes tiveram um aumento aproximado de 35% quando comparado com 2019.

Segundo o Strava, as mulheres seguem na liderança no aumento das atividades esportivas em 2020, em comparação com os homens. Curiosamente, as mulheres usuárias frequentes  apresentaram um aumento  de 2019 para 2020, sendo  13,3% na frequência das atividades e 14,7% na duração. Em paralelo, inúmeros artigos mencionam o quanto elas, de uma maneira global, foram as mais afetadas psicologicamente.

Para os negócios, toda essa situação na sociedade capitalista é um misto de crise com oportunidade  e ela aponta a importância do planejamento e a necessidade de reestruturação para se manter. A questão prática não é qual vai ser o real cenário daqui para frente, mas sim, como cada empresa, cada estrategista, vai se portar e dar atenção a isso.

Esperar para ver no que vai dar e “tentar” surfar na crista da onda, pode significar o fim do jogo para muitas empresas. Também não se pode ter a crença  que esse reaquecimento será para todos.

Uma das únicas certezas é que, sim, a economia está se movendo para novos caminhos, novas colheitas. Não tem jeito, a natureza mesmo com as inúmeras alterações que possam ter ocorrido antes, se encarrega de florescer na primavera. No caso das empresas, buscar a readaptação e o planejamento são questões  de sobrevivência, para então florescer e gerar frutos financeiros com constância como no ciclo das primaveras.

Veronika Rezzani: Profissional especializada em expansão de mercados e produtos empresariais, nacionais e internacionais. Exerceu por vários anos a função de liderança em multinacionais bem como foi empreendedora na produção de cosméticos e de higiene pessoal. Tem formação pelo “Executive Education Leadership Program” da Harvard Business School, e em “Digital Marketing Strategies” pela Kellogg School of Management e especialização em Marketing pela ESPM.

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As nuances da internacionalização nas empresas.

Com tanta coisa acontecendo no mundo com essa pandemia, ter a notícia que o Brasil teve recorde histórico de superávit da balança comercial em abril de 2021 é algo que nos enche de otimismo. Independentemente dos setores que exportaram mais ou menos, transpor fronteiras é, sem dúvida, uma boa opção às empresas para aumentarem seus volumes de vendas atingindo mercados estrangeiros.

Bom, não é bem assim, cada vez mais empresas dos mais diversos tamanhos e segmentos têm desbravado novos mercados internacionalizando suas operações e, ao vencerem esses receios iniciais, conseguem resultados incríveis.

Fazendo uma pesquisa no Google sobre internacionalização de empresas, encontramos  inúmeras opções de páginas na internet com dicas, cursos e até consultorias especializadas sobre o tema. Muitas dessas páginas buscam explicar como se faz, mas muitas não são muito práticas e trazem ainda maior temor aos empreendedores.

Sendo extremamente prática e simples, o que se precisa fazer para vender fora do Brasil não é muito diferente do que você já faz no Brasil. Sim, acredite, o que muda são nuances, as diferenças de uma mesma estrutura de itens a serem feitos.

As perguntas aqui no Brasil ou em qualquer país do mundo são sempre as mesmas: Tem mercado? Qual o tamanho? Quem são os concorrentes? Tem requisitos técnicos e de legislação? Nossa capacidade produtiva atende? Vamos conseguir oferecer nossos serviços nesse local? Como vamos dar suporte aos clientes no pós-venda? E o marketing? Como vai ser o jeito de vender? Conseguimos alguma ajuda do governo, seja aqui ou em outro local?

Pensar que são as mesmas coisas que se faz, mas que agora vai se lidar com as nuances de uma internacionalização, pode ajudar a trazer uma sensação ao empreendedor que ele não está lidando com algo impossível, algo tão desconhecido assim. E como começar então?

Já que é para ser prático, vale exemplificar alguns pontos e suas diferenças como:  primeiro: a definição do mercado associado às obrigações legais com adequação de produto e, segundo: o tema tributário. 

Outro detalhe, e que impacta diretamente nos resultados financeiros, está diretamente relacionado aos tributos fiscais. Empresas que têm a classificação fiscal como lucro real ou presumido podem se beneficiar de créditos tributários estaduais e federais quando relacionados à exportação.  A recomendação é que se faça um cálculo do faturamento para a exportação versus o mercado nacional. Dessa forma, chegar ao ponto de equilíbro tributário onde percentual do que se exporta seja o suficiente para que os créditos tributários fiquem equivalentes aos débitos em território nacional.

Olhar o mercado de outro país é o mesmo que olhar os regionalismos no Brasil. É óbvio que vão existir diferenças e entender isso é chave para se conquistar o cliente estrangeiro. E importante: internacionalizar não é vender para todos os países do mundo. Não, não! Escolher os países-alvo é o primeiro passo mesmo, vendo se a conta de investimento e retorno fazem sentido.

A diferença então é como se começa a obter informações e a boa notícia é que já existem pessoas e instituições que podem lhe ajudar. Isso é ótimo, focar a energia do trabalho para conhecer cada uma das estruturas que existem, por exemplo a APEX, o Exporta Fácil, as câmaras de comércio, entre outros. Feiras internacionais também ajudam muito a conhecer o mercado, o que os movimentam, elas são uma fonte riquíssima de informação, de ver tudo em um único lugar, falar com gente que já exportou e chegar à oferta dos produtos e tendências.

Portanto, a ideia é deixar a sensação de que o processo é o mesmo que todas as empresas estão acostumadas, mas somente com nuances, diferenças peculiares da internacionalização. O que se descobre é que são passos pequenos e focados, apesar de trabalhosos para que, em meses, você já se torne um exportador e melhore sua competitividade e ganhos em vendas fora do país.

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As startups e o marketing na vida real

Falar em startups começa com a ideia de um produto ou serviço, onde, normalmente, o empreendedorismo pretende alçar voos longos, virar um “unicórnio”. A emoção começa já na sua concepção, quando se pensa na possibilidade de um mercado milionário, se não bilionário. A empolgação segue, principalmente na perspectiva de crescimento somada à necessidade de buscar investimentos.

É nesse momento do investimento para crescer que a startup vai ter que lidar com o desapego de suas quotas de 100% , e, muitas vezes, de sua “gestão plena”. De forma planejada para mitigar riscos de ambos os lados (empreendedor e investidor), há maneiras de transformar a startup em um bom negócio para ser investido. Hoje, cada vez mais surgem modalidades de investimentos, como investidores anjos, fundos, entre muitos outros.

É inegável que em virtude do tamanho do mercado brasileiro, as startups se deslumbrem com um universo de oportunidades e em inúmeros setores. Entretanto, o olhar para o mercado externo para a abertura de novos negócios e criação de produtos/serviços ainda é tímido. Mas cuidado, o “olhar” para o mercado externo não se limita somente a “pesquisa no google”, é também viver a experiência de estar lá.

Vai a dica !!!!

Mais uma vez um time do Cubo Itaú e do Laboratório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab) pegou a estrada para explorar outros ecossistemas de empreendedorismo tecnológico. Dessa vez, fomos à capital da Argentina, Buenos Aires, que concentra grande parte dos hubs, aceleradoras, startups e grandes empresas do país…. “

Fonte: Rafaela Herrera ,head de startups, e Rodolfo Zhouri, head de corporates do Cubo Itaú…

Veja mais em https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/03/08/startups-argentinas-ja-nascem-mirando-o-mercado-externo-mas-evitam-brasil.htm?cmpid=copiaecola

A criação de um produto/serviço, permite maior competitividade se a startup tiver a ousadia, desde o início de sua concepção, de pensar globalmente. Essa iniciativa faz com que o negócio caminhe para lugares onde seus concorrentes muitas vezes não estão e isso é, sem dúvida,  uma grande vantagem. Essa vantagem, alinhada à uma estratégia comercial de crescimento, pode acelerar o resultado das vendas.

Mas os criadores de produtos/serviços acreditam piamente que estão trazendo algo que vai resolver algum problema e/ou um benefício inédito aos seus clientes. Será? Há um ponto aqui para provocar a reflexão, da importância sobre conceitos de marketing para o lançamento de produtos.

Normalmente, as startups desprendem uma enorme energia na gestão interna que é, sem dúvida, muito relevante, além do operacional na produção de seus produtos/serviços. É inquestionável a importância de uma excelente administração, mas muitas startups se perdem pela carência do planejamento de marketing em conjunto com a área comercial.

Para grandes empresas, o conceito de marketing na forma mais ampla, já faz parte do DNA delas e pode nem ser conhecido pelas empresas iniciantes. Segundo a Definição AMA´s (American Marketing Assossiation):

“Marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para clientes, clientes, parceiros e a sociedade em geral. (Aprovado em 2017)”

É claro que da teoria para a prática sempre há uma diferença. O que se vê ainda são lançamentos de produtos/serviços de forma muito incipiente, e operações de vendas demasiadamente singelas. O mercado é implacável e normalmente decreta o falecimento do negócio de forma rápida, ou seja, sem atratividade em resultados concretos das vendas, a probabilidade de investimentos será muito pequena.

Sim, existem formas variadas de suplantar isto, como ter consultorias associadas com experts multissetoriais. As técnicas de metodologias ágeis também têm ajudado a ajustar rapidamente o que se lança, além de outras formas. Estar atento e cuidadoso em como implantar uma estrutura de vendas e sua abordagem aos clientes, têm ajudado muito “startapeiros”. O que não se pode admitir é que será fácil vender porque o produto é “excepcional”.

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