Muito se ouve sobre as empresas e suas definições de visão, missão e valores. Também se vêem várias definições de princípios e propósitos de toda forma. Definições essas que norteiam, ou deveriam nortear, a própria gestão empresarial nas respectivas empresas.
Essas definições têm evoluído muito em si mesmas e no contexto das empresas. As empresas crescem e o meio em que atuam muda, e então elas buscam atualizar suas definições junto àquilo que acreditam ser a melhor representação da sua realidade presente.
Para isso precisamos sempre reconfirmar o que entendemos por visão, missão e valores, e sabermos como colocar todas essas definições [propostas] em prática. Encontrar um modo de assegurar que estamos atuando alinhados àquilo que nos propusemos. Esse é um processo contínuo e que depende de alguns fundamentos [alertas] a serem observados diariamente.
Gosto de definir de forma sucinta e precisa o que compõe visão, missão e valores. Visão é aquilo que nos propusemos alcançar; missão é a própria busca da concretização dessa visão; e valores são os balizadores do modo como vamos executar a missão e atingir nossa visão.
Visão: para melhor entendermos a visão, podemos nos valer do mote que Martin Luther King cunhou em seu discurso célebre: ”Eu tenho um sonho que um dia …”. Como esta frase, King desenvolveu toda a sua visão de esperança na igualdade entre todas as raças nos Estados Unidos, assim como tudo aquilo que ele almejou.
Missão: é a busca diária da concretização da nossa visão. A própria definição de missão nos ajuda a entendê-la. Missão é um encargo, uma incumbência, uma responsabilidade que recebemos de executar algo, e neste caso, dar vida a algo, ao sonho, à visão que nos propusemos desde o início.
Valores: por sua própria definição são conceitos balizadores que estabelecemos para nortear nossa forma de agir, impondo parâmetros sob os quais devemos agir. Parâmetros esses que devem ser seguidos na execução de nossa missão em busca da nossa visão.
E para buscarmos, alcançarmos e sustentarmos esses propósitos certamente precisaremos ter claro e bem definido nossos objetivos estratégicos empresariais. Um bom exemplo de objetivo a ser perseguido definido por Michael E. Gerber, é o de que uma empresa deve … “se manter sustentável sob todas as condições econômicas e em todos os mercados”. Um objetivo bem difícil de se alcançar nestes últimos anos! E os princípios [fundamentos estratégicos] para sustentar a busca desse objetivo, são identificados como sendo:
1 – Escolher o mais comum. Criar e vender aqueles produtos que jamais sairão de moda. Mas a moda é imprevisível e muda da noite para o dia, a moda é caprichosa. As grandes empresas não são imprevisíveis nem caprichosas. Elas têm fundamentos e só fazem o que manda a tradição, e fazem isso procurando uma maneira melhor de fazer o básico, o mais comum.
2 – Melhorar sempre. As empresas morrem, principalmente, por permanecerem estáticas. A tradição não é estática, ela é regular e contínua. As grandes empresas estão sempre recriando o passado. Essas empresas demonstram o compromisso de fazer as coisas elementares, essenciais, melhor do que ninguém. E é bom lembrarmos que a atividade empresarial é sempre uma questão de resultados melhores para os clientes.
3 – Ouvir o cliente. Todos dizem isso, mas poucos o fazem. Observá-lo, ouvir o que ele diz, ver o que ele faz. Compreender a sensação de ser ele. Saber o que ele pensa a seu próprio respeito. Conhecê-lo melhor do que a nós mesmos.
4 – Responder ao que vemos, ouvimos e sentimos. O simples fato de ouvirmos será um desperdício se não transformarmos as respostas dos clientes em ações concretas dentro da nossa empresa. Deve haver um mecanismo para que isso ocorra, para que uma empresa faça o que as outras não têm a menor ideia de que precisa ser feito.
5 – Estabelecer os mais altos padrões. Quando falamos de padrões mais altos, não significa que bastam padrões melhores. Significa que os padrões da nossa empresa devem ser o referencial para as demais empresas, que vislumbram imitar nossa empresa.
6 – Escrever uma história bem-elaborada. A história da nossa empresa deve ser profundamente percebida, sentida e contada com vigor e firmeza. Uma história que é o produto [resultado da vida] da empresa. Por mais comuns que se pareçam, essas histórias produzem lendas. E essa empresa pode se tornar uma lenda.
7 – Viver uma história. A história que contamos não dará em nada se não for vivida na sua plenitude. Ela deve ser vivida por nossa empresa, por nosso pessoal, por cada um de nós.
E ainda, somente há sentido nisso tudo se esses fundamentos estratégicos de gestão empresarial estiverem plenamente alinhados com nossos próprios propósitos de vida, qualquer que seja o papel que tenhamos na empresa em que atuamos.
Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em março de 2016 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, Diretor Regional na Anefac Campinas, e conselheiro independente.